Mensalmente (2017/2018) Sábado // 18:30 // IPDJ-Faro
-novas cópias restauradas-
-novas cópias restauradas-
Inspirou
tendências políticas, definiu formas de pensar o Homem em sociedade, marcou o
mundo de forma visceral. Passados cem anos da aurora do comunismo, a Revolução
Russa de 1917 – em particular, a de Outubro – continua a ser mote de acesos
debates sobre o que viria a ser o mundo bipolarizado das décadas seguintes e,
porque não há presente sem passado, sobre o mundo de hoje.
Se a arte é a
expressão de um tempo e não raras vezes se confunde com a própria História, faz
todo o sentido olhar para a Revolução Russa através também dos filmes
produzidos na extinta União Soviética e na actual Rússia. Entre o assalto ao
Palácio de Inverno pelas forças bolcheviques e os escombros do Muro de Berlim,
eis a proposta do Cineclube de Faro: uma viagem cronológica pelo Cinema em
eslavo, com partida no construtivismo russo de Sergei Einsenstein, em pleno
auge soviético, e destino à pós-modernidade, pelas lentes dos irmãos Andrei
Konchalovsky e Nikita Mikhalkov.
O ciclo VENTOS
DE LESTE é composto por 13 filmes de nove realizadores exibidos mensalmente
ao sábado à noite, até Dezembro de 2018, no auditório do Instituto Português
do Desporto e Juventude, em Faro.
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CLIPPING
Cineclube de Faro abre nova temporada com cinema russo e animação de autor___________________________
1 DEZ | 18H30
CASA DE LOUCOS / DOM DURAKOV
Andrey Konchalovskiy. 2002. 104' (M/12)
apresentação por Ana Isabel Soares
Realização e Argumento: Andrey Konchalovskiy / Montagem: Olga Grinshpun/ Fotografia: Sergei Kozlov / Música: Eduard Artemev / Com: Yuliya Vysotskaya, Eugeni Mironov, Sultan Islamov, Stanislav Varkki, Elena Fomina, Vladas Bagdonas, Bryan Adams / URSS/IFrança / Ano: 2002 / Duração: 104' / Classificação etária: M/12
1 DEZ | 18H30
Andrey Konchalovskiy. 2002. 104' (M/12)
apresentação por Ana Isabel Soares
Realização e Argumento: Andrey Konchalovskiy / Montagem: Olga Grinshpun/ Fotografia: Sergei Kozlov / Música: Eduard Artemev / Com: Yuliya Vysotskaya, Eugeni Mironov, Sultan Islamov, Stanislav Varkki, Elena Fomina, Vladas Bagdonas, Bryan Adams / URSS/IFrança / Ano: 2002 / Duração: 104' / Classificação etária: M/12
Festivais e Prémios
Festival de Veneza 2002 – Grande Prémio Especial do Júri
sinopse
Baseado numa história verdadeira em 1996, durante a Guerra na Tchetchénia, um hospício situado na fronteira, na região de Ingushetia, foi ameaçado pela invasão das das tropas e os doentes viveram esse período sem nunca terem consciência total do perigo que os ameaçava.
Baseado numa história verdadeira em 1996, durante a Guerra na Tchetchénia, um hospício situado na fronteira, na região de Ingushetia, foi ameaçado pela invasão das das tropas e os doentes viveram esse período sem nunca terem consciência total do perigo que os ameaçava.
SOL ENGANADOR / UTOMLYONNYE SOLNTSEM
N. MIKHALKOV. 1994. 134' (M/12)
apresentação por Adriana Freire Nogueira
Realização: Nikita Mikhalkov / Argumento: Rustam Ibragimbekov, Nikita Mikhalkov / Diálogos: Rustam Ibragimbekov / Montagem: Enzo Meniconi / Fotografia: Vilen Kalyuta / Com: Oleg Menchikov, Ingeborga Dapkounaite, Nikita Mikhalkov, Nadia Mikhalkov, André Oumansky, Viatcheslav Krioutchkova, Svetlana Krioutchkova, Vladimir Ilyine / URSS/IFrança / Ano: 1994 / Duração: 134' / Classificação etária: M/12
Festivais e Prémios
Festival de Cannes 1994 – Grande Prémio do Júri
Oscars 19895 – Melhor Filme Estrangeiro
sinopse
A ação de Utomlyonnye Solntsen decorre em 1936, numa época dramática, a da depuração estalinista dos velhos quadros revolucionários. A ameaça parece estar longe das personagens do filme, um casal que leva uma vida semi-idílica no campo, mas concretiza-se com a chegada de um antigo apaixonado da mulher, um "comissário político" que vem destruir a harmonia. Mais uma vez a sombra de Tchekov acompanha a obra de Mikhalkok, num dos seus melhores filmes. Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
A ação de Utomlyonnye Solntsen decorre em 1936, numa época dramática, a da depuração estalinista dos velhos quadros revolucionários. A ameaça parece estar longe das personagens do filme, um casal que leva uma vida semi-idílica no campo, mas concretiza-se com a chegada de um antigo apaixonado da mulher, um "comissário político" que vem destruir a harmonia. Mais uma vez a sombra de Tchekov acompanha a obra de Mikhalkok, num dos seus melhores filmes. Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
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6 OUT | 18H30
Realização: Nikita Mikhalkov / Argumento: Aleksandr Adabashyan, Nikita Mikhalkov Suso Cecchi D'Amico, baseado em contos de: Anton Tchekhov/ Montagem: Enzo Meniconi / URSS/Itália / Ano: 1987 / Duração: 117' / Classificação etária: M/12
Festivais e Prémios
Festival de Cannes 1987 – Prémio de Interpretação Masculina; Selecção Oficial, em Competição
Oscars 1988 – Nomeação para Melhor Filme Estrangeiro
Golden Globes 1988 – Nomeação para Melhor Filme Estrangeiro
sinopse
Baseado em três contos de Anton Chekhov, o filme relata a vida sentimental que um italiano, Romano Patroni, que partilha a sua história com um cavalheiro russo a bordo de um barco. Patroni, apesar da sua origem humilde, consegue terminar o curso de arquitectura e casa-se com uma rica herdeira. Alguns anos depois, conhece Ana, uma jovem russa por quem se apaixona e que vai perseguir por toda a Rússia. Uma história de amores frustrados e ilusões perdidas.
