A preguiça tem imperado neste blog. Mas só aqui. Reparem:

Em Maio ficámos sem sala de cinema.


Mas Julho e Agosto tiveram filmes ao ar livre.

Em Setembro ficámos sem máquina de projecção.

Temos estado, e vamos permanecer enquanto convidados, a programar algumas sessões em dvd no Pequeno Auditório do Teatro das Figuras.

Estes últimos meses, contudo, passámo-los a tentar solucionar o problema do equipamento de projecção com o respectivo proprietário - a Delegação Regional do Ministério da Cultura.

O local que inaugurámos com "O Sangue" de Pedro Costa em Maio de 1991, esse, abriu-nos imediatamente as portas assim que demos conta das nossas aflições.

O Auditório do IPJ foi o nosso palco durante muitos e gloriosos anos. Numa sala renovada, agora com um som espectacular, sentimo-nos em casa. Sentimo-nos - de novo - em casa. Para mais muitos e gloriosos anos.

A quem cuidou que estivessemos moribundos, oferecemos com particular empenho esta prenda de Natal. A quem nunca duvidou da nossa capacidade de resistir, esta mesma prenda é oferecida com particular carinho.

A todos vós: esperamo-vos de abraços abertos.



É então assim que decidimos reiniciar - para fechar o ano honrosamente, com um belo programa, antecipando um ano novo que, esperamos MESMO, venha a ser BOM.



DEZEMBRO 2009

INSTITUTO PORTUGUÊS DA JUVENTUDE

Ciclo Eles vivem! (e nós também!!)


11 Dezembro
21h30
A Corte do Norte, João Botelho

Portugal, 2008, 120’

Adaptação possível do livro homónimo de Agustina Bessa-Luís, autora cujo estilo não se molda bem a adaptações cinematográficas, A Corte do Norte preserva a palavra de Agustina mas prescinde do dinamismo narrativo inerente ao cinema no seu estado mais puro, aquele que não está dependente dos vocábulos. Só que, dito isto, que imagens extraordinárias, que palavras impressionantes. Nesta história cruzada de mulheres de várias épocas, o texto de Agustina é muito bem lido, mas, principalmente, as imagens são de uma beleza de cortar a respiração, com enquadramentos rigorosíssimos e uma utilização da rodagem em formato digital para obter imagens que, sem exagero, são verdadeiros quadros em movimento. Ana Moreira é a âncora do filme, em cinco papéis diferentes, cujo eixo é uma jovem actual que tenta registar a vida das suas antepassadas durante o século e meio anterior numa casa da ilha da Madeira. A Corte do Norte não é filme para todos os gostos, mas naquilo a que se propõe, é difícil fazer muito melhor.
Luís Salvado , Timeout

Como sabem, eu era amigo do José Álvaro e admirador sem reservas da sua delicadeza e do seu trabalho. Exímio director de actores, apaixonado por esta arte que nos move, e talvez o único cineasta romântico que existia entre nós.
Deixou-nos cedo e deixou-nos um grande vazio.
Lembro-me das conversas intermináveis sobre os projectos dele, sobre os meus projectos, e sobre as obras que íamos acabando. Lembro-me (e foi há muito mais de 15 anos) da excitação, do entusiasmo com que ele me anunciou o acordo com a escritora Agustina Bessa Luís para adaptar para o cinema A Corte do Norte, o excepcional romance que ela inventou para a Madeira. E lembro-me das 30 páginas sublimes que ele na altura me deu a ler, o seu primeira tratamento de A Corte do Norte.
Em 2005, amigos do José Álvaro, e amigos meus, vieram inquietar-me com um desafio tão difícil como extraordinariamente fascinante. Honrar a sua memória, fazendo um filme digno dele e digno de Agustina.
Li na sua adaptação “impossível”, porque apontava caminhos talvez demasiado dispendiosos e complexos para os dias que corriam, para o dinheiro que poderia haver disponível. Demasiadas épocas e situações num desejo desenfreado de fazer uma saga romântica. Li o romance “impossível” da Agustina, em que algumas incongruências de datas e de nomes e até de acontecimentos não beliscam nada à torrencial saga de uma família excepcional numa ilha fascinante, nem ao deslindar, passo a passo, peça a peça, de um “puzzle” extraordinário. Um romance histórico, um clássico épico sobre a Madeira, e ao mesmo tempo, sobretudo uma investigação surpreendente de um mistério elegante e poderoso, que cega, desgraça ou transforma quem dele se aproxima.
Escolhi para adaptação apenas 4 épocas e 4 gerações, ao longo de 100 anos, e acho que não traio a Agustina nem o José Álvaro ao decidir assim.

