APRENDER A GOSTAR DE CINEMA

Trás-os-Montes de António Reis (1976)
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Às vezes (muitas vezes), entre amigos, falamos de cinema, do que vamos vendo, do que queremos ver, dos primeiros filmes. Para a maioria dos da minha geração, o primeiro filme visto no cinema chamava-se E.T.. O meu caso não foi assim tão precoce, vicissitudes de quem nasceu no interior beirão. Cinema só no "dia da criança" e projectado num lençol mal amanhado na sociedade filarmónica local.
Fui para o Algarve estudar e quando fiz 20 anos, o Rui ofereceu-me o cartão de sócia do CCF. Aprendi, portanto, a gostar de cinema, já crescida, na sala do IPJ em Faro, através deste Cineclube. Na altura não consegui avaliar mas hoje sei que o Cineclube teve um papel tão importante na minha aprendizagem como a Universidade. De repente, tudo se relacionava, tudo levava a mais qualquer coisa que eu queria descobrir: as imagens relacionavam-se com a pintura, com a música (Mychael Danna, Win Mertens, Michael Nyman, Ennio Morricone...), com as palavras (António Reis, Manuel de Oliveira, João César Monteiro...).
Desde então vejo muitos filmes, fiquei viciada. Mas os filmes vistos nessa altura adquiriram a ressonância mítica das primeiras coisas e como as recordações de infância (poderosas durante toda a nossa vida), misturam-se umas com as outras, com cheiros (o cheiro da Ria Formosa), com sensações.
Mas o CCF, com tanta vitalidade, está longe de ser só passado. É um prazer e uma honra poder passar por aqui de vez em quando, sentir-me outra vez próxima e ao sul.

1 comentário:

anabela moutinho disse...

:))))))

vem cá de vez em quando... não, não me refiro só a este blog!!

beijão