critica
Na base estão alguns contos de Tchekhov, no ecrá uma faustosa adaptação literária, multinacional, com a Itália no ponto de partida. A URSS estava já na era Gorbatchov, a abertura ao Ocidente tronava-se mais franca – e, dealgum modo, é disso documento este filme de Nikita Mikhalkov (que nos anos depois da queda do comunismo, na reinstalada Rússia, se tornaria o grande apparatchik da nova ordem cinematográfica). “Olhos Negros” é a história de um amor em tempos idos, contada por um velho galã latino, um homem timorato que nunca conseguiu fazer nada de marcante na vida, vivendo na sombra de uma esposa rica e complacente, Mas, um dia, apaixonou-se por uma jovem russa – e daí veio uma rota onde o amor nem sempre vai de vencida. É um filme nostálgico e triste que mastroianni interpreta com o panache de um grande ator, trabalho que, aliás, lhe valeu uma nomeação para o Óscar. “Olhos Negros” fixou Mikhalkov junto das plateias internacionais, tendo tido uma divulgação mundial de merecido sucesso.
Jorge Leitão Ramos, Expresso
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22 SET | 18H30
ADEUS A MATIORA / PROSHCHANIE
E. KLIMOV. 1983. 112' (M/12)
apresentação por Carina Infante Carmo
Realização: Elem Klimov / Argumento: Larisa Shepitko, Rudolf Tyurin, German Klimov, baseado no conto de: Valentin Rasputin / Montagem: Valeriya Belova / Fotografia: Aleksei Rodionov, Yuri Skhirtladze, Sergey Taraskin / Música: Vyacheslav Artyomov, Alfred Shnitke / Interpretação: Stefaniya Stanyuta, Lev Durov, Aleksei Petrenko, Leonid Kryuk, Vadim Yakovenko / Origem: Federação Russa / Ano: 1983 / Duração: 112' / Classificação etária: M/12
Data de estreia em Portugal : 21-05-1991, reposição 21-04-2016
Matiora é uma pequena aldeia, numa ilha com o mesmo nome. A existência da aldeia é ameaçada pela construção de uma barragem. Esta é a história dos habitantes de Matiora, que assistem ao fim da aldeia e se despedem da sua terra.
Leopardo Filmes
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2 JUN
PEÇA INACABADA PARA PIANO MECÂNICO /
NEOKONCHENNAYA PYESA DLYA MEKHANICHESKOGO PIANINO
N. Mikhalkov. 1977. 103' (M/12)
apresentação por Ana Isabel Soares
Realização: Nikita Mikhalkov / Argumento: Nikita Mikhalkov, Aleksandr Adabashyan, a partir da obra de Anton Tchekov / Música: Eduard Artemev / Fotografia: Pavel Lebeshev / Montagem: Lyudmila Yelyan / Com: Aleksandr Kalyagin, Yelena Solovey, Yevgeniya Glushenko, Antonina Shuranova, Nikita Mikhalkov / Origem: Federação Russa / Ano: 1977 / Duração: 103’ / Classificação etária: M/12
Data de estreia em Portugal : 21-04-2016
Festivais e Prémios: Festival de San Sebastián 1977 – Concha de Ouro
Baseada em “Platonov”, de Anton Tchékhov, esta história retrata a vida da pequena nobreza russa no final do século XIX. Professor numa aldeia, Platonov está a atravessar uma crise emocional: acha que a sua vida não tem um propósito e atormenta-se a si e à sua mulher por essa razão. O outro protagonista do filme, o doutor Terletsky, detesta os seus pacientes e o seu trabalho. Já os convidados instalados em casa da mulher do general, Anna Petrovna, falam dos prazeres da vida simples na aldeia, não acreditando no que dizem. Leopardo Filmes
TRAILER
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5 MAI
DYADYA VANYA / O TIO VÂNIA
Andrei Konchalovsky. 1971. 104’
Apresentação por
Mirian Nogueira Tavares
Realização: Andrey
Konchalovskiy
Argumento:
Andrey Konchalovskiy
Adaptação da
obra homónima de Anton Chekhov
Música: Alfred
Shnitke
Fotografia: Evgeniy
Guslinskiy, Georgi Rerberg
Ano: 1971
Duração: 104’
Classificação etária: M/12
com: Irina
Anisimova-Wulf, Sergei Bondarchuk, Irina Kupchenko, Yekaterina Mazurova, Irina Miroshnichenko
Festivais e
Prémios: Festival de San Sebastián 1971 – Concha de Prata
sinopse
Um professor e sua segunda esposa, Yelena, vão até às
suas terras no campo. Vanya, irmão da primeira esposa do professor e Astrov,
médico local, apaixonam-se por Yelena. As coisas complicam-se quando o
professor anuncia a intenção de vender as terras. O filme é uma adaptação da
célebre obra homónima de Anton Tchékhov.
Esta quarta longa-metragem de Andrei Konchalovsky (depois
do belíssimo A FELICIDADE DE ASSIA e de O PRIMEIRO PROFESSOR) é uma ambiciosa
adaptação de "O Tio Vânia", alternando a cor e o preto & branco e
reunindo um elenco de prestígio (Innokenti Smoktunovsky, o Tio Vânia, foi um
notável Hamlet na adaptação cinematográfica de Kozintsev). Konchalovsky optou
por uma transposição deliberadamente "fria", interiorizada e
"teatral" do clássico de Tchekov, sem facilidades, explorando a
densidade do desempenho dos actores. Este é ao mesmo tempo um filme de prestígio
da era Brejnev e um autêntico filme de autor.
