Ciclo OLHARES FORASTEIROS - O Algarve num certo cinema
Museu Municipal (Sala audiovisual da Exposição Algarve Excêntrico, Utópico e Visionário, no r/c), 21h30, entrada livre
3ªf, Dia 12
NAS CORRENTES DE LUZ DA RIA FORMOSA
Jon Jost
EUA, 1999, 104'
(filme igualmente em exibição, no mesmo local, entre 13 e 31 Outubro, em sistema de sessões contínuas entre as 10 e as 16h, entrada livre)
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A purely visual documentary of a small beach and fishing village on the coast of Portugal's Algarve.
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site do realizador. aconselhamos! afinal, trata-se de um dos mais importantes documentaristas e artistas da actualidade!
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DECLARAÇÕES DO REALIZADOR
Nas Correntes de Luz da Ria Formosa (In the Rays of Light of Ria Formosa) is a kind of documentary shot over a period of 3 months in summer of 1997 and then edited over the next 2 and a half years. It utilizes the aesthetic nature of DV, and in this case of the particular quality of a specific DV camera, the SONY DX700, a camera which was withdrawn from the market quickly owing to apparent complaints about its focusing system. LUZ willfully uses this “problem” as the basis of its aesthetic: it is all a little to very much out of focus, which with this camera also produces a kind of aura or bloom in areas with brighter light. I liked this quality very much and shot about 12 hours of material in the small town of Cabanas, Portugal, and a bit in nearby Tavira. The work is a spiritual portrait of a place and time. It is, as is Cabanas, willfully slow, meditative, passive. It has no evident narrative, though I hope I was able in my editing and other choices to impart a kind of slowly developing momentum which functions vaguely like a narrative, or like the melodic line in a piece of music. Finally LUZ is about light, and philosophically about life, and our place on this planet, and its place in the universe.
Nas Correntes de Luz Ria Formosa is a tour de force in which Jost employs a defective camera for a sublimely distracted variation on the city symphony film. The defective camera yields a range of out-of-focus images which emerge in the film as semi-abstract landscapes with blurred lines and edges. The images look more like paintings than photos, although movement, sound, a sense of off-screen space, and the sensation of stray, suspended moments in time contribute to a multi-dimensional effect that seems to transcend both painting and photography. Human figures pass through some of the images, but they play only transient and marginal roles in the overall narrative. The scenes and shots are evocative of city life, but with soft outlines that suggest settings of an entirely different sort. The implied author of these images seems caught up in a distracted gaze, one that is both averted and diverted – turning away from both the familiar and the dramatic, and finding a curious kind of peace in a sort of domesticated strangeness.
Peter Hogue (totalidade do artigo, com análise da filmografia do realizador)
1997-1999 Digital Video Color Sound 112 minutes
Camera, edit, and concept : Jon Jost
Music: Carlos Paredes, guitar, very much altered on computer.
Shown at Rotterdam 1999, Festival dei Popoli, Florence
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História do filme, pelo próprio:
«Querida Clarinha,
(...) Nós ficámos o Inverno em Londres, e no fim da Primavera fomos um mês para a Escócia onde efectuei pesquisa sobre um filme e fui convidado a fazer uma exposição de arte na Alemanha, a Dokumenta. Nesse Verão em 1995, regressei a Portugal, passando um mês ou mais em Cabanas, mudando-me depois para Lisboa, onde a tua mãe continuou a trabalhar no argumento do seu filme. Honestamente não me lembro bem da ordem das coisas nesta altura, mas creio que a tua mãe e eu ficámos um mês em 1996 em Cabanas onde filmei o meu primeiro filme em DV, Nas Correntes de Luz da Ria Formosa, e nesta altura a tua mãe ficou grávida de ti. Lembro-me de comprar um teste de gravidez para ela verificar, e de ver a pequena faixa de papel vermelha transformar-se em azul. E lembro-me de nós os dois em conjunto gritarmos: yes! Mudou as nossas vidas, e acrescentou a tua. Mudámo-nos então para Lisboa, para morar num sitio encantador em Alfama, com um largo pátio onde eu pintava e Teresa trabalhava ainda em Os Mutantes [sim: Teresa Villaverde]. Passei muitas horas a passear e filmar na área enquanto aguardava a tua chegada. Só agora, este ano, edito o material que filmei nesse ano, um retrato de um pequena parcela de Lisboa, no ano do teu nascimento. Espero terminar no fim deste ano esse trabalho, em conjunto com outro, Piccolli Miracoli, sobre ti e mim, a tua vinda a este mundo e os outros 3 anos e meio que estivemos juntos. Espero de facto terminá-lo neste ano. (...)
Amo-te
O teu pai, Jon»
(na íntegra aqui)
(jon jost tem, assim, um blog dedicado à filha: páginas para clara - letters to my daughter)
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