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Co-produção nipo-canadense-brasileira, o longa só vai estrear mundialmente a partir de setembro. No elenco multiétinico (ou “globalizado”, se preferir) estão Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover, Alice Braga, Gael García Bernal e Sandra Oh. Nos países de língua portuguesa o filme terá o mesmo nome do romance, deferimento do Saramago.
Voltando ao Cannes, "Blindness" dividiu crítica e público: foi recebido com frieza por um e com aplausos de cinco minutos por outro. "Não vai obter fãs, mas muitos admiradores entrincheirados", profetizou a revista Time; já o jornal Le Monde o denominou um “thriller filosófico”.
Na rede, além do site oficial, o filme tem um blog chamado "Diário de Blindness", escrito pelo próprio Meirelles, onde acompanhamos desde o primeiro “não” de Saramago, passando pelo encontro do autor português com o diretor em Lisboa, as filmagens (no Canadá, Uruguai e Brasil), as diversas montagens e todas as nuances que um sett pode ter. Bem interessante ver esses “extras”, como um bônus de DVD que ainda será lançado.
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Saramago faz uma grande metáfora da civilização desmoronada, das facetas da natureza humana, da degradação do sistema em si e da cegueira moral da sociedade (na epígrafe do livro: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”). Não batiza os personagens e nem a metrópole que acontece a tragédia, refletindo seus ideais comunistas. "Ensaio sobre a cegueira", o filme, além de passar a atmosfera angustiante, física e apocalíptica da literatura, terá que traduzir também toda a complexidade política, antropológica, psicológia e social. Tarefa bem difícil, como outros vários exemplos de adaptações já provaram...
Se o livro merece ser lido (e relido)? Que pergunta! Lógico! Se valer a pena assistir à adaptação em setembro? Por que não? É uma outra visão da obra! Agora, se o filme vai estar à altura da prosa de Saramago? Ai, veremos...