Mais tarde, a imagem do relógio com o pêndulo parado remete
para o modo passivo como todas aceitam a depressão que criam à sua volta e para
si mesmos, numa altura em que já não vale a pena agredir o barómetro na parede,
que já aponta antecipadamente para a paisagem gelada do final. Não é difícil, a
título de curiosidade, surpreendermos em Tio Vânia um momento que terá agradado
especialmente a Hans Jürgen-Syberberg, que escolheu o filme para este Ciclo de
Teatro e Cinema1: a
fala do médico acerca da morte das florestas, da degenerescência do clima, da
destruição por parte do homem daquilo que ele é incapaz de voltar a criar –
tudo isto é consentâneo com o ideário que Syberberg começou a defender em
Ludwig e mais tarde nos seus livros, especialmente no último, Vom Unglück und
Glück der Kunst in Deutchland. Assim, no pessimismo que permeia o desfecho do
filme de Konchalovsky, temos um tema eminentemente apropriado para terminar
esta homenagem da Cinemateca ao autor de Die Nacht.
Frederico Lourenço, Folhas
da Cinemateca
1
Tio Vânia foi exibido no ciclo "Teatro e Cinema: A Escolha de
Syberberg", Cinemateca Portuguesa, 1993’
In GRANDE CINEMA RUSSO – DO MUDO À PERESTROIKA,
organizado por Leopardo Filmes / Medeia Filmes em 2016
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7 ABR
TU E EU
Larisa Shepitko. 1971. 97'
excerto do filme // IMDb
TU E EU
Larisa Shepitko. 1971. 97'
Título
Original: Ty i ya
Realização:
Larisa Shepitko
Argumento:
Gennady Shpalikov, Larisa Shepitko
Música:
Alfred Shnitke
Fotografia:
Jericca Cleland
Montagem:
Aleksandr Knyazhinskiy
Ano: 1971
Duração:
97’
Actores: Leonid Dyachkov, Yuri Vizbor, Alla Demidova, Natalya
Bondarchuk, Leonid Markov
DATA DE ESTREIA EM
PORTUGAL: Maio de 2016
Piotr, um prestigiado neurocirurgião, atravessa uma crise de
identidade, após o fracasso do seu casamento. Para tentar resolvê-la, aceita um
trabalho na longínqua Sibéria. “Tu e Eu” é o único filme a cores realizado por
Larisa Shepitko.
sobre a realizadora Larisa Shepitko: documentário realizado por Elem Klimov
excerto do filme // IMDb
De todos os fascinantes e talentosos realizadores que emergiram da
União Soviética, Larisa Shepitko permanece um dos nomes menos conhecidos.
Enquanto muitos dos seus contemporâneos da escola de cinema, incluindo Andrei
Tarkovsky, Serguei Parajanov, e o seu marido Elem Klimov, obtiveram
reconhecimento internacional, Shepitko passou despercebida – mesmo que no auge
da sua carreira estivesse prestes a obter o mesmo tipo de notoriedade que os
seus mais conhecidos compatriotas. Infelizmente, essa carreira terminou no
momento em que estava em ascensão, quando ela morreu num acidente de viação,
com cerca de quarenta anos, deixando um filho, e o seu marido, para manter vivo
o seu legado, e deixando também um brilhante, apesar de pequeno, corpo de
trabalho, constituído por apenas quatro longas-metragens.
Shepitko frequentou a prestigiada Universidade Estatal Russa de
Cinematografia (VGIK). Apesar de, na altura, a indústria cinematográfica
soviética estar ainda numa recessão pós-Segunda Guerra Mundial, fez parte de
uma nova geração de jovens realizadores encorajados artisticamente pela
atmosfera mais livre do degelo de Kruschev. Melhor augúrio ainda: Shepitko
ficou sob a tutela de um dos maiores cineastas da nação, o realizador soviético
Aleksandr Dovzhenko1.
[…] A sua primeira longa-metragem após a escola de cinema, o penetrante estudo
de personagem Asas, de 1966, anunciava de facto um novo talento visionário.
Protagonizado pela actriz Maya Bulgakova no papel de piloto da Segunda
Guerra Mundial transformada em reitora, Asas revela a angustiante vida interior
de uma mulher de quarenta e dois anos que necessita de reconciliar as memórias
do seu passado ilustre com a insípida realidade do presente. Shepitko expressa
este conflito de forma brilhante ao contrastar as sufocantes experiências
quotidianas da sua personagem, marcadas por interiores claustrofóbicos e
composições rígidas, com planos expansivos do céu e das nuvens, representando a
liberdade e a euforia dos seus dias como piloto, e Bulgakova protagoniza esta
mulher severa mas razoável com uma empatia e humor surpreendentes. O tema
principal de Asas é o da ambivalência – sobre o passado estalinista da Rússia e
o seu futuro incerto – e apesar de parecer surpreendente hoje em dia, o filme
gerou bastante debate público, tanto por reconhecer um fosso geracional e
retratar uma heroína de guerra como esquecida, como por retratar uma heroína de
guerra como uma alma perdida e desamparada. De qualquer forma, Asas permanece
mais eficaz como um retrato delicadamente pormenorizado de uma mulher que olha
para trás saudosamente, criado por outra mulher, prometedora, considerando
apenas o futuro.
[…] Em 1971 estreou Tu e Eu, o seu único filme a cores. Ao esboçar as
vidas de dois cirurgiões com diferentes noções de realização pessoal, o filme
foi aplaudido como um magistral estudo de personagens e crítica à sociedade de
consumo, consolidando a reputação de Shepitko. No entanto, o seu grande triunfo
ainda estava para vir.
Depois de nascer o seu filho, Anton, aos 35 anos e com um risco
elevado de vida devido a uma lesão na coluna, Shepitko começou a planear a sua
maior e mais negra visão. “Naquela altura, eu enfrentei a morte pela primeira
vez, e como qualquer pessoa naquela situação, estava à procura da minha própria
fórmula de imortalidade”, diria mais tarde. A sua resposta cinematográfica foi
Ascensão, de 1977.
