AAUalg-CCF: Mentes Perigosas. IPJ, 6ªf 11, 21h30, entrada livre. Com um belo começo!

REQUIEM FOR A DREAM, Darren Aronofski, EUA, 2000, 102'
Bar aberto. Todos os filmes antecedidos por apresentação e seguidos de debate.

"Requiem for a Dream" foi um dos grandes filmes de 2001 esquecidos pelo grande ecrã português. Custa a crer que este filme tenha sido ignorado em Portugal, tendo passado directamente para o circuito de vídeo. Marcou inclusivamente presença nos Óscares de 2001, com a nomeação de Ellen Burstyn (pela sexta vez) na categoria de melhor actriz principal, pela sua interpretação do papel de Sara Goldfarb. Sara é uma mulher viúva, solitária, cuja relação mais próxima é com a sua televisão e com os mais bizarros programas televisivos. Mas Sara é apenas uma das viciadas. Todos as personagens que interessam em "Requiem for a Dream" são viciados em qualquer coisa - chocolate, televisão, comprimidos de dieta, heroína - e consumidos pelo vício. O realizador Darren Aronofsky parece ser viciado em imagens. São imagens fortes, de obsessão auto-destrutiva, com personagens como Sara, o filho Harry (Jared Leto), a sua namorada Marion Silver (Jennifer Connely) e o "dealer" do filho Tyrone C. Love (Marlon Wayans) a iludirem-se constantemente e a degradarem-se. Um filme com uma visão desesperante, a não perder.
Público

"A Vida Não É Um Sonho” é uma história moderna, vivida nas ruas de Brooklyn, onde se cruzam vivências paralelas de quatro pessoas que decidem procurar uma vida melhor. Por um lado existe Sara (Ellen Burstyn), uma solitária que redescobre o prazer da vida com a possibilidade de aparecer na televisão. Por outro, temos o seu filho Harry (Jared Leto), a sua namorada Marion (Jennifer Conelly) e o seu melhor amigo Tyrone (Marlon Wayans) que querem montar um negócio para viciados de venda de drogas leves porta a porta. Mas rapidamente todos descobrem que será difícil atingir as suas aspirações... recusando-se, no entanto, a desistir mesmo quando o destino lhes prega partidas ainda mais sérias.

Bem, o que dizer? “Requiem for a Dream” deve ser dos filmes mais pertubadores sobre o mundo dos “junkies”, ou seja, dos viciados (seja em heroína ou pura e simplesmente em comprimidos medicinais) já feitos. Darren Aronofsky realiza, assim, uma obra completamente soberba e dependente do seu grafismo e banda sonora. Cada imagem e cada som é exemplarmente bem tratado e transformado num momento de beleza indiscutível. Em termos técnicos, nada falha a este filme.

Sem moralismos, “Requiem for a Dream” pura e simplesmente mostra o percurso triste, mas real, de várias personagens ligadas, de um modo ou de outro, a um vicío, de uma forma muitas vezes chocante e até mesmo sádica, que nos provoca um nó na garganta. Cada personagem acarreta uma mensagem consigo, mensagem essa que variará consoante os nossos sentidos e vivências. “A Vida Não É Um Sonho” deixa, de uma forma despreocupada, o espectador navegar e simplesmente tomar conhecimento de factos reais, em que à medida que o vício vai ganhando força, o descalabro emocional e fisíco aumenta em cada uma das personagens.

Mas, como disse anteriormente, o maior trunfo deste filme é a sua realização e montagem. Aronofsky permite ao espectador ficar desconfortável com as sensações, sentimentos e angústias vividas por cada uma das personagens. É esse o seu maior trunfo, levar-nos ao limite.

Um filme extremamente sensorial, obrigatório para qualquer amante da vida humana. Porque a excelência não é um acto mas sim um hábito.

Miguel Reis

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