ESTÓRIA DO GATO E DA LUA
Pedro Serrazina, Portugal, 1995, 5’
Um poema. Uma estória
feita de silêncio e de cumplicidade. Luz e sombra, o apelo da noite, a lua como
paixão… Esta é a estória de quem tentou tornar o sonho realidade, a estória do
gato e da lua.
O CONTO DA PRINCESA KAGUYA
Isao Takahata, Japão,
2013, 137’, M/6
PRÉMIOS
Grande Prémio Monstra 2015
Oscares:
Nomeado para o Melhor filme de Animação
FICHA TÉCNICA
Título
Original: Kaguyahime
no Monogatari
Realização: Isao
Takahata
Argumento: Isao
Takahata, Riko Sakaguchi
Música: Joe Hisaishi
Vozes: Aki Asakura, Kengo Kora, Takeo Chii, Nobuko Miyamoto
Origem:
Japão
Ano: 2013
Duração:
137’
CRÍTICAS
Depois de Miyazaki, um novo exemplo máximo do artesanato zen da animação japonesa, numa belíssima e arrebatadora miniatura sobre o que nos faz humanos.
Se Hayao Miyazaki continua a ser visto internacionalmente como o “mestre” da animação japonesa contemporânea, o seu cúmplice (e associado no Studio Ghibli) Isao Takahata tem sido injustamente relegado para um “segundo plano” que em nada lhe fica atrás.

É, apenas, um enorme, grandíssimo filme que deveríamos saber receber com o respeito que merece.
Jorge Mourinha, publico.pt
Chega às salas de cinema portuguesas uma das obras de
animação mais encantadoras e impactantes deste ano. O último filme de Isao Takahata, O Conto da Princesa Kaguya, esmaga-nos
com a sua imensa beleza e peculiaridade e é já uma película mandatória
para todos os amantes de cinema.
Encontrada dentro de uma cana de bambu brilhante, uma
pequena bebé prometida a ser princesa mas que é criada por um velho cortador de
bambu e a sua mulher numa vida modesta e humilde. Do campo à grande cidade, ela
encanta todos os que consigo se cruzam, incluindo cinco pretendentes nobres a
quem Kaguya pede
missões aparentemente impossíveis, para tentar evitar o casamento com um
estranho que não ama. Além dos cinco pretendentes, a jovem chama a atenção do
próprio príncipe herdeiro… mas qual será mesmo o destino da Princesa
Kaguya?
Numa época de dificuldades para os Estúdios
Ghibli, casa fulcral da história da animação japonesa,Takahata, seu
co-fundador, estreia a sua última obra. O realizador do Túmulo dos
Pirilampos
anunciou, depois da retirada de Hayao Miyazaki, que
também não realizaria nem produziria mais longas-metragens. O Conto da
Princesa Kaguya assume-se
assim como um emocionante e emocionado adeus ao trabalho de um dos maiores
génios do desenho e do cinema japonês. O seu tom nostálgico, melancólico e até
fatídico pintam o cenário idílico desta despedida ternurenta e amargurada.

É esta comunhão que torna este filme tão especial e
único. É a sua harmonia estética e narrativa que faz com que o espectador fique
tão embrenhado na história da princesa. A banda-sonora vem também ajudar a
criar toda uma atmosfera trágica ao conto de Kaguya e tudo se torna numa incrível reflexão
sobre a efemeridade da vida, sobre a escassez do momento e o inevitável e
trágico fim de tudo. Kaguya, a personagem, é
uma metáfora lindíssima de variadas coisas. Ela é a carreira de Takahata, ela
é a sua vida, ela é o seu amor, ela é as suas frustrações e inseguranças. Mas
acima de tudo, Kaguya é uma metáfora para todos nós, ela
representa a vida no seu sentido mais lato, representa as nossas aventuras e
desventuras, amores e desamores, seguranças e inseguranças, felicidades e
infelicidades que vivemos durante este caminho a que chamamos de vida.
O argumento e a linha da narrativa abrem assim todas
estas portas aos espectadores para que os mesmos façam um exercício de reflexão
e se unam numa quase sessão de meditação. É este aspecto metafórico e alegórico
da jornada de Kaguya pelo planeta terra que nos maravilha
quando saímos da sala, um maravilhamento que nos acompanhará por muitos e bons
anos, tornando esta obra um possível clássico instantâneo da obra de Takahata. É durante o seu início ambíguo,
o desenrolar atípico e o clímax emocional que O Conto da Princesa Kaguya vai construindo esta ponte que
une a história e o interior das emoções do espectador. Rematando, pois, num
brilhante e extraordinário final que vai dar a resposta a todo o filme, um
final carregado de emotividade e um magnífico olhar sobre as despedidas, os
desligamentos e os pontos finais.

Em suma, O Conto da Princesa Kaguya é das mais bonitas e sinceras
cartas de amor escritas ao cinema e à vida. É uma homenagem ao encanto do nosso
planeta e à nossa existência enquanto espécie. É uma reflexão também ela
amargurada e nostálgica sobre a inevitabilidade do fim, tudo acaba e nada é
eterno. Este é um dos melhores filmes do ano e das melhores animações da
década, o último filme de Isao Takahata só nos confirma as saudades que vamos
todos ter se osEstúdios
Ghibli findarem.
Ricardo Rodrigues, espalhafactos.com/
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