Ao mesmo tempo uma evocação visceral da vida no terreno durante a
Segunda Guerra Mundial e uma importante e espiritual alegoria Cristã, Ascensão,
adaptado de um conto do proeminente escritor russo Vasili Bykov, arrasta o
espectador a seguir dois soldados bielorussos, Sotnikov e Rybak, quando tentam
escapar dos Nazis, e finalmente são capturados. Desde as imagens de abertura do
filme, de postes telefónicos casualmente salientes dos montes de neve como se
fossem cruzes, Shepitko, juntamente com o director de fotografia Vladimir
Chukhnov, mergulha-nos numa brancura cega de pesadelo, num inverno físico e
moral que envolve tudo no seu caminho – excepto, por fim, o vitimizado e
beatificado Sotnikov, cuja viagem lenta em direcção à morte traz um estranho
esclarecimento. Esta redenção escapa a Rybak, cujo desejo cruel de
sobrevivência o deixa numa situação desfavorável em relação ao mártir Sotnikov,
e Shepitko marca as suas passagens idênticas pelas trevas e pela luz
com um maravilhoso arsenal de experimentação visual.
Desta vez, Shepitko não criou muita controvérsia, já que a narrativa
dostoievskiana de guerra encaixa-se perfeitamente com o requisito do orgulho
nacionalista. O filme teve tanto sucesso no estrangeiro como no seu país natal,
vencendo o prestigiado Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim em 1977.
Com o seu novo prestígio artístico e financeiro, Shepitko preparava-se para
trabalhar num filme sobre uma aldeia siberiana, intitulado, na altura, A
Despedida.
No dia 2 de Junho de 1979 viria a morrer, juntamente com quatro
membros da equipa, num acidente de viação no local de rodagem.
O seu marido, o realizador Elem Klimov, começaria a finalização do
projecto uma semana depois2.
Michael Koresky,
Criterion Collection
[Trad. Renata Curado]
1 Shepitko
trabalhou com Dozvhenko no último filme do realizador, Poema do Mar, no qual
desempenhou mesmo um pequeno papel. Depois passou a trabalhar com Mikhail Romm
nos estúdios Mosfilm. [Nota da trad.]
2 O
resultado deste projecto é Adeus a Matiora, exibido também neste ciclo. [Nota
da trad.]
In GRANDE CINEMA RUSSO – DO MUDO
À PERESTROIKA, organizado por Leopardo Filmes / Medeia Filmes em 2016
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3 MAR
CHUVA DE JULHO
Marlen Khutsiev. 1967. 107' (M/12)
Ficha
Técnica
Título
original: Iyulskiy dozhd
Realização: Marlen Khutsiev
Argumento: Marlen Khutsiev, Anatoli Grebnev
Fotografia: German Lavrov
Música:
Bulat Okudzhava, Yuriy Vizbor
Montagem:
A. Abramova
Guarda-Roupa:
N. Yefanova
Ano:
1967
Duração:
107’
Classificação etária: M/12
Com
: Yevgeniya Uralova, Aleksandr Belyavskiy,
Yuri Vizbor, Aleksandr Mitta, Alla Pokrovskaya
Data de estreia em Portugal:
21-04-2016
sinopse
Lena está prestes a casar-se com Volodya quando
descobre que o noivo é uma má pessoa e que aquela relação não tem futuro.
Depois de o abandonar, procura um rumo para a sua vida em aventuras com
artistas que também procuram a sua identidade. À chuva, conhece Zhenya.
nota crítica
Um dos mais belos filmes dos anos sessenta soviéticos, quando foram realizadas muitas obras de grande valor. Como de costume no cinema soviético, a narrativa é oblíqua: uma mulher descobre que o homem com quem vai casar é mesquinho e tem mau fundo. Ao deixá-lo, encontra outro homem à chuva, que a lava de todos os males. Como “TENHO VINTE ANOS”, o filme é um moderno retrato de Moscovo e dos seus habitantes, filmado com extraordinária leveza e profundidade, “quebrando as estruturas narrativas de uma maneira que anuncia Sokurov” (Christian Zimmer). “CHUVA DE JULHO” suscitou menos polémicas do que o filme anterior, mas foi pouco mostrado à época.
Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema
Artigos / entrevistas do catálogo
CICLO GRANDE CINEMA RUSSO DOS ANOS 60 A PERESTROIKA
OBRAS RESTAURADAS E OBRAS INÉDITAS
Medeia Filmes / Leopardo Filmes: 2016
[…] podemos afirmar que o corpo inteiro
do cinema de Marlen Khutsiev (que encerra
em si vários filmes-etapa da história do país e da sétima arte na
Rússia) representa um válido manual da linguagem cinematográfica soviética e
russa. Khutsiev soube criar um cinema novo, captar o sentido do tempo, ou melhor,
de várias épocas, diria, traduzi-lo para o cinema e renová-lo sempre que uma
época terminava: tem hoje 91 anos e várias foram as épocas que viveu e exprimiu.
[…] o cinema de Marlen Khutsiev é o manual não apenas do cinema russo, mas da
história, da cultura, até porque a sua parábola artística representa todas as fases
da história do cinema soviético desde o pós-guerra até hoje […]
“Ijulskij dozhd” (Chuva de Julho)
assinala não apenas uma etapa estilística no cinema soviético como abre a (infelizmente)
longa lista de filmes dos anos sessenta condenados a ficarem escondidos em arquivo.
Marlen Khutsiev foi o primeiro realizador do degelo a ser condenado ao
"esquecimento imposto pela censura" com "Ijulskij dozhd" (Chuva
de Julho), uma obra prima indiscutível.
Este filme comprova o traço principal da coragem de Khutsiev, que residia sobretudo
no saber "constituir um limiar, o cume absoluto", para usar as palavras
de Miron Chernenko, do cinema soviético dos anos cinquenta e sessenta e abrir
uma nova página, começar a fazer o cinema do futuro.»
Alena Shumakova
A projecção de Chuva de Julho no Cinema Ritrovato de
Bolonha em Julho [2013] foi um pequeno e revelador evento. Programado pelo
saudoso Peter von Bagh no cinema Lumière em simultâneo com o filme na Piazza Maggiore,
o filme reuniu um público composto sobretudo de críticos, programadores das
cinematecas e programadores internacionais jovens e não tão jovens. Não só o
filme parece uma verdadeira obra-prima dos anos sessenta, como sobretudo uma obra-prima
inesperada. Muitos dos presentes não conheciam o seu autor, e podia-se ver e
quase tocar com a mão a surpresa e o entusiasmo vivíssimos no final da
projecção. Não pude senão perguntar-me como é que um dos maiores realizadores não
apenas do cinema russo mas mundial, que com poucos filmes marcara pelo menos
quatro décadas (estando ainda hoje em actividade na realização de um projecto há
muito perseguido, Nevechernija), poderia ser tão pouco ou mal conhecido até por
especialistas.
