4ªf, dia 8, 21h30, Sede, Entrada livre.
Ciclo "Grécia e Roma não têm nada de antigo",
incluído no projeto Livros em Cadeia
(contextualizando a conferência de dia 23, também na sede,
da Drª Adriana Freire Nogueira sobre
"Grécia e Roma na 7ª Arte")
Ciclo "Grécia e Roma não têm nada de antigo",
incluído no projeto Livros em Cadeia
(contextualizando a conferência de dia 23, também na sede,
da Drª Adriana Freire Nogueira sobre
"Grécia e Roma na 7ª Arte")
Uma notável produção americana dos anos 50, com Joseph L. Mankiewicz a dar uma espantosa dimensão de thriller político à imortal peça de Shakespeare e a Marlon Brando um dos mais prodigiosos papéis da sua carreira.
Quando em 1953 Joseph L. Mankiewicz se lançou na produção do memorável "Júlio César", dos dois lados do Atlântico levantaram-se vozes discordantes, duvidosas e mesmo indignadas, apesar da reputação de Mankiewicz o colocar na posição de um dos maiores realizadores do seu tempo. O resultado foi, no mínimo, surpreendente para quem acreditava que Mankiewicz jamais seria capaz de dar forma cinematográfica digna e respeitável à peça de Shakespeare, sem adulterar a obra original ou sem, fatalmente, cair na fastidiosa peça de teatro filmada. Mankiewicz com a mestria do seu cinema torneou o dilema. Nunca em cinema se tinha sido tão fiel ao "Júlio César" de Shakespeare e, ao mesmo tempo, nunca se tinha dado a uma obra de Shakespeare forma cinematográfica tão exacta e fascinante. Mankiewicz filmou intencionalmente a preto e branco, contrariando as intenções da MGM, em décors de linhas simples e em tom de thriller político, servido por um portentoso trabalho de actores, nomeadamente, James Mason, John Gielgud, Louis Calhern e Marlon Brando, este último num dos momentos mais sublimes da sua arte e da sua carreira, calando de forma magistral as vozes mais cépticas que contra ele a espaços se ouviam.
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s/ ind de autor, RTP1
Cineasta profundamente ligado à esfera do teatro, Mankiewicz teria, um dia, de cruzar-se com Shakespeare. Cruzou-se duas vezes, uma pela fidelidade deste Júlio César, outra pelas ínvias alamedas de Cleópatra, ferida traumática de que o realizador nunca se curou. Lembremos, para precisar as ligações teatrais de Mankiewicz, que diversos dos seus filmes foram extraídos de peças de teatro (Bruscamente no Verão Passado, Tenho Direito ao Amor, Homicídio, Falam as Más-Línguas, Eles e Elas, O Perfume do Dinheiro e Autópsia dum Crime) e que neste leque há um pouco de tudo, do «musical» ao melodrama, da comédia ao policial.
Mas não é só por aí que Joseph L. Mankiewicz e o teatro são coisas que conjugam bem. É possível dizer-se que todo o cinema deste realizador é devedor do teatro, em especial pela determinante importância dada à palavra nos seus filmes, material fulcral de um cinema que, todavia, nunca foi teatro filmado mesmo nos momentos onde tal acusação pareceria mais justificada.
Júlio César é um desses momentos, digamos mesmo que é o momento por excelência em que a encenação propriamente cinematográfica mais se apaga em favor de outras realidades, o texto e os actores. Eu preferiria, em vez do verbo «apagar» utilizar o termo «não se exibir», porque o que me parece admirável neste filme é precisamente o espaço que ele cria para deixar passar o verbo de Shakespeare, o poderoso e mágico verbo de Shakespeare na voz e na interpretação corporal de um conjunto de actores divinos (tendo à cabeça John Gielgud, James Mason e o inadjectivável Marlon Brando – o seu discurso aos romanos é lapidar do êxtase que nos pode levar um rosto, uma voz, um gesto e um texto). Essa disponibilização é algo bonito de se ver, sobretudo para quem pensa que os grandes actores são seres em estado de graça.
«Escutai-os!» - diz-nos o filme. Que assim seja!
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Jorge Leitão Ramos, Expresso, 8/9/90
(link para o youtube na imagem)
Título Original: JULIUS CAESAR
Realização: Joseph L. Mankiewicz
Argumento: Joseph L. Mankiewicz, baseado na obra de William Shakespeare
Música: Miklós Rózsa
Fotografia: Joseph Ruttenberg
Montagem: John D. Dunning
Interpretação: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, Louis Calhern, Edmond O´Brien, Greer Garson, Deborah Kerr,
George MacReady, Michael Pate, Alan Napier.
Origem: E.U.A.
Ano: 1953
Duração: 120’
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Realização: Joseph L. Mankiewicz
Argumento: Joseph L. Mankiewicz, baseado na obra de William Shakespeare
Música: Miklós Rózsa
Fotografia: Joseph Ruttenberg
Montagem: John D. Dunning
Interpretação: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, Louis Calhern, Edmond O´Brien, Greer Garson, Deborah Kerr,
George MacReady, Michael Pate, Alan Napier.
Origem: E.U.A.
Ano: 1953
Duração: 120’
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projeto financiado por
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