Fábrica da Cerveja, 22h, sócios 1€, não-sócios 3,5€.
Um Lugar para Viver cumpre os objectivos a que se propõe: um inteligente exercício sobre as angústias quotidianas, encenado com rigor e com aquela precisão quase de marcação teatral, que constitui a grande imagem de marca do realizador. Oscilando entre um tom dramático e uma componente de alívio cómico, em doses equilibradas, o filme constrói personagens complexas (excelente direcção de actores) e resiste às facilidades de um registo patético, em que poderia cair, ao optar pelas aventuras e desventuras de um casal à procura de um ideal "lugar ao sol". Falta talvez o cinismo lúcido de "Beleza Americana", mas sobra a capacidade de narrar as pequenas surpresas de um microcosmos de reconhecível verosimilhança.
Um Lugar para Viver cumpre os objectivos a que se propõe: um inteligente exercício sobre as angústias quotidianas, encenado com rigor e com aquela precisão quase de marcação teatral, que constitui a grande imagem de marca do realizador. Oscilando entre um tom dramático e uma componente de alívio cómico, em doses equilibradas, o filme constrói personagens complexas (excelente direcção de actores) e resiste às facilidades de um registo patético, em que poderia cair, ao optar pelas aventuras e desventuras de um casal à procura de um ideal "lugar ao sol". Falta talvez o cinismo lúcido de "Beleza Americana", mas sobra a capacidade de narrar as pequenas surpresas de um microcosmos de reconhecível verosimilhança.
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Mário Jorge Torres, Público
O tema continua a ser a família, a paternidade e o mundo em volta. Só que em vez do deprimente 'off the road' de Revolutionary Road, em Um Lugar para Viver o casal parte vezes sem conta para descobrir o prazer de ficar.
Mário Jorge Torres, Público
O tema continua a ser a família, a paternidade e o mundo em volta. Só que em vez do deprimente 'off the road' de Revolutionary Road, em Um Lugar para Viver o casal parte vezes sem conta para descobrir o prazer de ficar.
E se em Revolutionary Road o casal tivesse partido para Paris, em vez de se deixar engolir por aquela sociedade claustrofóbica? Não se sabe ao certo o que aconteceria. Mas o filme seria outro. Ou não haveria filme nenhum. Ou então - quem sabe - tornar-se-ia em algo parecido com Um Lugar para Viver, o último filme de Sam Mendes, já após o divórcio de Kate Winslet. E às vezes são pormenores que distinguem os géneros. Em Revolutionary Road a sociedade parte-os ao não os deixar partir. Em Um Lugar para Viver a partida só serve para encontrar o mundo partido - ao contrário de Revolutionary Road, o mundo está feito em cacos, enquanto o casal se mantém indestrutível, unido perante a loucura do mundo; a viagem, a rigor, serve apenas para cumprir a máxima: "Às vezes é preciso dar uma grande volta para ficar no mesmo sítio". O primeiro é um off the road, o segundo um road to nowhere.
Tal como Beleza Americana, o filme começa com uma pouco usual cena de sexo. Também por aí se faz a diferença. A masturbação de Kevin Spacey Beleza Americana revela uma enorme solidão e um egoísmo elevado a consequências drásticas, o sexo oral praticado por Burt, em indicia um filme em espírito altruísta. É que este casal 'grávido' parte para o mundo de braços abertos, em busca porventura da felicidade que já está na sua posse. O mundo é que se revela insano e incurável de forma nada drástica. É por isso que este Sam Mendes, novamente com a família como tema, se enche, ao contrário de outros, de esperança e de optimismo: continua a não dar grande coisa pelo mundo e pela vida em sociedade, mas revela fé no indivíduo ou, se quisermos, no amor.
A dupla de actores, e em especial John Krasinsky, ajuda a criação de momentos de delírio cómico, num filme muito musical, que consegue o difícil equilíbrio se ser feliz e leve, sem ser piegas nem leviano.
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Manuel Halpern, Visão
Há um tom a roçar o burlesco no périplo de Burt e Verona em busca de um sítio propício para constituir família, ver os filhos crescer, trabalhar, envelhecer. E começam a ver onde moram os amigos e familiares perto dos quais gostariam de estar. Todavia, pouco a pouco, esse périplo torna-se um desfilar de angústias, e aquilo que parecia ser uma procura quase infantil torna-se progressivamente patético – quase, quase no limiar do desespero. Porém, o sorriso cúmplice do espectador nunca se apaga por inteiro, mercê de um equilíbrio de clima dramático que Sam Mendes consegue executar num difícil exercício. E se “Um Lugar Para Viver” não atinge os cumes de “Beleza Americana” ou de “Revolutionary Road”, não justificando, portanto, hossanas nas alturas, a verdade é que este filme consegue uma estratégia de nos conduzir, de surpresa em surpresa, pelas vielas das almas feridas com uma efectividade dramatúrgica que convém sublinhar.
Manuel Halpern, Visão
Há um tom a roçar o burlesco no périplo de Burt e Verona em busca de um sítio propício para constituir família, ver os filhos crescer, trabalhar, envelhecer. E começam a ver onde moram os amigos e familiares perto dos quais gostariam de estar. Todavia, pouco a pouco, esse périplo torna-se um desfilar de angústias, e aquilo que parecia ser uma procura quase infantil torna-se progressivamente patético – quase, quase no limiar do desespero. Porém, o sorriso cúmplice do espectador nunca se apaga por inteiro, mercê de um equilíbrio de clima dramático que Sam Mendes consegue executar num difícil exercício. E se “Um Lugar Para Viver” não atinge os cumes de “Beleza Americana” ou de “Revolutionary Road”, não justificando, portanto, hossanas nas alturas, a verdade é que este filme consegue uma estratégia de nos conduzir, de surpresa em surpresa, pelas vielas das almas feridas com uma efectividade dramatúrgica que convém sublinhar.
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Jorge Leitão Ramos, Expresso
Título Original: Away We Go
Realização: Sam Mendes
Argumento: Dave Eggers, Vendela Vida
Fotografia: Ellen Kuras
Montagem: Sarah Flack
Música: Alexi Murdoch
Interpretação: John Krasinski, Maya Rudolph, Carmen Ejogo, Catherine O'Hara,
Jeff Daniels, Allison Janney, Jim Gaffigan, Samantha PryorJorge Leitão Ramos, Expresso
Título Original: Away We Go
Realização: Sam Mendes
Argumento: Dave Eggers, Vendela Vida
Fotografia: Ellen Kuras
Montagem: Sarah Flack
Música: Alexi Murdoch
Interpretação: John Krasinski, Maya Rudolph, Carmen Ejogo, Catherine O'Hara,
Origem: EUA/Reino Unido
Ano de Estreia: 2009
Duração: 98’
EM COMPLEMENTO
UM DIA FRIO, Cláudia Varejão, Portugal, 2009, 27’
Um retrato de uma relação primeira, anterior ao mundo externo, a da família. Num Inverno em Lisboa, pai, mãe, filho e filha, traçam o percurso de um dia, a sós. Um filme que se desenvolve em torno de personagens cujo antagonista não é mais do que a própria vida, com nada (e tudo) de heróico.
Título Original: Um Dia Frio
Realização: Cláudia Varejão
Argumento: Cláudia Varejão, Graça Castanheira
Fotografia: Rui Xavier
Montagem: Cláudia Varejão, Pedro Marques
Interpretação: Adriano Luz, Ágata Pinho, Ana Rodrigues, Isabel Ruth, Maria d'Aires, Vicente Carneiro
Origem: Portugal
Ano de Estreia: 2009
Duração: 27’
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