Roberto Turigliatto
ENTREVISTA A MARLEN KHUTSIEV 1
Neste momento, Chuva de Julho é o seu filme mais completo: as suas
panorâmicas longas que muitos tentaram copiar, a sua atenção aos rostos das
pessoas, os primeiros planos e as paisagens de uma Moscovo peculiar, cidade de
árvores e de eléctricos. Pormenores que imperam em primeiro plano: os olhares,
os gestos, os toques ao de leve... Nesta delicada coreografia a que dá o nome
de música da visualização existe, porém, um protesto silencioso contra a
inércia da vida, a tristeza dos valores revistos, perdidos daquela época: o
senhor sentiu o período de estagnação política e na arte a um nível, diria,
epidérmico. Em que medida lhe custou ter sido forçado a estar parado durante
anos após Chuva de Julho?
Muitas coisas me traumatizaram ao longo da minha vida, não gosto de me
armar em vítima, de me queixar. Além do mais, não é de todo verdade que
naqueles anos tenhamos sido todos cobardes para podermos trabalhar. É muito
difícil ser-se sincero e manter essa linha em certas circunstâncias. Lembro-me
de nessa altura um amigo meu, o meu colega e co-autor Felix Mironer, ter
sintetizado o espírito do tempo: estávamos a passear e tínhamos visto um cartaz
gigantesco com 3 perfis: Marx, Engels, Lenine, e uma inscrição encorajadora
sobre o comunismo por vir. O Felix engendrou de imediato uma ladainha: "três
homens barbudos apontaram-nos o caminho. Não será fácil desviarmo-nos". É
muito dramático quando se fala de ideais sagrados na sociedade sem minimamente os
seguir. Crescem gerações desprovidas de valores. Voltando às minhas feridas,
quando condenaram o chamado culto da personalidade de Estaline, a
dessacralização da sua figura traumatizou-me. Ainda que o meu pai tenha sido
vítima das purgas estalinistas, fuzilado em 1937. Eu continuava a acreditar na
figura do pai dos povos. A sua dessacralização foi levada a cabo de um modo
muito desajeitado. Havia que mudar a essência da vida e não os símbolos. Foi
também assim que senti o pós-perestroika. A desilusão. Total. Longe de mim
queixar-me: não sofri terrivelmente, sinto-me infinitamente agradecido às
pessoas com quem trabalhei. Encontrei pessoas fabulosas. Que me ensinaram a
respiração do cinema.
Entrevistado por Alena
Shumakova
ENTREVISTA A MARLEN KHUTSIEV 2
A ideia de Chuva de Julho nasceu
logo após A Porta de Illich?
[...] Havia inicialmente um quê de frio nesse filme, que depois no
processo de trabalho foi aquecido. Eu encontrara na personagem feminina esse
calor, esse núcleo vital que procurava. Não posso fazer filmes sobre aquilo que
não amo. E amo particularmente o final com a reunião dos veteranos da guerra
perto do Teatro Bolshoi. Eu reparara quase por acaso nesses encontros
periódicos, que ninguém se lembrara de filmar. Quis juntar também os jovens (o
meu filho conta-se também entre eles). Decidi não dizer acção, filmar quase de
improviso: os figurantes apanhados não sabiam quando a máquina estava a
filmá-los nem quando não. Decidi, perante o resultado, não misturar esse
material com a história, mas deixá-lo assim, íntegro, como uma digressão
lírica. O filme era para ir ao Festival de Veneza, mas as autoridades
soviéticas vedaram-lhe a saída do país.
(por Giovanni Buttafava, Aldilà del disgelo. Cinema Sovietico degli anni
Sessanta, Ubulibri / Festival Internazionale Cinema Giovani, Milano / Torino
1987)
KHUTSIEV POR ALEKSANDR SOKUROV
A força transbordante do cinema soviético do chamado período do
"degelo" baseia-se numa experiência peculiar: os jovens realizadores
tinham vivido directamente a experiência da guerra. Talvez neste ofício –
ser-se realizador de cinema – a bagagem de experiência pessoal seja a coisa
mais importante. A personalidade do autor. Nem todos temos alma. Há que saber
cultivá-la. É um trabalho doloroso, longo, difícil. E só a alma cultivada tem
interesse. Esse é em parte o segredo do cinema de Marlen Khutsiev.
[de uma entrevista inédita a Aliona
Shumakova]
textos in [dossier do catálogo do Lisbon & Estoril Film Festival 2014, que nesse ano organizou a primeira retrospectiva mundial integral da obra de Marlen Khutsiev]
Sobre a homenagem a Khutsiev em Portugal (2015)
Cinemateca Portuguesa - MC
Jorge Mourinha 9 de Novembro de 2015
Marlen Khutsiev
Visto actualmente como um dos grandes realizadores do cinema moderno
mundial, Khutsiev (hoje com 90 anos e ainda em atividade), fez alguns dos seus
filmes mais notáveis na era pós-estalinista, refletindo um clima de esperança
que, porém, veio a ser rapidamente confrontado com novas manifestações de
censura.
Nasceu em 1925 em Tbilissi, na Geórgia. O seu pai, que foi executado
numa purga política em 1937, escolheu o nome do filho misturando as primeiras
sílabas dos nomes de Marx e Lenine.
Depois de obter o seu diploma de realizador no VGIK, a escola de
cinema de Moscovo, Khutsiev foi trabalhar no estúdio de Odessa, onde realizou
os seus dois primeiros filmes, VESNA NA ZARECHNOI ULITSE / “PRIMAVERA NA RUA
ZAREHNAIA” e DVA FEDORA / “OS DOIS FEDORS”, nos quais “já se encontra um tom
surpreendente, feito de rapidez, de liberdade de comportamento das
personagens”, segundo escreveu Bernard Eisenschitz.
