Ontem, no Jornal da 2:, a evocação de Antonioni (creio que escrita e lida por Rui Lagartinho, mas a minha memória é traiçoeira) foi ilustrada por imagens de três filmes: enquanto falava sobre L'Avventura, lá se via a Monica Vitti; Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni conversavam sob as palavras do locutor acerca de La Notte. Mas, ao dizer Blow-Up, o écran mostrou a explosão silenciosa do final de Zabriskie Point e, sobre este, nem uma palavra; à explosão seguiu-se um bocadinho da sequência da partida de ténis, essa sim, do Blow-Up. Fiquei sem saber se o locutor saberia que o que blows up na cena mostrada não é do filme com explosão no título. Mas fiquei com a certeza de que quem não conhecesse a obra de Antonioni e visse aquele "apontamento de reportagem" ficaria a pensar que a casa a explodir é de um filme chamado Blow-Up. E isso não está muito bem. Vão lá ver o finalzinho do filme, para acabar com as dúvidas (e limpar olhos e ouvidos, se bem que para tal terão de fingir que não está lá o "So Young" de Roy Orbison*).
*Ao que parece, terá sido a produtora que incluiu o tema, à revelia do realizador, já depois de Antonioni ter entregue o filme termindao: "I didn't know anything about that song," says [Harrison] Hall, "until I went to one of the first actual public showings of the film, at a theater in Westwood in Los Angeles. At the end of the movie, we had the explosion music, which I thought was quite effective. Then, all of a sudden, there was a freeze frame - I went 'What the Hell?' - and this droning sound [began coming out] of the speakers. I love Roy Orbison. But my God, it's a horrible song." (Daqui.)
(Zabriskie Point)
2 comentários:
Bem apanhado, Ana. Mas deixa, até o joão lopes se queixou de algo semelhante quando, a propósito desta mesma notícia, referiram antonini como autor ligado ao neo-realismo... haja paciência para com a santa ignorância de muitos que se dizem jornalistas...
*antonioni
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