Teatro Maria Matos, sexta feira chuvosa em Lisboa, chegada a amaldiçoar o laboratório e as bactérias(as mesmas tipas que me haviam tornado impossivel a ida à retrospectiva do Norstein no dia anterior) responsáveis por um atrasado suficiente, pensava eu, para ter perdido a demonstração e chegar em cima da hora da sessão da retrospectiva da obra, daquele que é tido como o herdeiro maior de uma escola de animação que terá sido, em tempos a mais evoluída do mundo. Intérprete de uma técnica assombrosa como é a pintura em óleo sobre vidro. "Afinal ainda não começou", penso, enquanto me dirijo apressadamente para a porta da sala enquanto os acompanhantes de sala gritam num sussurro entre si com ar preocupado "Espera! Ainda falta mais um..." Reparo já no meu lugar, no retroprojector encostado a um canto do palco e chego à conclusão que adoro este país... É que é quaaaase perfeito pá!!!
Mais uns minutos, uma pequena apresentação e eis que o Alekandr Petrov entra numa sala muito bem composta que o recebe com uma estrondosa salva de palmas, ele, com o desconforto próprio de quem quer estar em qualquer sítio do universo menos ali, esboça um aceno e um sorriso tímidos, faz uma pequena apresentação, com a ajuda da tradutora, sobre o que se vai passar, apresenta os seus filmes (fico a saber que o velho e o mar não será exibido) e em jeito de piada diz que vai fazer uma pequena demonstração da sua técnica, mas se se tornar aborrecido basta que o público grite STOP, que ele agradece muito a recolha prematura ao hotel.
Durante 15 minutos, pinta com os dedos, as mão, as unhas, as palmas, uma imagem de um do filmes que se seguirão, o Mermaid, perante uma plateia que oscila entre o atónita e o em suspenso. "A masterclass deve ter sido brutal", penso esmagado, "Quem me dera ter podido ir", continuo, "nem que fosse para ficar a ver" (dado que não sou pessoa para partilhar os meus desconexos e trôpegos dotes artísticos assim levianamente).
Seguriram-se os filmes, todos eles, ou quase, adaptações de obras literárias de vulto, e todos eles, ou quase, têm em comum umaa tisteza e melancolia poéticas. "The Cow"(1989), "Dream of a Ridiculous Man" (1992), "The Mermaid" (1996) e o assombroso My Love (2006) compõem o programa...
Aqui fica a título de demonstração o link do trailer do My Love que consegui arranjar, mas com umas legendas em chinês, ou algo parecido...
Mais uns minutos, uma pequena apresentação e eis que o Alekandr Petrov entra numa sala muito bem composta que o recebe com uma estrondosa salva de palmas, ele, com o desconforto próprio de quem quer estar em qualquer sítio do universo menos ali, esboça um aceno e um sorriso tímidos, faz uma pequena apresentação, com a ajuda da tradutora, sobre o que se vai passar, apresenta os seus filmes (fico a saber que o velho e o mar não será exibido) e em jeito de piada diz que vai fazer uma pequena demonstração da sua técnica, mas se se tornar aborrecido basta que o público grite STOP, que ele agradece muito a recolha prematura ao hotel.
Durante 15 minutos, pinta com os dedos, as mão, as unhas, as palmas, uma imagem de um do filmes que se seguirão, o Mermaid, perante uma plateia que oscila entre o atónita e o em suspenso. "A masterclass deve ter sido brutal", penso esmagado, "Quem me dera ter podido ir", continuo, "nem que fosse para ficar a ver" (dado que não sou pessoa para partilhar os meus desconexos e trôpegos dotes artísticos assim levianamente).
Seguriram-se os filmes, todos eles, ou quase, adaptações de obras literárias de vulto, e todos eles, ou quase, têm em comum umaa tisteza e melancolia poéticas. "The Cow"(1989), "Dream of a Ridiculous Man" (1992), "The Mermaid" (1996) e o assombroso My Love (2006) compõem o programa...
Aqui fica a título de demonstração o link do trailer do My Love que consegui arranjar, mas com umas legendas em chinês, ou algo parecido...
4 comentários:
Que maravilha, Rf... Obrigada por partilhares. E a Faro, nao chegara nenhuma destas belezas?
esqueci-me de mencionar que para aceder ai trailer basta clicar na imagem...
ah.
ganda burra que eu sou.
vou ver, já volto.
ok, já vi.
lindérrimo, pois. e fascinante, como dizes - a técnica.
o mais parecido que temos é um documentário com a caroline leaf que trabalha a mesma técnica (embora não a óleo). na nossa videoteca.
agora, ana e rafa (que já no outro dia tinha colocado essa questão):
sabeis bem do nosso interesse pela animação, que várias vezes - sempre que possível - entra na nossa programação.
donde, o que às vezes chateia é quanto, seja a monstra (do fernando galrito) seja a casa da animação (do porto) seja mesmo o cinanima (do antónio gaio), não 'ataquem' (=aproveitem) melhor essa nossa disponibilidade para, COM ANTECEDÊNCIA, nos contactarem.
dou dois exemplos; não, três:
cinanima - tentámos por várias vezes, conseguimos, por duas, fazer a extensão do festival deles cá; mas foi sp uma luta, quase um favor...
casa da animação - há uns 2 meses mostraram uma selecçao de filmes de escolas de animação; perguntámos se podia vir aquilo a faro (tinha todo o sentido, ainda mais agora com a marina estela graça de novo na univ algarve); passados uns 15 dias responderam a dizer que sim senhora, que depois nos diziam algo; até agora...
esta monstra: nem uma palavra. seja para capitalizar a presença dos filmes cá (diminuiria os custos deles em trazê-los, né?...) seja para fazer extensão, por ex, dos filmes vencedores.
isto só para explicar (não a vós, claro, que o sabeis, mas a quem de fora vier e ler) que muitas vezes não é por falta de interesse ou iniciativa nossa que faro não exibe certos filmes ou oportunidade. é porque não nos ligam pevas :D:D:D:
mas, como tb conheceis, a nossa força anda aqui há 51 anos a lutar contra todas as marés: incluindo esta, a que desconsidera a oportunidade de mostrar animação de autor pelas 'arábias' aqui do sul...
beijocas
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