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3 FEV
9 DIAS DE UM ANO
Mikhail Romm. URSS: 1962. 104'
FICHA TÉCNICA
realização: Mikhail Romm
argumento: Daniil Khrabrovitsky; Mikhail Romm
música: Dzhon Ter-Tatevosyan
fotografia: German Lavrov
montagem: Yeva Ladyzhenskaya
música: Dzhon Ter-Tatevosyan
fotografia: German Lavrov
montagem: Yeva Ladyzhenskaya
origem: URSS
ano: 1962'
duração: 104'
classificação etária: M/12
elenco:
Aleksey Batalov, Evgeniy Evstigneev, Nikolai Plotnikov, Sergei Blinnikov, Tatyana Lavrova
Festivais e Prémios: Karlovy Vary International Film Festival 1962 – Globo de Cristal
Data de estreia em Portugal: 5 Maio 2016
SINOPSE
Dois jovens cientistas, Dmitry e Ilya, exploram novos
caminhos da física nuclear. Dmitry faz uma importante descoberta nesse campo
mas, infelizmente, exposto à radiação durante essas experiências, fica
gravemente doente. No entanto, a sua vontade de viver e a paixão pelo trabalho
tornam possível a sua recuperação.
para ver:
Mikhail Romm. Confessions of a director. (1985)
REEL N.º 5
artigo na imprensa internacional da época:
MIKHAIL ROMM - ENTRE OS ANTIGOS E OS NOVOS MESTRES
'Mikhail Romm foi um cineasta
incomensurável. Há que interpretar o adjectivo de forma literal, dado que a sua
figura é verdadeiramente difícil de abarcar. Seguir pormenorizadamente a sua
trajectória obriga, por exemplo, a confrontar uma secção de estudo quase tão
ampla como a própria história do cinema soviético. A razão fundamental para que
este realizador deva ser mencionado não se prende apenas a questões geracionais
ou cronológicas mas também à responsabilidade que assumiu em cada um dos papéis
aí desempenhados. E se abordarmos de forma exclusiva a sua própria filmografia,
deparamo-nos com uma referência igualmente fora do comum. O seu primeiro filme
(Pyshka, 1934) supõe o final efectivo do esplendoroso período do cinema mudo na
União Soviética1, enquanto as suas últimas obras, já no estertor dos anos 60 e
início dos 70, chegarão a fazer parte de correntes como a dos Novos Cinemas.
São raros os casos em que a produção de um cineasta seja capaz de conter um
itinerário de tal magnitude.
Esta mesma desmesura repete-se na
evolução do seu estilo. Com efeito, a sua dicção cinematográfica acabou por ser
tão variada que se torna difícil, por momentos, falar sequer de “evolução”. Aos
nossos olhos, inclusive, se por acaso é oportuno entender o trânsito que
formalmente cumpre o seu cinema como uma “evolução”, tal deve-se à viragem que representam
os seus quatro últimos filmes. O ponto de inflexão seria uma pequena pérola
documental (e em certo sentido “experimental”) de 1958 intitulada Lenine Vive
(Zhivoy Lenin); obra a que se seguiriam, completando assim o dito ciclo, Nove
Dias de Um Ano (Devyat Dney Odnogo Goda, 1961), Fascismo Quotidiano
(Obyknovenii Fashizm, 1965) e, por último, E Ainda Acredito (I Vsyo-taki Ya
Veryu, 1974).
Esta metamorfose final decerto
poderá entender-se como consequência de uma necessidade última do realizador em
“tomar directamente a palavra”: Mikhail Romm passou de uma ocultação deliberada
de si mesmo nos primeiros três quartos da sua produção para terminar
“oferecendo-se” a ela em pleno. E não deixa de ser revelador que só então, e
quando de modo instintivo se agarrou ao ensaísmo cinematográfico (em particular
com Fascismo Quotidiano), não só se tornou evidente o tipo de autor que Romm
realmente era mas também coroou de sentido toda a sua deriva formal precedente.
Como é possível comprovar, a sua
biografia está eivada de momentos em que a sua figura se aproxima de uma
encruzilhada-chave da história do cinema soviético2: Romm merece ser recordado
também pela sua luta contra movimentos anti-semitas no seio da Mosfilm e por
ter-se convertido, com o passar dos anos, num especialista da obra de
Eisenstein a quem os críticos e cineastas de todo o mundo acorriam
pontualmente.
Para além disso, Romm foi também
o venerado mestre a quem se atribui a responsabilidade de ter provocado, entre os
distintos tipos de autor em potência que conheceu enquanto docente no VGIK3, a
relativa abertura – e suas consequências estilísticas – que chegou com o fim do
Estalinismo. Romm assistiu, quer na qualidade de professor quer na de criador, a
esse canto do cisne da cinematografia soviética que tão bem entoaram Tarkovsky,
Klimov, Shepitko, Khutsiev [cujos filmes se exibem neste ciclo]… Importa
assinalar aqui que a tutela que Romm poderia ter exercido, a mais importante
das suas tutelas, nesse período crepuscular, não foi aquela que livrou os seus
discípulos de problemas quotidianos, mas o modo como demonstrou a importância
de, enquanto autor, se mostrar aquilo que vale.
Salvar essa presença do criador na sua obra
foi o objectivo final das preocupações de Mikhail Romm, tanto no seu cinema
como no dos seus alunos.
Se há algo de absolutamente
fascinante no cinema soviético que hoje sobrevive – não podemos negá-lo – é a
assombrosa intensidade com que cada um dos seus cineastas foi capaz de se “fazer
presente” na sua obra. Por isso se torna imprescindível fazer renascer, hoje, o
interesse por um homem como Romm. E já que começámos este texto falando da sua
tendência, voluntária ou não, para o desmedido, existe maior sinal de grandeza
do que a aspiração do ser humano em ser imortalizado pela imagem?
José Manuel Mouriño, Abril 2016
[Trad. Cláudia Coimbra]
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1 “Atrás de mim fecharam-se as
portas. Começara uma nova era: a do cinema sonoro. Eu fui o último a 'furar' a
tendência com um filme mudo.” Mikhail Romm, “Mikhail Ilytch Romm” em El Cine
Soviético Visto Por Sus Criadores.
2 O que não deixa de ser, em
certa medida, contraproducente: a sua responsabilidade real vê-se hoje
seccionada, como se se tratasse de uma personagem diferente para cada caso, deixando
pouco mais do que oco o centro da figura, tomada em conjunto.
3 Em 1954, ano em que Tarkovsky
se matricula nesse instituto de cinema, o grupo que Romm selecciona, de entre
várias centenas de aspirantes, é formado por uma vintena de jovens das mais
variadas proveniências. Ali se reúnem, entre outros: “Vasili Shukshin, da
Sibéria rural; Alexander Gordon, que mais tarde fará dois filmes em colaboração
com Andrei durante a sua etapa de formação; Maryia Beik, exilada política
grega; o filho mais novo do actor Yury Fait e Irma Raush, de Kazan, actriz de
talento e descendente de imigrantes alemães…” (Shusei Nishi, Tarkovsky and His
Time: Hidden Truth of Life, Alt Arts LLC, Japão, 2011) Muitos ex-alunos de Romm
recordam a forma como ele tentava combinar – e fazer os alunos participar na
sua promoção desse confronto – as antagónicas personalidades de Andrei
Tarkovsky (um jovem urbano que contava já com uma formação humanística
assinalável) e Vasili Shukshin (de origem rural e com algumas lacunas no que à
cultura clássica dizia respeito).'
In CICLO GRANDE CINEMA RUSSO,
Medeia Filmes, 2016
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6 JAN
ALEXANDRE NEVSKY
Serguei Eisenstein: URSS. 1938. 104'
APRESENTAÇÃO DO FILME POR MANUEL AFONSO (SÓCIO HONORÁRIO E ANTIGO DIRIGENTE)
FICHA TÉCNICA
Realização: Serguei Eisenstein
Argumento: Serguei Eisenstein e Piotr A. Pavlenko
Director de Fotografia: Eduard Tissé
Montagem: Serguei Eisenstein, Esfir Tobak Origem: URSS
Ano: 1938
Duração: 104'
Elenco: Nikolai Cherkasov, Nikolai Okhlopkov, Alexandr Abrikosov, Dmitri Orlov, Anna Danilova, Vera Ivacheva
Argumento: Serguei Eisenstein e Piotr A. Pavlenko
Director de Fotografia: Eduard Tissé
Montagem: Serguei Eisenstein, Esfir Tobak Origem: URSS
Ano: 1938
Duração: 104'
Elenco: Nikolai Cherkasov, Nikolai Okhlopkov, Alexandr Abrikosov, Dmitri Orlov, Anna Danilova, Vera Ivacheva
MÚSICA
Sergei Prokofiev
ALEXANDER NEVSKY
OP. 78
cantata para mezzo-soprano, coro e orquestra
Orquestra Filarmónica de S. Peterburgo
O disco
sinopse
Rússia, primeira metade do século XIII. O país é invadido e saqueado. Finalmente, o deprimido e instável príncipe Alexandre Yaroslavich Nevsky é chamado para liderar o seu povo na luta contra os opressores.
notas
Na Rússia do século XIII, após a libertação dos mongóis, um novo perigo surge: a invasão dos cavaleiros teutónicos. Um deslumbrante filme sinfónico, com música original composta por Sergei Prokofiev, sobre um herói russo, Alexandre Nevsky, feito na altura em que de novo a Alemanha ameaçava a sua terra. A batalha do lago gelado de Tchoudsk é um momento único na história do cinema.
Cinemateca portuguesa - Museu do Cinema
PARA CONSULTA / BIBLIOTECA DO CCF:
OBRAS SOBRE S. EISENSTEIN
ALBERA, François, Eisenstein
e o Construtivismo Russo: A Dramaturgia da Forma em "Stuuugart",
São Paulo, Cosac e Naify Edições,
2002
AMENGUAL, Barthélémy, El
Acorazado Potemkin, Barcelona, Ediciones Paidós, 1999
AUMONT,
Jacques, Montage Eisenstein, Paris, Editions Albatros, 1979
BORDWELL, David, El Cine de
Eisenstein: teoría y práctica, Barcelona, Ediciones Paidós Ibérica, 1999
BOUQUET, Stéphane, Serguei Eisenstein,
Paris, Cahiers du Cinéma/Público, 2008
FERNANDEZ, Dominique, Eisenstein : l´arbre
jusqu´aux racines II, Paris, Bernard
Grasset, 1975
MAYER, David, Sergei M.
Eisenstein´s Pontemkin: a shot by shot presentation, Nova Iorque, Da Capo,1990
PORTUGAL. Cinemateca
Portuguesa, Sergei Eisenstein, s.l., Cinemateca Portuguesa- Museu
do Cinema, s.d.
RAMOS, Jorge Leitão, Sergei
Eisenstein, Lisboa, Livros Horizonte, 1981
OBRAS
DE S. EISESNTEIN
EISENSTEIN,
S. M., Mémoires, Paris, Union Générale d´Éditions, 1978-80
EISENSTEIN, Sergei, A Forma do Filme, Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990
EISENSTEIN, Sergei, Reflexões de um Cineasta, Lisboa, Arcádia, 1972
EISENSTEIN, Sergei, Da Revolução à Arte, da Arte à
Revolução, Lisboa, Editorial Presença, 1974
EISENSTEIN, Sergei, O Sentido do Filme, Rio de
Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1990
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2 DEZ
ARSENAL
Aleksandr Dovzhenko. URSS: 1929. 90’
Aleksandr Dovzhenko. URSS: 1929. 90’
FICHA TÉCNICA
Argumento e Realização: Aleksandr Dovzhenko
Fotografia: Daniil Demutsky
Cenografia: Y. Shpinel, V. Miuller
Montagem: Aleksandr Dovzhenko
Produção: VUFKU
Origem: URSS
Ano: 1929
Duração: 90'
Argumento e Realização: Aleksandr Dovzhenko
Fotografia: Daniil Demutsky
Cenografia: Y. Shpinel, V. Miuller
Montagem: Aleksandr Dovzhenko
Produção: VUFKU
Origem: URSS
Ano: 1929
Duração: 90'
ELENCO
Semyon Svashenko
Amvrosi Buchma
Georgi Khorkov
Dmitri Erdman
Sergei Petrov
Semyon Svashenko
Amvrosi Buchma
Georgi Khorkov
Dmitri Erdman
Sergei Petrov
MÚSICA COMPOSTA POR: Igor Belza
MÚSICA DIRIGIDA POR: V. Ovchinnikov (restauro nos estúdios MOSFILMS em 1972)
A Primeira Guerra Mundial trouxe a devastação ao povo ucraniano. Timosh, um soldado ucraniano recentemente desmobilizado, chega durante a celebração da liberdade ucraniana. Começa a desafiar as autoridades locais e, depois, no congresso, pede a adopção do sistema soviético. Na fábrica de munições Arsenal, onde Timosh trabalhava, as emoções estão ao rubro.