João Botelho, Fevereiro de 2009


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12 Dezembro
21h30
Arena, João Salaviza

Portugal, 2009, 15’

A curta-metragem Arena de João Salaviza, a única película portuguesa no Festival de Cannes, venceu hoje a Palma de Ouro, feito inédito no cinema português. A ida pela primeira vez a este festival é já uma vitória, disse o realizador à agência Lusa, porque "mais do que o lado competitivo, Cannes é uma oportunidade para mostrar o filme a imensa gente". "Arena" conta a história de Mauro, um rapaz que está a cumprir uma pena em prisão domiciliária e que enfrenta o dilema de transgredir a lei para acertar contas com um grupo de miúdos marginais. Arena é um filme sobre violência urbana e juvenil, sobre bairros problemáticos que são verdadeiras "bombas-relógio".

Morrer como um Homem, João Pedro Rodrigues
Portugal, 2009, 133’

Há algo copiosamente fascinante no cinema de João Pedro Rodrigues. Doze anos volvidos sobre a curta-metragem "Parabéns" (com que espanto a descoberta, em 1997, no Festival de Veneza!) e após "O Fantasma" (2000) e "Odete" (2005), há uma coisa que já tomamos como certa a temática gay -, mas subsiste, aprofunda-se, ganha peso e emoção o efeito-surpresa que cada novo filme traz consigo. É como se João Pedro Rodrigues não quisesse sair do mesmo território, mas recusasse percorrê-lo com navegador de bordo ou coordenadas conhecidas. Cada viagem é um mergulho, pode-se mesmo dizer que cada vez mais profundo, à polifacética humanidade que o ocupa. Desta vez é a história de Tónia, um travesti que não se limita a vestir-se de mulher no bar onde é profissional do espectáculo, mas transporta essa transformação para a vida quotidiana. "Morrer como Um Homem" é um melodrama de que Sirk havia de gostar, fotografado por Rui Poças com a mestria de quem afeiçoa luz e cor, onde se questiona, com preciosa coragem, o balouço entre o varonil e o feminil, aceitando a verdade e escorraçando todos os mundos virtuais. E, cem anos que viva, a sequência do cemitério não a hei-de esquecer mais.
Jorge Leitão Ramos, Expresso

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13 Dezembro
18h00
Um Amor de Perdição, Mário Barroso

Portugal, 2008, 81’

Porquê Amor de Perdição, depois das adaptações de Georges Pallu (1921), António Lopes Ribeiro (1943) e, sobretudo, depois do inesquecível e marcante filme de Manoel de Oliveira (1978)?”, pergunta Mário Barroso na sua nota de intenções ao seu Amor de Perdição, que realizou. Porque, entre outras coisas, entende-se da nota de Barroso, este Amor de Perdição, não é tanto a história de amor (contrariedade) entre as personagens de Teresa e Simão, com conflito burguês em fundo, é mais uma história de destruição de um herói, Simão Botelho, que o realizador compara a Adele H, a filha de Victor Hugo, aos protagonistas de Elephant aos “kamikazes” do Iraque, a Jim Morrison, Sid Vicious ou Kurt Cobain – é doido como eles. “O ‘nosso’ ‘Amor de Perdição’ será, essencialmente, Simão Botelho, adolescente quase criança, solitário, intransigente narcisista, suicidário, destrutivo e auto-destrutivo que atrai ‘como uma auro fatal, uma luz negra, a maior parte das pessoas com quem se cruza’.
Ípsilon, Público

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19 Dezembro
21h30
Deus Não Quis, António Ferreira

Portugal, 2007, 15’

Conquistou o "Prémio de Melhor Montagem" no Festival de Cinema Europeu GRAND OF, na Polónia, e "Prémio de Melhor Banda Sonora" no Ovarvídeo. Com estas distinções, ascende a 13 os prémios conquistados por este filme Português, que conta já com selecções em mais de 20 festivais nos cinco continentes. A premissa simples é muito bem trabalhada por António Ferreira. Em 15 minutos se conta uma história, bem conseguida do ponto de vista formal, e que tem a particularidade de respirar a nossa portugalidade.

