O MELHOR CINEMA AO AR LIVRE - 16 A 27 JULHO, 22H. CLAUSTROS DO MUSEU MUNICIPAL

16 a 27
Exposição evocativa de Fernando Lopes
Feira do Livro de Cinema

DIA 16
EM CÂMARA LENTA, Fernando Lopes, Portugal, 2011, 71’

HOMENAGEM A FERNANDO LOPES - inauguração de Exposição Evocativa às 21h e apresentação deste filme pelo seu filho, Pedro Lopes, às 22h

Visão poética do realizador que recupera o melhor da sua estética, do seu olhar, com diálogos menos naturalistas, citações abundantes, imagens que preenchem a alma. Um sentido estético próximo de Lá fora. Santiago talvez seja o engenheiro que constrói os não lugares desse outro filme. Só que aqui o artificialismo não prevalece. Há uma poética do vazio e dos espaços sem fim, outrora artificiais, aqui apenas imensos. Uma aventura aquática pelos abismos da alma de um mártir de si próprio.
Manuel Halpern



Dia 17
UM AMOR DE JUVENTUDE, Mia Hansen-Løve, França/Alemanha, 2011, 110’, M/12

O terceiro (e, para nós, melhor) filme da francesa Mia Hansen-Løve ilustra na perfeição o velho adágio “não há amor como o primeiro” - e adiciona-lhe uma “segunda parte” que diz “e é uma coisa inexplicável”. Na prática, contudo, Um Amor de Juventude vai ganhando consistência à medida que avança, graças à limpidez e ao desassombro com que a realizadora olha para esta experiência fundadora das emoções, e sobretudo porque o lado bonito e romântico da coisa não esconde que há tanto de terno e ingénuo como de iludido e malsão nas obsessões românticas da juventude.
Jorge Mourinha



Dia 18
RAFA, João Salaviza, Portugal, 2012, 25’
NANA, Valerie Massadian, França, 2012, 68’, M/12

Nana (Kelyna Lecomte), de apenas quatro anos, vive com a mãe e o avô numa casa perto da floresta. Certo dia, ao chegar da escola, encontra a casa totalmente silenciosa e vazia. Depois da sensação física do vazio e do abandono, Nana retoma a sua vida normal: veste-se, alimenta-se, brinca e cuida da casa. É assim que aquela menina assume-se num mundo à altura dos seus 90 centímetros, liberta dos adultos e da sua orientação. Primeira longa-metragem da fotógrafa Valérie Massadian, foi o filme-revelação em Locarno, onde recebeu o prémio Opera Prima para primeiras obras.
Em complemento a curta "Rafa", de João Salaviza, sobre um rapaz de 13 anos que deixa a sua casa nos subúrbios e ruma a Lisboa, em busca da mãe que não regressou na noite anterior. "Rafa" foi o vencedor do Urso de Ouro para melhor curta-metragem na edição de 2012 do Festival de Berlim.

(trailers de ambos os filmes)


Dia 19
A MINHA SEMANA COM MARILYN, Simon Curtis, Reino Unido/EUA, 2011, 99’, M/12

Tudo aponta para que “A Minha Semana com Marilyn” queira ser o “Discurso do Rei” versão 2011 - um filme competente, profissional, clássico, um tudo-nada anónimo.Isso apenas torna mais digna de crédito a despretensão e o profissionalismo que tornam a primeira longa-metragem de Simon Curtis num filme simpático e perspicaz que tem uma noção exacta do que se esconde por trás da grande ilusão do mundo do cinema. Filme profissional, clássico, com excelentes interpretações de um elenco de luxo, tudo, evidentemente, feito com a impecável reconstituição de época e profissionalismo a que os ingleses nos habituaram.
Jorge Mourinha



Dia 20
SHAME, Steve McQueen, Reino Unido, 2011, 101’, M/18

Depois da “Fome”, a “Vergonha”: ao segundo tomo, a obra cinematográfica de Steve McQueen começa a parecer uma reflexão serialista sobre as misérias humanas, e talvez acabe aos sete, como os pecados. Já tínhamos gostado imenso de “Fome”, produto de um olhar fresco que tentava habitar a convenção (de um cinema “mainstream”, ou quase “mainstream”) para a rasgar, por dentro e com delicadeza, sem a pose sobranceira com que outros “artistas” se aproximam da “facilidade” do cinema. “Vergonha” sugere que “Fome” não foi um acaso, e que há que contar, de facto, com este olhar de McQueen. Um balanço perfeito entre um modo “cerebral” de fazer cinema e o inesgotável poder, muito físico, dos seres e dos lugares.
Luís Oliveira



