ÀS 3ªF (TERÇAS) (TERÇAS-FEIRAS) NO IPJ - FEV-MAR - MARIAS CHEIAS DE GRAÇA

Sócios 2€, Estudantes 3,5€, Restantes 4€

FEVEREIRO

Dia 7
CRAZY HORSE
Frederick Wiseman

EUA, França, 2011, 134’, M/16

Criado por Alain Bernardin e inaugurado a 19 de Maio de 1951 na Avenida George V, em Paris, Crazy Horse tornou-se num dos mais emblemáticos cabarés de todo o mundo, onde o estereótipo da beleza feminina e o erotismo dão o mote a um espectáculo de striptease.
É neste cenário inspirador que o mais importante documentarista americano, Frederick Wiseman, regressa ao seu registo habitual, apresentando à sua própria assistência as hierarquias, a disciplina e o sacrifício que implicam uma encenação destas proporções.




Dia 14
UMA SEPARAÇÃO
Asghar Farhadi

Irão, 2011, 123’, M/12

Quinta longa-metragem do iraniano Asghar Farhadi, o filme foi o grande vencedor da 61.ª edição do Festival de Berlim, arrecadando o Urso de Ouro, bem como ganhou o Globo de Ouro e se perfila como o melhor candidato ao Óscar para Melhor Filme Estrangeiro. “A minha homenagem aos cineclubes, que pelo "resto" do país, vai divulgando como pode, estas cinematografias e este "Uma Separação" será mais um. Actores fabulosos que têm aqui a representação das suas vidas. "Uma Separação" é obrigatoriamente um filme a ver.” J. Vieira Pinto




Dia 28
EFEITOS SECUNDÁRIOS
Paulo Rebelo

Portugal, 2008, 97’, M/12

A estreia na longa-metragem de Paulo Rebelo, colaborador de João Pedro Rodrigues em “Odete” e “O Fantasma”, é um bom exemplo de um filme que sabe usar as mais-valias que tem para ultrapassar as suas fraquezas - no caso, um trio central de actores de luxo absoluto e uma encenação escorreita e cumpridora, mesmo que pouco inspirada. Mais inexplicável é o porquê deste filme estar na prateleira desde que foi completado em 2009, exibido apenas em alguns festivais para surgir agora numa estreia “de autor” quase confidencial - destino que, apesar das suas evidentes fragilidades (que não são apenas de primeiro filme) e devido ao capital de simpatia que gera, “Efeitos Secundários” não merecia.
Jorge Mourinha



MARÇO

Dia 6
OFFSIDE – FORA DE JOGO
Jafar Panahi

Irão, 2006, 93’, M/12

Estar fora de jogo é a opção de Jafar Panahi, em "Offside", uma das mais brilhantes e atuantes das suas obras, de 2006, que se estreia agora em
Portugal. Um filme de futebol em que nunca se vê uma bola. Porque muitas vezes o mais importante passa-se onde ninguém está a olhar. No Irão, como noutros países islâmicos, as mulheres estão impedidas de ir ao futebol. Não quer dizer que não vão. Dezenas de raparigas, disfarçadas de rapazes, tentam à viva força entrar no estádio para aplaudir a sua seleção. E os soldados esforçam-se para que isso não aconteça.
"Offside" é sobre as raparigas que são proibidas de assistir ao futebol. Claro que, desta forma criativa, o realizador coloca o foco sobre o próprio regime e sobre a condição feminina nas sociedades islâmicas. Tudo com uma ironia brutal. O filme, em estilo documental, tem um travo de comédia. É simpático e complacente até com os próprios soldados e está cheio de momentos de humor que mostram os aspetos caricatos do próprio regime. E é mesmo ao regime que
se aponta o dedo, apesar de nenhum dado palpável o poder demonstrar. O que Jafar Panahi não esperava é que, deste feita, em vez do futebol, fosse o seu cinema que ficasse fora-de-jogo (foi por causa deste filme que o regime o prendeu e proibiu de filmar durante 20 anos). Um filme que revela a coragem de um homem livre, inspirado num evento real que aconteceu com a filha do próprio realizador, e o vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim de 2006.




Dia 13
APOLLONIDE - MEMÓRIAS DE UM BORDEL
Bertrand Bonello

França, 2011, 122’. M/16

Não era preciso chegarmos, já perto do fim de “Apollonide”, ao momento em que as prostitutas de um bordel parisiense de 1900 dançam ao som dos Moody Blues para perceber que o filme de Bertrand Bonello não quer ser um objecto realista. Esta reinvenção do quotidiano de um bordel de luxo na transição do século XIX para o XX como um espaço onde a submissão sexual é a chave da liberdade feminina numa sociedade patriarcal onde as mulheres (e por arrasto as prostitutas) são seres de segunda classe é uma espécie de “féerie” luxuriantemente decadente, de uma sublime e requintada elegância, como só o cinema é capaz de criar. O Apollonide de Bonello não é um bordel do corpo tanto como um bordel da alma, onde o sexo é simultaneamente salvação e perdição; é um filme deslumbrantemente esquivo e sedutor, espécie de equivalente fílmico das alucinações geradas pelo absinto.
Jorge Mourinha




Dia 19 (2ªf)
AMÉRICA
João Nuno Pinto
Portugal/Rússia/Brasil/Espanha, 2010, 111’, M/16

Presença de Luísa Costa Gomes, escritora e argumentista

Vítor (Fernando Luís) é um conhecido charlatão, especialista em enganar velhinhas, que envereda por um esquema novo: falsificação de documentos. Liza (Chulpan Khamatova), a sua jovem mulher, é uma imigrante russa que, desde o dia em que casou com ele, se vê sempre metida em sarilhos. Com esta nova ocupação, a vida - e a casa - de Vítor torna-se num ponto de encontro de ex-mulheres, vigaristas e imigrantes ilegais de todas as origens e nações. E é assim que Liza conhece Andrei (Mikhail Evlanov), um emigrante ucraniano por quem se apaixona e com quem tenciona fugir. Mas parece que a propensão de Liza para arranjar problemas só tem tendência a piorar: é que Andrei é procurado pela máfia do Leste europeu, que o tenciona ver morto... Uma comédia em estilo burlesco, realizada por João Nuno Pinto, com a participação do humorista Raúl Solnado, argumento e diálogos de Luísa Costa Gomes.




Dia 27
ATTENBERG
Athina Rachel Tsangari

Grécia, 2010, Cores, 96’, M/16

“Attenberg”, segunda longa de Athina Rachel Tsangari, caiu de pára-quedas em Veneza 2010 e desde então tem vindo a fazer uma carreira internacional que tem dividido a crítica entre a rendição e a rejeição, e faz sentido que assim seja. A realizadora, que estudou nos EUA, vem do experimentalismo e da arte multimedia, pelo que a sua abordagem a esta história de uma rapariga que enfrenta com grande relutância a entrada na idade adulta é tudo menos convencional. “Attenberg” tem tanto de genuinamente humano e emocional como de deliberadamente confuso e provocador, traindo o controlo preciso e formalista com que Athina Rachel Tsangari conduz a sua história. É um filme que, à imagem da sua personagem principal, concilia uma inegável maturidade criativa com um tactear à procura do melhor meio de a utilizar dentro de um quadro narrativo. Tão provocante como mas bem mais acessível do que “Canino”, “Attenberg” é uma pequena e muito recomendável surpresa que não pode nem deve ser vista como um reflexo da sociedade grega contemporânea - mas que é certamente um bom exemplo do cinema grego contemporâneo.
Jorge Mourinha


.

Sem comentários: