o 1º da trilogia de Semih Kaplanoglu: OVO, na sede, 4ªf, 21h30.

A entrada é livre, o chazinho/cafezinho+bolinho é a 50 cêntimos :-)

LEGENDAS EM PORTUGUÊS. Lotação 25 lugares.

Em Egg (Ovo), o poeta Yusuf volta para a sua cidade natal, onde não aparecia já a alguns anos, desde a morte de sua mãe. Yusuf depara-se com uma casa abandonada e quase totalmente destruída. As lembranças do passado, a culpa e o remorso tomam conta daquele homem. Mas ele encontra conforto e alívio com a presença de Ayla, uma jovem rapariga que o espera no local para lhe dar assistência. Em 2007, o realizador turco Semih Kaplanoglu lançou "Egg" (ovo), primeiro filme de uma trilogia baseada no personagem Yusuf. Mas diferente do convencional em projetos similares, a história de Yusuf foi contada de forma invertida. Na trilogia, vista como um todo, cerca de um terço das acções tem fundo autobiográfico, segundo Kaplanoglu, que só começou a filmar depois de terminar os três argumentos. A trilogia seria sucedida por Süt (Leite, 2008) e Bal (Mel), tendo este último ganho o Festival de Berlim este ano.

A trilogia do diretor Semih Kaplanoglu chega ao fim, se o leitor optar pelo processo inverso. É de trás para frente. Este filme de 2007, realizado como primeiro, na verdade é o último. É a fase adulta. Apresentando seu personagem principal com sofrimento resignado, tendo que retornar à família por causa da morte de sua mãe. A forma como Semih objetivou mostrar seu trabalho, demonstra uma curiosidade instigante.

O poeta Yusuf volta para sua cidade natal, onde não aparecia havia anos, desde a morte de sua mãe. Yusuf se depara com uma casa abandonada e quase totalmente destruída. As lembranças do passado, a culpa e o remorso tomam conta daquele homem. Mas ele encontra conforto e alívio com a presença de Ayla, uma jovem garota que o espera no local para dar assistência.
A narrativa é lenta. Em cenários contemplativos, espera-se por algo ou alguém aparecer. Vem do longe ao próximo, com quase closes de seus personagens, que possuem tempo sem correr com suas ações. Não há música, e sim ruídos. A personagem não cabe na tela, utilizando a metalinguagem para não aprisioná-la. A camera anda e procura. Há interação e substituição. Quem está do outro lado do cinema é cúmplice e observador. Os enquadramentos utilizam o foco como a simetria da cena.

Yusuf trabalha em uma loja de livros usados (sebo). Outra vez a imagem ultrapassa a tela. É a mensagem do desespero. Como se o personagem precisasse da camera para expurgar suas catarses. De novo os ruídos são inferidos, não se mostram. Essas características apresentam-se recorrentes. Utilizar elementos físicos, como um toca discos, os humanizando. O espectador é capturado e embarca, sem volta, na trama, simples. São poucos diálogos. Só os necessários. Objetiva-se o aprofundamento, retratando a espera.

Há o contraste quando prende mostrando planos longos. Em ações triviais, como fazer a barba, ele revive o seu passado. E aprende que sua mãe classificava os seus parentes em plantas. "Ainda vejo ele nos meus sonhos", diz-se. Resgata-se a tradição e o costume perdido. É uma viagem de retorno. Realizar as promessas da mãe (explicadas nos filmes posteriores ou anteriores). "Eu não acredito nesse tipo de coisa", diz, cético, mas se rende.

Entre ovos, metáfora a família, e chá, de boas vindas, motos e banho turco, sonhos de prisão em poços, ele omite o sofrimento, tendo como aliado os detalhes subjetivos abordados pelo roteiro do longa. Aos poucos, a história é explicada. Yusuf, um escritor de poesias, prêmio por "O poço" e lê um livro chamado "Bal" (que quer dizer mel, nome do filme "Um doce olhar" (início das três partes).

O diretor domina a linguagem cinematográfica. Transporta quem está assistindo para um mundo lento e introspectivo. A fotografia acrescenta a qualidade. A cena da vela é extremamente bem feita. Há ingenuidade e pureza nas ações. Como na vingança infantil. O road movie começa, quando re visita parentes e realiza os últimos desejos de sua mãe. Há referências aos outros filmes (como disse). Perceba as cores vivas, que criam o contraste com a falta de vida de seus personagens, mostrando um fiapo de esperança da felicidade.

Vale muito a pena ser visto. A narrativa direciona o espectador a um mundo interno, que a remissão da culpa e do remorso pela opção egoísta que ele escolheu. Quando abandonou tudo para vivenciar os próprios sonhos, ele esqueceu quem era. Retornar aos fantasmas é necessário e libertador. Recomendo.

in vertentes do cinema


PRÉMIOS
Melhor filme, Antalya Golden Orange Film Festival
Melhor direção de arte, Antalya Golden Orange Film Festival
Melhor fotografia, Antalya Golden Orange Film Festival
Melhor roteiro, Antalya Golden Orange Film Festival
Melhor filme, Istanbul International Film Festival
Melhor atriz, Sarajevo Film Festival.


Título Original: Yumurta
Realização: Semih Kaplanoglu
Argumento: Semih Kaplanoglu, Orçun Köksal
Fotografia: Özgür Eken
Montagem: Ayhan Ergürsel, Suzan Hande Güneri e Semih Kaplanoglu
Interpretação : Nejat Isler (Yusuf), Saadet Işıl Aksoy (Ayla), Ufuk Bayraktar (Haluk), Tülin Özen (Sahaftaki Kadin), Gülçin Santýrcýoðlu (Gül), Kaan Karabacak (Çapaci Çocuk)
Origem: Turquia
Ano: 2007
Duração: 97’
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