Dia 23
MIDNIGHT IN PARIS, Woody Allen, EUA/Espanha, 2011, 100’, M/12

Comparado com a escuridão escarninha de filmes mais recentes como “O Sonho de Cassandra” ou “Vais Conhecer o Homem dos Teus Sonhos”, “Meia-Noite em Paris” é literalmente luminoso - é o filme de um realizador que, de certo modo, acabou de fazer as pazes com o mundo e se concentra naquilo que realmente interessa, com uma elegância e um humor abertos que já não víamos em Allen há uns anitos largos. Por trás da imagem há vida e emoção que vão muito para lá da superfície. E se, como se diz a certa altura no filme, o trabalho de um artista é “não sucumbir ao desespero”, Allen, por uma vez, recusou-se a fazê-lo. E sim, o resultado é o seu melhor filme desde “Match Point”.
Jorge Mourinha



Dia 24
A VINGANÇA DE UMA MULHER, Rita Azevedo Gomes, Portugal, 2012, 100’, M/12

A palavra-chave, neste filme, é cerimónia. Porque A Vingança de uma Mulher progride por antecâmaras que dão acesso a um espaço mental.Que homem se torna no fim Roberto? Que espectadores nos tornamos? É das experiências de maior envolvimento físico, por isso, neste momento em sala. E das mais fantasmáticas. Nada de arqueológico em A Vingança de uma Mulher: este fantasma de filme - de um cinema que se faz perigosamente físico ao tocar nos adereços de estúdio e, por isso, a desencadear coisas estranhas na nossa mente e no nosso corpo - insiste em manter-se aqui.
Vasco Câmara



Dia 25
MELANCOLIA, Lars von Trier, Dinamarca/Suécia/França/Alemanha, 2011, 136’, M/12

Em “Melancolia”, filme-catástrofe de câmara passado numa luxuosa mansão campestre, o fim do mundo é uma metáfora mal disfarçada da depressão e do niilismo da sua personagem principal; o filme estica-se para lá do que a história aguenta, roda em seco parte do tempo, tem apenas duas personagens com espessura (sublimemente interpretadas por Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg) e uma mão-cheia de bonecos a preencher o resto. Mas é também o filme mais sincero, mais frágil, mais desarmado de Von Trier, aquele em que sentimos um ser humano por trás de todo o estilo visual (aqui apurado ao limite da opulência) e não apenas um brincalhão irritante. Se continuar assim, ainda pode voltar ao panteão dos grandes.
Jorge Mourinha



Dia 26
O CAVALO DE TURIM, Béla Tarr, Hungria/França/Alemanha/Suécia, EUA, 2011, 146’, M/12

"O Cavalo de Turim" não é um filme que se revele à superfície, que responda às lógicas lineares da convenção tal como o cinema mais tradicional as usa. O Cavalo de Turim é um filme para quem espera do cinema que mexa consigo de uma forma elementar, quase inexplicável, puramente sensorial. Bela Tarr não é para quem quer, nem mesmo para quem pode - e não há nisto nada de elitista: trata-se apenas de admitir que há muitas maneiras diferentes de fazer cinema e a dele é “outra coisa”, a um tempo tão depurada que chega a ser arcaica e tão radical que chega a ser visionária. O Cavalo de Turim diz que o cinema é o que um artista quiser - e o que Béla Tarr quer deixa marcas inapagáveis. Saibamos merecê-lo.
Jorge Mourinha



Dia 27
A INVENÇÃO DE HUGO, Martin Scorsese, EUA, 2011, 127’, M/12

Provavelmente, reside aqui o mais singular objecto que Hollywood produziu nos últimos tempos, e basta sentir o desfasamento entre o “trailer” que promete uma coisa e o filme que é outra totalmente diferente para perceber essa singularidade. É que, com “A Invenção de Hugo”, Martin Scorsese assina uma carta de amor ao cinema meia de lição de história, disfarçada de filme familiar à moda antiga que quase podia ser um filme de imagem real da Disney dos anos 1950. Não há explosões nem violências desnecessárias (à excepção de um par de sequências de pesadelo), há uma história que repousa no engenho de um órfão decidido a resolver um mistério que o vai colocar em rota de colisão com o pioneiro do cinema Georges Méliès na Paris dos anos 1920.
Jorge Mourinha



Preço por sessão
Sócios CCF 2€, Estudantes 3,5€, Restante 4€
Passe para os 10 dias
Sócios 15€
Não-Sócios 25€

Reservas
cineclubefaro@gmail.com
Informações sobre os filmes
neste blog

Apoios
Câmara Municipal de Faro
Direção da Cultura do Algarve
Hotel Faro


Sem comentários: