5ªf, 22h, ao Ar Livre: ARTE DE RUA por Banksy. Quem?? Esse mesmo, o anónimo artista subversivo e activista!

CLAUSTROS DO MUSEU MUNICIPAL

Sócios - 2€ (caderno de 5 senhas, 10€)
Não-Sócios - Passe para os 10 dias 25€ / Estudantes 3,5€ / Restantes 4€



Este filme é entretenimento puro, um fascinante documento sobre trabalhos cujo tempo de vida normalmente é ditado pelas câmaras municipais e respectivas empresas de limpeza.
New York Times

É uma história demasiado boa, estranhamente rica para ser inventada.
The Boston Globe

É um filme feito com perfeição: original e perspicaz, coloca questões em vez de nos dizer o que pensar e, ao mesmo tempo, consegue ser muito, mesmo muito engraçado.
Greason Awards

Banksy – Pinta a Parede! é uma maravilhosa engenhoca sui generis, uma louca roda gigante que mantém o espectador a girar com ela.
Entertainment Weekly

Subversivo, provocador e inesperado, Banksy – Pinta a Parede! diverte-se em apanhar-nos de surpresa, começando devagar, mas terminando numa sala de espelhos tão perturbadores como qualquer uma das experiências que a Alice de Lewis Carrol viveu. A história tem tantas ressonâncias que o filme permite diferentes interpretações.
Los Angeles Times

Um acto de provocação em si mesmo. Todo o filme é uma série de descarrilamentos dolorosamente engraçados.
Chicago Tribune

A maioria dos documentários sobre arte chegam até nós como aborrecidas e brilhantes hagiografias dos retratados. Não é o caso de Banksy – Pinta a Parede!, uma irreverente e divertida pesquisa sobre arte de rua de guerrilha, que aparenta ser uma coisa (uma crónica sobre esta arte centrada numa das suas mais enigmáticas figuras, Banksy) mas que se reverte e começa a examinar um pretenso realizador de cinema, Thierry Guetta. Uma aproximação tão pouco convencional, na qual o sujeito troca de lugar com o narrador, encaixa perfeitamente nestes artistas, personagens anarcas.
Variety



Foi no início dos anos 90, em Bristol, na Inglaterra. As paredes começaram a amanhecer cobertas por uns desenhos que sobressaíam claramente da moda recente de ‘pixar’ as paredes urbanas. Ratos, meninas, polícias, soldados surgiam envolvidos em breves ações, pequenas histórias habitadas por um humor simultaneamente direto e ácido. De repente, parecia que os melhores cartoons tinham escorregado dos jornais para infestar a rua com uma frescura e uma qualidade estética que não autorizavam a arrumar o assunto como puro vandalismo. O autor? Banksy. Só que ninguém sabia nem sabe hoje quem é Banksy. De onde veio ou que rosto tem o homem que se tornou no maior emblema as street art mundial. Esta estratégia genial de marketing que opta pela clandestinidade em vez da habitual sede de exposição começou a surtir os seus efeitos. À medida que as intervenções de Banksy alastravam, primeiro para Londres e depois para várias outras paragens pelo mundo fora (Cuba, Los Angeles, Sydney...), acabariam por transformá-lo numa espécie de Robin dos Bosques que, fugindo à polícia na calada da noite, nos entregava as melhores fábulas libertárias. Misturando o espírito pop com a performance e uma boa dose de consciência política, Banksy atingia com os seus stencils o coração do imaginário coletivo com uma eficácia com que os ‘artistas políticos’, fechados nos museus de arte contemporânea, pareciam nem poder sonhar. Entretanto, ao mesmo tempo que a fama crescia, alargava quer o âmbito das sua ações quer o risco que elas envolviam. Numa delas, colocou clandestinamente, em vários museus americanos, quadros seus que parodiavam algumas relíquias do passado. Noutra, conseguiu pendurar um Rato Mickey de braços abertos e vestido de prisioneiro de Guatánamo em plena Disneylândia. Em 2005, no muro construído por Israel para isolar a Faixa de Gaza, fez um desenho que rasgava o cimento numa paisagem idílica. O mercado, obviamente, não ficou indiferente a tanta agitação. Banksy é hoje um artista com galeria e os seus desenhos, que valem milhões, são comprados por estrelas de cinema como Johnny Depp ou Brad Pitt. Ele mostrara como se podia fazer arte socialmente relevante fora do sistema, mas acabaria por comprovar uma outra verdade universal: esse mesmo mercado pode absorver tudo. No seu filme autobiográfico “Banksy – Pinta a Parede!”, o autor troca as voltas ao espectador como costuma trocar à polícia, propondo uma ficção desfocada de si, mas não consegue escapar à tentação de um ponto de vista moralista e caricatural sobre o mesmo art world pelo qual até ele se deixou assimilar.
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Celso Martins, Expresso, 28/5/11


A intervenção dos artistas plásticos no cinema fez-se, quase sempre (ou pelo menos, noa casos mais notáveis, como os de Duchamp, Warhol ou, mais recentemente, Steve McQueen), por via da experimentação formal. Com o primeiro filme de Banksy – e em linha com a essência da sua obra plástica -, os jogos formais, mantendo-se embora presentes, são relegados para segundo plano em favor da corrosão satírica e da afirmação política. O que temos aqui? À primeira vista, um documentário sobre a tentativa de um tal Thierry Guetta de realizar um documentário sobre a arte urbana, em geral, e sobre Banksy, em particular; à segunda vista, um falso documentário sobre a meteórica ascensão no mundo das artes de uma figura sem talento (a do próprio Guetta); em última análise, uma feroz crítica política ao ‘estado da arte’.

Vamos por partes. No início, estamos em Los Angeles de 1999, e através da narração em off de Rhys Ifans, somos apresentados a Guetta, o dono de uma loja de vestuário vintage falsificado (o pormenor é importante) que teria o hábito de filmar obsessivamente todos os instantes da sua vida (e note-se que, a fazer fé no mito, o filme de Banksy teria resultado, em boa parte, da montagem de fragmentos dessas filmagens). Figura lunática que, pelo modo como se deixa absorver pelo seu imaginário do cinema de Michel Gondry, Guetta cedo travará contacto (por meio do sei alegado primo, o artista francês Invader) com os mais destacados cultores de arte urbana (de Shepard Fairey ao próprio Banksy), dedicando-se, então, a documentar as suas operações de conversão das ruas em galerias de arte. Até que, a pedido de Banksy, Guetta lhe mostra o produto das suas filmagens: documentário intitulado “Life Remote Control” que, nas palavras do primeiro, seria “na hour and a half of unwatchable nightmare trailers”.



Incapaz de revelar a Guettao seu desagrado, Banksy instigá-lo-á a iniciar-se na arte urbana. Guetta vende tudo, abre um ateliê, recruta assistentes (que farão o trabalho por ele) e, por fim, esboça uma campanha de marketing onde se reclama discípulo de Banksy. Meses depois, é inaugurada em Los Angeles a exposição “Life Is Beatiful”, reunindo quadros e instalações assinadas pelo alter ego artístico de Guetta: Mr. Brainwash. O nome é adequado, pois, como as de Jeff Koons, as peças de Mr. Brainwash são apenas reproduções mecânicas de um gesto que, originalmente, se queria subversivo – aquele (mais tarde herdado pela arte pop e por segmentos da arte urbana) que, em 1917, levou Duchamp a expor o seu urinol. Quanto às ‘obras’ de Mr. Brainwash, essas, vender-se-ão que nem ginjas.

Neste quadro, saber se a figura de Guetta é ou não real, se ela é ou não um alter ego satírico de Banksy e se, por inerência, o seu filme é ou não um documentário de facto... sabê-lo, dizíamos, é o que menos importa (embora, contrariando as afirmações do produtor, nos pareça óbvio que, aqui, tudo foi encenado ao milímetro). O que importa, sim, é a forma como o filme articula diferentes camadas de texto e imagem (despistando-nos quanto à sua origem) para, inteligentemente, colocar uma questão essencial: a da conformação, pela possibilidade de uma indefinida reprodução técnica do ‘mesmo’, da obra de arte às leis do mercado (onde, como se sabe, não há originais, mas apenas exemplares de uma origem perdida). “I think the joke is on. I don’t know who the joke is on, really. I don’t even know if there is a joke”, diz-nos a páginas tantas o porta-voz de Banksy. Se encontrarem uma melhor síntese do filme (e do ‘estado da arte’ em geral), façam o favor de nos avisar.
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Vasco Baptista Marques, Expresso, 28/5/11



Título Original: Exit Through the Gift Shop
Realização: Banksy
Narração: Rhys Ifans
Montagem: Chris King & Tom Fulford
Som: Jim Carey
Música Original: Roni Size
Com: Banksy, Thierry Guetta (aka Mr. Brainwash), Debora Guetta, Space Invader, Monsieur Andre,
Zeus, Shepard Fairey, Ron English, Swoon, Borf, Buffmonster

Origem: EUA/ Reino Unido
Ano: 2010
Duração: 87'
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Reservas: ccf@cineclubefaro.com (levantar até às 21h45)
Comprar para qualquer sessão (na sede ou nas sessões – bilheteira abre às 21h30)

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