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Mas Julho e Agosto tiveram filmes ao ar livre.
Em Setembro ficámos sem máquina de projecção.Em determinado momento de Goodnight Irene (Goodnight Irene, Portugal, 2008), o ator aposentado Alex (Robert Pugh), doente e manco, é levado pela bela pintora Irene (Rita Loureiro) a subir uma longa escadaria. Mais adiante no filme, depois que Irene já está desaparecida, ele aparece subindo a mesma escadaria sozinho. A dificuldade parece - e é - muito maior. A simetria das duas cenas diz muito sobre o filme português, em termos de ideias e também do domínio da linguagem do diretor estreante em longas Paolo Marinou-Blanco.
Alex é um rabugento de carteirinha: não faz a menor questão de ser simpático com ninguém. Mas isso não impede Irene de irromper em sua vida e estabelecer uma comunicação: mais do que isso, ela traz Alex para o seu mundo. Porém, depois de uma noite especialmente turbulenta, ela desaparece. E o velho ator percebe que não pode mais viver sem ela - porque ela o lembrou o que é a vida.
Nesse ponto, ele descobre que há mais alguém que não sabe viver sem Irene: o serralheiro Bruno (Nuno Lopes). Ele tem o estranho hábito de invadir casas alheias, pegar fotos e papéis para fazer cópias e depois devolver. É assim que lida com sua solidão. A primeira cena mostra a invasão do apartamento de Irene por dentro e o encontro entre os dois: não conta quase nada, mas, intrigante, fisga o espectador de imediato para então contar o que aconteceu antes.
A narração em off de Alex se confunde com seu trabalho de narração de documentários turísticos - logo ele, que tem dificuldades de locomoção e mal sai de casa. É Irene que o reapresenta ao mundo. Depois de seu sumiço, Alex volta a se enclausurar - mas no apartamento dela, em busca de alguma pista sobre seu paradeiro. E, a contragosto, com a companhia de Bruno. A obsessão de ambos por ela vai uni-los e empurrá-los, sem que saibam, para a vida de novo.
Marinou-Blanco mostra essa acomodação com sensibilidade e bom humor, além de bem colocadas citações teatrais. Suas escolhas de planos são bonitas e eloqüentes, principalmente quando Goodnight Irene finalmente se torna o road movie que anuncia ser desde sua meia hora inicial. Aqui, o filme mostra que está de acordo com uma postura que muitos road movies defendem - e a entrega a esse subgênero se torna até necessária para deixá-la clara: o importante não é o ponto de chegada, mas a viagem em si.
Goodnight Irene (Goodnight Irene). Portugal, 2008.
Direção: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Robert Pugh, Nuno Lopes, Rita Loureiro, Amadeu Caronho. Exibido no CinePort.
O Festival de Cinema de Língua Portuguesa - CINEPORT, que vai de 01 a 10 de maio, tem como homenageado para a edição 2009 Moçambique. O evento contará com mais de 150 filmes e acontecerá em João Pessoa, capital da Paraíba, no Nordeste brasileiro. A cidade é o "ponto mais oriental das Américas" e acolhe pela segunda vez o festival, que se encontra na sua quarta temporada.
Atente para a programação deste fim-de-semana e quem estiver em terra brasilis está mais que convidado para vislumbrar essa grande janela do nosso cinema de língua portuguesa:
SEXTA, DIA 01
- A abertura do festival será às 20 horas, na sexta, mas a programação já começa à tarde com os debates do II Encontro de Cineclubes da Paraíba, no Hotel Imperial, em Tambaú;
- À noite, na Usina Cultural, a primeira sessão para o grande público é a dos curtas paraibanos do Prêmio Energisa, às 20h30, na sala digital;
- Às 21 horas, será exibido pelo filme dirigido por HELENA IGNEZ: A CANÇÃO DE BAAL. Na Tenda Andorinha;
- Às 21h30, na sala digital, os curtas de ficção que concorrem ao Troféu Andorinha Digital;
- Às 22h30, é a vez de GOODNIGHT IRENE, de PAOLO MARINOU BLANCO, filme português indicado ao Troféu Andorinha de melhor filme, que mostra a obsessão de um ator inglês e um serralheiro por uma atraente pintora cheia de vida.
SÁBADO, DIA 02
- Às 16 horas tem uma mesa redonda do Encontro de Cineclubes, debatendo “Um raio-X da cinefilia paraibana”, no Hotel Imperial;
- Cinco curtas (e médias) paraibanos às 14 horas, na sala digital da Usina Cultural;
- Às 16 horas, um dos campeões de público do cinema nacional dos últimos anos: MEU NOME NÃO É JOHNNY, de MAURO LIMA, com SELTON MELLO, na Tenda Andorinha;
- Às 18 horas, também na Andorinha, novos filmes do cinema paraibano. Dois curtas de TORQUATO JOEL (GRAVIDADE e AQUI E AGORA) e o longa-metragem O SONHO DE INACIM, de ELIÉZER ROLIM, com JOSÉ WILKER;
- No mesmo horário, na sala digital, entram em cena os curtas paraibanos no Prêmio Energisa;
- Às 20 horas na sala digital, será exibido CRISTÓVÃO COLOMBO, O ENIGMA, do centenário - e grande - cineasta português MANOEL DE OLIVEIRA.
