Quinta, 18 de Outubro, Prémio Lux de Cinema Europeu no Algarve




18 de Outubro, Grande Auditório campus de Gambelas:

FICHA TÉCNICA

Título Original: Die Fremde

Realização e Argumento: Feo Aladag

Montagem: Andrea Mertens

Fotografia: Judith Kaufmann

Música: Stéphane Moucha, Max Richter

Interpretação: Sibel Kekilli, Nizam Schiller , Derya Alabora, Settar
Tanriögen, Tamer Yigit, Florian Lukas

Origem : Alemanha

Ano : 2010

Duração : 119’



SINOPSE
Fugindo de maus-tratos num casamento infeliz em Istambul, na Turquia, a jovem turco-alemã Umay decide pegar no filho Cem e regressar a Berlim, a casa dos pais, à procura de uma vida melhor e da sua verdadeira emancipação.
Mas, apesar de todos os laços afectivos que mantém na Alemanha, Umay descobre que não poderá contar com o apoio da família. “Hoje bate, amanhã acaricia. Não vale a pena fugir de casa só por causa de um par de estaladas, não é?”
Divididos entre o amor familiar e o respeito ao código de honra tradicional, os pais e irmãos de Umay não conseguem pôr de lado as tradições que seguem e apoiar a jovem, despoletando uma situação que poderá pôr em risco a sua vida.





"A Estrangeira, que teve estreia em Portugal na KINO – Mostra do Cinema de Expressão Alemã, é fruto dessa diversidade. A actriz austríaca Feo Aladag tem aqui o seu primeiro trabalho com assinatura própria, no papel de produtora, argumentista e realizadora preocupando-se com a temática da família, cultura, religião e etnia, dividindo-se entre a Turquia mais oriental – abordando a moral e crenças de uma família turca conservadora – e a cidade de Berlim ocidentalizada. Na verdade, A Estrangeira não é um filme de premissa ou estética originais. Pelo contrário, a sua banalidade entre inúmeros argumentos do género que têm surgido nos últimos anos, pode ser um factor contra a sua apreciação.

Mas a sensibilidade com que a realizadora cria o ambiente deve motivar ao visionamento do filme. Entre choros, silêncio, desespero e força de vontade, a meio conflitos emocionais e físicos, a câmara de Feo Aladag está sempre focada na protagonista. É íntima a ligação que criamos com uma forte personagem principal, mas também com as secundárias, contrastando com o distanciamento que temos sobre Berlim e Istambul. A construção da narrativa, sem ser propriamente original, resulta no filme em questão, começando com o final em segmentos e voltando ao início de forma a explicar a motivação de tal conclusão. É sentimentalista, dramático e sobretudo triste. É o olhar sobre uma luta pela independência, sem nunca fazer uma crítica frontal a uma religião, mas sim a uma mulher que não tem oportunidade de ser feliz. É simplesmente o choque entre a cultura alemã e a turca, onde a mulher tem poucos direitos mesmo numa geração que nasceu no ocidente.

Mas quem carrega todo o filme é a actriz Sibel Kekilli, alemã de ascendência turca e que já trabalhou com o conhecido realizador Fatih Akin em Head-On (2004). Anterior actriz pornográfica, de uma beleza exótica e de grande sensibilidade, Sibel Kebilli desenvolve no seu rosto toda a carga dramática da história da sua personagem. A sua energia e motivação permite ao filme ganhar uma envergadura que não lhe seria permitida se esta fosse ausente.

Já a realizadora Feo Aladag, para principiante, tem um trabalho competente. Atenta aos detalhes, o filme prima pela sua estética cuidada nomeadamente pela fotografia de Judith Kaufmann e pela banda sonora de Stéphane Moucha e Max Richter. Contudo, por vezes sucumbe ao sentimentalismo, não propiciando por vezes o ritmo adequado à história. Indicado ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro pela Alemanha, o filme não chegou aos nomeados finais, talvez precisamente por esses defeitos da história. Mas A Estrangeira é um belo e angustiante filme, retrato de uma Europa diversa e multicultural."


Tiago Ramos , http://splitscreen-blog.blogspot.com/2011/01/estrangeira-por-tiago-ramos.html#ixzz27ZctcLQV

Sem comentários: