E Agora, Onde Vamos?
Título original: Et Maintenant, On Va Où?
Realização: Nadine Labaki
Interpretação: Claude Baz Moussawbaa, Leyla Hakim, Nadine Labaki
Realização: Nadine Labaki
Interpretação: Claude Baz Moussawbaa, Leyla Hakim, Nadine Labaki
Argumento:
Rodney Al Haddid, Thomas Bidegain, Jihad Hojeily, Nadine Labaki, Sam Mounier
Fotografia: Christophe Offenstein
Música: Khaled Mouzannar
Fotografia: Christophe Offenstein
Música: Khaled Mouzannar
Montagem:
Véronique Lange
Classificação: M/12
Outros dados: FRA/EGI/Líbano/ITA, 2011, Cores, 110 min.
Classificação: M/12
Outros dados: FRA/EGI/Líbano/ITA, 2011, Cores, 110 min.
SINOPSE
Numa aldeia remota do Líbano vive uma comunidade
dividida entre a religião cristã e islâmica. O lugar, rodeado por minas
terrestres, tem apenas uma velha ponte que o liga às outras comunidades da
zona. À medida que a guerra se agudiza no país, as mulheres da aldeia, fartas
de fazer o luto pelos seus maridos e filhos, decidem boicotar a informação que
lhes chega, destruindo o rádio e televisão comunitários. Porém, até então, e
apesar das divergências religiosas, os seus habitantes vivem pacificamente a
sua fé. Contudo, um evento vem contrariar aquela tranquilidade e os homens
começam a disputar direitos e deveres, criando uma divisão entre os dois grupos
religiosos num ambiente de tensão que cresce de dia para dia. É então que as
mulheres, habituadas a conduzir os seus homens de uma maneira peculiar, de
forma a desviar a sua atenção daqueles conflitos que ameaçam pôr em causa as
boas relações entre todos, decidem contratar um grupo de dançarinas ocidentais
e drogá-los com bolinhos de haxixe enquanto escondem todas as armas da
aldeia....
.
A
actriz e realizadora libanesa Nadine Labaki que aos 29 anos se estreou na
longa-metragem com a multipremiada comédia dramática romântica CARAMEL, filme que
apenas em San Sebastián foi distinguido com o Prémio do Público, o Sebastian e
o do Júri da Juventude, regressa quatro anos depois, com esta comédia
dramática, centrada na vontade expressa pelas mulheres do seu país numa vida de
paz entre cristãos e muçulmanos.
Se
no primeiro, centrou a narrativa no quotidiano de cinco libanesas vivendo em
Beirute, escolheu agora uma aldeia do seu país como cenário para este delicioso
poema em que desempenha o papel de Amale, uma das mulheres envolvidas na luta
pela paz.
Falada
em árabe, russo e inglês, esta co-produção na cada dos 5 milhões de euros foi
assegurada pela França, o Líbano, o Egipto e a Itália, e nela figuram nomes
como a francesa Anne-Dominique Toussaint,
o tunisino Tarak Ben Ammar e a própria Nadine
Labaki.
Abrindo
com imagens da aldeia perdida no deserto sob a narração duma mulher, para
passar a um grupo de libanesas cantando e de imediato disparar numa sucessão de
pequenos e grandes dramas, ao longo de cerca de uma hora e quarenta, assiste-se
ao quotidiano destes libaneses rurais que apenas aspiram à paz e ao
entendimento entre todos, para que os seus filhos cresçam saudáveis e felizes,
sem sofrerem a imposição da guerra.
Como
quase todos os filmes que nos chegam do médio oriente, este á duma beleza
plástica impressionante, tanto pelo retrato vivo da terra, quanto pela
restituição da alma dum povo mal-amado.
O
cuidado posto em mais esta pérola que nos chega daquelas paragens e que por
vezes nos remete para o bósnio Emir Kusturica, para o
curdo iraniano Bahman Ghobadi ou para o argelino Tony
Gatlif, tanto pelo apurado sentido de humor, quanto pela
constante presença da música, pode ser fruto do cinema ser aqui “tirado a
ferros”, mas é seguramente resultado dum à vontade com o som da vida e com a
imagem em movimento, capaz de nos transportar para terras distantes e povos
surreais na alegria de viver.
Desde
a chegada do primeiro televisor, acompanhado da parabólica que os ligará ao
mundo, até um milagre fracassado e outro bem sucedido, música e dança em
fartura, discussões q.b. e belas mulheres, chegadas de fora com um propósito
que irão dar nova cor às suas vidas, E AGORA, ONDE VAMOS?,
de Nadine Labaki, merece
a atenção de qualquer espectador disposto a descobrir que há mais e melhor do
que o formatado cinema norte-americano para nos divertir, enriquecendo-nos o
espírito.
Um
filme que deve ser visto até às últimas imagens, uma derradeira lição de
tolerância e onde se entende a razão de ser do título, imediatamente antes da
dedicatória de Nadine “à
nos mères…”, com a sua rúbrica em árabe.
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