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O Sangue, Pedro Costa
Portugal, 1989, 98’
O Sangue é de um esplendor absoluto, uma obra de estreia de uma beleza de cortar a respiração. O Sangue é mais que uma obra-prima instantânea, um golpe de mestre ou a revelação de um jovem cineasta português. O Sangue faz parte desses primeiros filmes, muito raros (“La Nuit du chasseur, Les Amants de la nuit, Badlands, Lola, Shadows, Adieu Philippine, L’Enfance nue, Accatone…) que podemos classificar como milagrosos, cuja ambição é tão grande e os elementos difíceis de manipular que parecem ir direitos à catástrofe certa, até que nos apercebemos deslumbrados que saíram indemnes de todas as provas, que o que não os matou os tornou mais fortes, mais belos, mais essenciais. O SANGUE é um baptismo de fogo em forma de apoteose.
Fréderic Bonnaud, Les Inrockuptibles

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20 Dezembro
18h00
Singularidades de uma Rapariga Loira, Manoel de Oliveira

Portugal/França/Espanha, 2009, 63’

Singularidades de uma Rapariga Loura é o filme do centenário. E o centenário que comemora é o do próprio realizador, Manoel de Oliveira, que aos 100 anos de vida mostra uma juventude de espírito e uma energia produtiva de fazer inveja a muitos jovens. O seu mais recente filme (mas outro já está na forja!) adapta um conhecido conto de Eça de Queirós, uma história repleta da ironia do mestre do realismo literário português que é também uma subtil sátira aos costumes e convenções de uma burguesia medíocre e convencida. Oliveira, igualmente responsável pelo argumento, 'actualiza' a história de Eça, tal como fizera com A Princesa de Clèves, de Madame de La Fayette, em A Carta. Em ambos os casos, o que o autor procura é mostrar a permanência de regras, convenções e preconceitos que ditam as relações sociais e românticas ao longo dos tempos. Singularidades de Uma Rapariga Loura é exemplo de um cinema 'puro' há tanto tempo ausente e que tanta falta faz.
Manuel Cintra Ferreira, Expresso


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e já agora: FELIZ NATAL E BOM ANO NOVO!!

GOODNIGHT IRENE

O importante é a viagem

Em determinado momento de Goodnight Irene (Goodnight Irene, Portugal, 2008), o ator aposentado Alex (Robert Pugh), doente e manco, é levado pela bela pintora Irene (Rita Loureiro) a subir uma longa escadaria. Mais adiante no filme, depois que Irene já está desaparecida, ele aparece subindo a mesma escadaria sozinho. A dificuldade parece - e é - muito maior. A simetria das duas cenas diz muito sobre o filme português, em termos de ideias e também do domínio da linguagem do diretor estreante em longas Paolo Marinou-Blanco.

Alex é um rabugento de carteirinha: não faz a menor questão de ser simpático com ninguém. Mas isso não impede Irene de irromper em sua vida e estabelecer uma comunicação: mais do que isso, ela traz Alex para o seu mundo. Porém, depois de uma noite especialmente turbulenta, ela desaparece. E o velho ator percebe que não pode mais viver sem ela - porque ela o lembrou o que é a vida.

Nesse ponto, ele descobre que há mais alguém que não sabe viver sem Irene: o serralheiro Bruno (Nuno Lopes). Ele tem o estranho hábito de invadir casas alheias, pegar fotos e papéis para fazer cópias e depois devolver. É assim que lida com sua solidão. A primeira cena mostra a invasão do apartamento de Irene por dentro e o encontro entre os dois: não conta quase nada, mas, intrigante, fisga o espectador de imediato para então contar o que aconteceu antes.

A narração em off de Alex se confunde com seu trabalho de narração de documentários turísticos - logo ele, que tem dificuldades de locomoção e mal sai de casa. É Irene que o reapresenta ao mundo. Depois de seu sumiço, Alex volta a se enclausurar - mas no apartamento dela, em busca de alguma pista sobre seu paradeiro. E, a contragosto, com a companhia de Bruno. A obsessão de ambos por ela vai uni-los e empurrá-los, sem que saibam, para a vida de novo.

Marinou-Blanco mostra essa acomodação com sensibilidade e bom humor, além de bem colocadas citações teatrais. Suas escolhas de planos são bonitas e eloqüentes, principalmente quando Goodnight Irene finalmente se torna o road movie que anuncia ser desde sua meia hora inicial. Aqui, o filme mostra que está de acordo com uma postura que muitos road movies defendem - e a entrega a esse subgênero se torna até necessária para deixá-la clara: o importante não é o ponto de chegada, mas a viagem em si.

Goodnight Irene (Goodnight Irene). Portugal, 2008.

Direção: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Robert Pugh, Nuno Lopes, Rita Loureiro, Amadeu Caronho. Exibido no CinePort.


CINEPORT 2009


O Festival de Cinema de Língua Portuguesa - CINEPORT, que vai de 01 a 10 de maio, tem como homenageado para a edição 2009 Moçambique. O evento contará com mais de 150 filmes e acontecerá em João Pessoa, capital da Paraíba, no Nordeste brasileiro. A cidade é o "ponto mais oriental das Américas" e acolhe pela segunda vez o festival, que se encontra na sua quarta temporada.


Atente para a programação deste fim-de-semana e quem estiver em terra brasilis está mais que convidado para vislumbrar essa grande janela do nosso cinema de língua portuguesa:



SEXTA, DIA 01

- A abertura do festival será às 20 horas, na sexta, mas a programação já começa à tarde com os debates do II Encontro de Cineclubes da Paraíba, no Hotel Imperial, em Tambaú;

- À noite, na Usina Cultural, a primeira sessão para o grande público é a dos curtas paraibanos do Prêmio Energisa, às 20h30, na sala digital;

- Às 21 horas, será exibido pelo filme dirigido por HELENA IGNEZ: A CANÇÃO DE BAAL. Na Tenda Andorinha;

- Às 21h30, na sala digital, os curtas de ficção que concorrem ao Troféu Andorinha Digital;

- Às 22h30, é a vez de GOODNIGHT IRENE, de PAOLO MARINOU BLANCO, filme português indicado ao Troféu Andorinha de melhor filme, que mostra a obsessão de um ator inglês e um serralheiro por uma atraente pintora cheia de vida.



SÁBADO, DIA 02

- Às 16 horas tem uma mesa redonda do Encontro de Cineclubes, debatendo “Um raio-X da cinefilia paraibana”, no Hotel Imperial;

- Cinco curtas (e médias) paraibanos às 14 horas, na sala digital da Usina Cultural;

- Às 16 horas, um dos campeões de público do cinema nacional dos últimos anos: MEU NOME NÃO É JOHNNY, de MAURO LIMA, com SELTON MELLO, na Tenda Andorinha;

- Às 18 horas, também na Andorinha, novos filmes do cinema paraibano. Dois curtas de TORQUATO JOEL (GRAVIDADE e AQUI E AGORA) e o longa-metragem O SONHO DE INACIM, de ELIÉZER ROLIM, com JOSÉ WILKER;

- No mesmo horário, na sala digital, entram em cena os curtas paraibanos no Prêmio Energisa;

- Às 20 horas na sala digital, será exibido CRISTÓVÃO COLOMBO, O ENIGMA, do centenário - e grande - cineasta português MANOEL DE OLIVEIRA.



- O diretor português ALEXANDRE VALENTE apresenta seu filme SECOND LIFE, às 21 horas, na Tenda Andorinha;

- A sala digital ainda tem o documentário DA VIDA DAS BONECAS, às 21h30min., e os 12 curtas de animação que concorrem ao Andorinha Digital, às 22 horas;

- Um dos filmes nacionais inéditos nos cinemas paraibanos passa às 23 horas na Tenda Andorinha: FELIZ NATAL, estréia na direção do ator SELTON MELLO.



Aguardem que comentarei sobre os filmes e programação aqui e no meu blog pessoal. Salute, pessoal!

Mais Informações: http://www.festivalcineport.com/2009/

abril

PROEZAS DOCUMENTADAS

DIA 1
HOMEM NO ARAME


James Marsh, Reino Unido/EUA, 2007, 90’, M/6


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Em criança, quase todos os homens queriam ser astronautas. Philippe Petit queria subir ao topo de uma torre gémea e atravessar para a outra em cima de um finíssimo arame, sem qualquer cabo a prendê-lo e sem rede por baixo. O que para quase todos nós parece pura loucura, Petit relata ainda hoje com um brilho nos olhos, transmite aquela satisfação de momento maior do que a vida que foi alcançado. E isso, desculpem a piroseira, é bonito. E esse é um dos lados fascinantes de Homem No Arame (vencedor do Óscar de Melhor Documentário e mais uns 17 prémios): mesmo intrínseco, o fantasma das torres gémeas nunca nos persegue. Trata-se de um nada óbvio 'feel good movie', que entretém, entusiasma, fascina e até pode convencer alguém a chorar. André Santos, Timeout