- O diretor português ALEXANDRE VALENTE apresenta seu filme SECOND LIFE, às 21 horas, na Tenda Andorinha;
- A sala digital ainda tem o documentário DA VIDA DAS BONECAS, às 21h30min., e os 12 curtas de animação que concorrem ao Andorinha Digital, às 22 horas;
- Um dos filmes nacionais inéditos nos cinemas paraibanos passa às 23 horas na Tenda Andorinha: FELIZ NATAL, estréia na direção do ator SELTON MELLO.
Aguardem que comentarei sobre os filmes e programação aqui e no meu blog pessoal. Salute, pessoal!
Mais Informações: http://www.festivalcineport.com/2009/
PROEZAS DOCUMENTADAS
DIA 1
HOMEM NO ARAME
James Marsh, Reino Unido/EUA, 2007, 90’, M/6
Site oficial
Em criança, quase todos os homens queriam ser astronautas. Philippe Petit queria subir ao topo de uma torre gémea e atravessar para a outra em cima de um finíssimo arame, sem qualquer cabo a prendê-lo e sem rede por baixo. O que para quase todos nós parece pura loucura, Petit relata ainda hoje com um brilho nos olhos, transmite aquela satisfação de momento maior do que a vida que foi alcançado. E isso, desculpem a piroseira, é bonito. E esse é um dos lados fascinantes de Homem No Arame (vencedor do Óscar de Melhor Documentário e mais uns 17 prémios): mesmo intrínseco, o fantasma das torres gémeas nunca nos persegue. Trata-se de um nada óbvio 'feel good movie', que entretém, entusiasma, fascina e até pode convencer alguém a chorar. André Santos, Timeout
DIA 15
RELIGULOUS - QUE O CÉU NOS AJUDE
Larry Charles, EUA, 2008, 101’, M/12
RELIGULOUS acompanha o comediante Bill Maher ("Real Time with Bill Maher," "Politically Incorrect") na sua viagem a locais de culto religioso em todo o mundo, para entrevistar um vasto espectro de crentes em Deus e na Religião. Conhecido pela sua astuta capacidade analítica e pelo seu empenhamento em não ser agressivo para ninguém, Maher aplica a sua característica honestidade e espírito irreverente às questões da Fé, fazendo-nos entrar numa divertida e provocatória viagem espiritual. »Com fanáticos religiosos como George Bush e Osama bin Laden a dominarem o mundo, pareceu-me que era a altura certa para dar a este tema um fórum mais largo, insistente e focado que um programa de televisão emitido a altas horas da noite. Quis fazer um documentário e quis que fosse divertido.»
DIA 22
VALSA COM BASHIR
Ari Folman, Israel/ Alemanha/ França, 2008, 90’, M/16
Mal vão os filmes de imagem real quando é o cinema de animação que pega de frente temas que aquele não quer, já não sabe ou evita olhar olhos nos olhos. A Valsa com Bashir, do israelita Ari Folman, que fez sensação este ano no Festival de Cannes, é uma longa-metragem de animação mais “adulta”, “séria” e política do que muitos filmes de imagem real que por aí andam a querer mostrar serviço de preocupação com a realidade. Nos seus 90 minutos canónicos, A Valsa com Bashir consegue ser o veículo autobiográfico de um difícil processo de terapia, a denúncia política das arbitrariedades cometidas pelo Estado de Israel através da sua política belicista, e uma demonstração de que a animação não serve apenas para inventar bonecos simpáticos ou antropomorfizar bicharada digitalmente.
Sérgio Abranches, Timeout
DIA 29
MOSTRA DE CIÊNCIA E CINEMA
THE LINGUISTS
Seth Kramer, Daniel A. Miller e Jeremy Newberger, EUA, 2007, 65’
BRILLIANT NOISE
Ruth Jarman e Joe Gerhardt , EUA/GB, 2006, 6’
OS SEÑORES DO VENTO
Xurxo González Rodríguez, Galiza, 2008, 10’
Em 2008 decorreu em A Corunha (Galiza) a primeira Mostra de Ciência e Cinema, na que participaram filmes procedentes de diferentes países da Europa, dos EEUU e até mesmo de Burkina Faso.
O Centro de Estudos Galegos da UAlg orgulha-se em apresentar junto com o Cineclube de Faro uma selecção dos melhores filmes apresentados. O evento conta com a presença do especialista em cinema Martin Pawley, programador e coordenador da mostra.
THE LINGUISTS
David e Greg son “os lingüistas”, científicos que se esforzan en documentar linguas en perigo de extinción. En Siberia, India e Bolivia, o labor dos lingüistas enfróntase ás moitas forzas quereprimen as linguas: racismo institucional e as violentas dificultades económicas. David e Greg deben superar os seus propios medos e prexuízos para sacar os falantes de décadas de silencio. A súa viaxe lévaos ao máis profundo das culturas e o coñecemento das comunidadesen estudo.
Estrea mundial no Festival de Cinema de Sundance 2008
Premio da Xuventude na I Mostra de Ciencia e Cinema
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BRILLIANT NOISE
Experimental: imaxes do Sol obtidas por diferentes sondas espaciais montadas en secuencias. Son imaxes sen limpar, que amosan o “ruido” producido polas partículas enerxéticas e o vento solar.
2º Premio na I Mostra de Ciencia e Cinema
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OS SEÑORES DO VENTO
Eles patentaron un sistema para dominar o vento. Dirixiron centos de botellas retando ao ceo. Mais como as botellas a vida tamén dá voltas. Tecnoloxía caseira para desafíar o vento nunha insólita instalación de“land art”.
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mais informações em http://cienciaecinema.org/ e http://www.thelinguists.com/