Um dos clássicos do cinema soviético mudo, que Dovjenko realizou entre "Zvenigora" e "A Terra". Como é frequente no cinema de Dovjenko, a acção não é totalmente linear, progride através de momentos fortes. Estamos durante a Primeira Guerra Mundial, no momento em que começa a revolução bolchevique. Um operário de regresso da frente de guerra denuncia a política do governo e uma fábrica torna-se o centro revolucionário dos operários de Kiev. O filme é pontuado por diversas cenas célebres e marcantes: um comboio que descarrila, uma família de burgueses amedrontada no seu apartamento, o massacre dos grevistas pelos Brancos e sobretudo a prosopopeia final: fuzilado, o herói não cai e continua a desafiar os inimigos.
Cinemateca Portuguesa
KAUFFMANN, Stanley; HENSTELL, Bruce, American Film Criticism: from the beginnings to "Citizen Kane". New York: Liveright,1972
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4 NOV
A CASA NA PRAÇA TRUBNAIA,Boris Barnet. URSS: 1928. 86' (M/14)
Realização: Boris Barnet
Argumento: Nikolay Erdman, Anatoli Marienhof, Vadim Shershenevich, Viktor Shklovsky, Bella Zorich
Fotografia: Yevgeni Alekseyev
Origem: URSS
Ano: 1928
Duração: 86'
Classificação etária: M/14
interpretação
Vera Maretskaya, Vladimir Fogel, Yelena Tyapkina, Sergei Komarov, Anel Sudakevich
Argumento: Nikolay Erdman, Anatoli Marienhof, Vadim Shershenevich, Viktor Shklovsky, Bella Zorich
Fotografia: Yevgeni Alekseyev
Origem: URSS
Ano: 1928
Duração: 86'
Classificação etária: M/14
interpretação
Vera Maretskaya, Vladimir Fogel, Yelena Tyapkina, Sergei Komarov, Anel Sudakevich
IMDb
Boris Barnet (1902-1965) foi um realizador, argumentista e actor soviético, autor de mais de vinte filmes.
DOM NA TRUBNOI é uma sátira à hipocrisia da pequena burguesia, que sobrevivera na URSS à Revolução e que continuava, sorrateiramente, a explorar os necessitados. Mas aí está o sindicato vigilante para pôr as coisas em ordem. Uma das obras-primas de Barnet, o mais surpreendente realizador do cinema mudo soviético. E planos de antologia na sua obra, como os iniciais de uma alvorada nas ruas de Moscovo e de apresentação da praça Trubnaia com as casas comunais, filmadas num corte transversal que capta em simultâneo diversos movimentos e ações em diferentes patamares, apartamentos, personagens.
DOM NA TRUBNOI é uma sátira à hipocrisia da pequena burguesia, que sobrevivera na URSS à Revolução e que continuava, sorrateiramente, a explorar os necessitados. Mas aí está o sindicato vigilante para pôr as coisas em ordem. Uma das obras-primas de Barnet, o mais surpreendente realizador do cinema mudo soviético. E planos de antologia na sua obra, como os iniciais de uma alvorada nas ruas de Moscovo e de apresentação da praça Trubnaia com as casas comunais, filmadas num corte transversal que capta em simultâneo diversos movimentos e ações em diferentes patamares, apartamentos, personagens.
A Casa na Praça Trubnaia é um filme mudo de 1928, desconhecido durante muitos anos no Ocidente, redescoberto na década de 1990, e que é considerado um clássico do cinema russo.
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21 OUT
OUTUBRO
Sergei Eisenstein. URSS: 1928. 141’ (M/12)
Sergei Eisenstein. URSS: 1928. 141’ (M/12)
FICHA TÉCNICA
Título
Original / Internacional: Oktyabr
Realização: Serguei Eisenstein
Argumento: Serguei Eisenstein, Grigori Aleksandrov, a partir da obra de John Reed
Fotografia: Eduard Tissé
Montagem: Esfir Tobak
Com: Vassilli Nikandrov, Vladimir Popov, Boris Livanov, Eduard Tissé, Nikolai Podvoisky
Realização: Serguei Eisenstein
Argumento: Serguei Eisenstein, Grigori Aleksandrov, a partir da obra de John Reed
Fotografia: Eduard Tissé
Montagem: Esfir Tobak
Com: Vassilli Nikandrov, Vladimir Popov, Boris Livanov, Eduard Tissé, Nikolai Podvoisky
Produção:
Sovkino
Origem: Federação Russa
Duração: 144'
Ano: 1928
Origem: Federação Russa
Duração: 144'
Ano: 1928
Em estilo documental, são recriados os eventos
em Petrogrado, desde o final da monarquia em Fevereiro de 1917, até ao final do
governo provisório em Novembro desse ano. Lenine regressa em Abril. Em Julho,
os contra-revolucionários organizam uma revolta espontânea, e é decretada a
prisão de Lenine. No final de Outubro, os bolcheviques estão prontos a atacar.
Dez dias que irão abalar o mundo.
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