DIA 15
RELIGULOUS - QUE O CÉU NOS AJUDE


Larry Charles, EUA, 2008, 101’, M/12


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RELIGULOUS acompanha o comediante Bill Maher ("Real Time with Bill Maher," "Politically Incorrect") na sua viagem a locais de culto religioso em todo o mundo, para entrevistar um vasto espectro de crentes em Deus e na Religião. Conhecido pela sua astuta capacidade analítica e pelo seu empenhamento em não ser agressivo para ninguém, Maher aplica a sua característica honestidade e espírito irreverente às questões da Fé, fazendo-nos entrar numa divertida e provocatória viagem espiritual. »Com fanáticos religiosos como George Bush e Osama bin Laden a dominarem o mundo, pareceu-me que era a altura certa para dar a este tema um fórum mais largo, insistente e focado que um programa de televisão emitido a altas horas da noite. Quis fazer um documentário e quis que fosse divertido.»


DIA 22
VALSA COM BASHIR


Ari Folman, Israel/ Alemanha/ França, 2008, 90’, M/16


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Mal vão os filmes de imagem real quando é o cinema de animação que pega de frente temas que aquele não quer, já não sabe ou evita olhar olhos nos olhos. A Valsa com Bashir, do israelita Ari Folman, que fez sensação este ano no Festival de Cannes, é uma longa-metragem de animação mais “adulta”, “séria” e política do que muitos filmes de imagem real que por aí andam a querer mostrar serviço de preocupação com a realidade. Nos seus 90 minutos canónicos, A Valsa com Bashir consegue ser o veículo autobiográfico de um difícil processo de terapia, a denúncia política das arbitrariedades cometidas pelo Estado de Israel através da sua política belicista, e uma demonstração de que a animação não serve apenas para inventar bonecos simpáticos ou antropomorfizar bicharada digitalmente.
Sérgio Abranches, Timeout


DIA 29
MOSTRA DE CIÊNCIA E CINEMA



THE LINGUISTS


Seth Kramer, Daniel A. Miller e Jeremy Newberger, EUA, 2007, 65’


BRILLIANT NOISE


Ruth Jarman e Joe Gerhardt , EUA/GB, 2006, 6’


OS SEÑORES DO VENTO


Xurxo González Rodríguez, Galiza, 2008, 10’

Em 2008 decorreu em A Corunha (Galiza) a primeira Mostra de Ciência e Cinema, na que participaram filmes procedentes de diferentes países da Europa, dos EEUU e até mesmo de Burkina Faso.
O Centro de Estudos Galegos da UAlg orgulha-se em apresentar junto com o Cineclube de Faro uma selecção dos melhores filmes apresentados. O evento conta com a presença do especialista em cinema Martin Pawley, programador e coordenador da mostra.

THE LINGUISTS


David e Greg son “os lingüistas”, científicos que se esforzan en documentar linguas en perigo de extinción. En Siberia, India e Bolivia, o labor dos lingüistas enfróntase ás moitas forzas quereprimen as linguas: racismo institucional e as violentas dificultades económicas. David e Greg deben superar os seus propios medos e prexuízos para sacar os falantes de décadas de silencio. A súa viaxe lévaos ao máis profundo das culturas e o coñecemento das comunidadesen estudo.


Estrea mundial no Festival de Cinema de Sundance 2008


Premio da Xuventude na I Mostra de Ciencia e Cinema

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BRILLIANT NOISE


Experimental: imaxes do Sol obtidas por diferentes sondas espaciais montadas en secuencias. Son imaxes sen limpar, que amosan o “ruido” producido polas partículas enerxéticas e o vento solar.


2º Premio na I Mostra de Ciencia e Cinema

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OS SEÑORES DO VENTO


Eles patentaron un sistema para dominar o vento. Dirixiron centos de botellas retando ao ceo. Mais como as botellas a vida tamén dá voltas. Tecnoloxía caseira para desafíar o vento nunha insólita instalación de“land art”.

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mais informações em http://cienciaecinema.org/ e http://www.thelinguists.com/

calvários

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Cinatrium, 21h30

FEVEREIRO

Dia 4
TROPA DE ELITE
, José Padilha, Brasil, 2007, 117’, M/16

Baseado na experiência de 19 anos de Pimentel como oficial da polícia militar e capitão da Batalhão de Operações Policiais (BOPE). Tropa de Elite foi o filme mais visto no Brasil em 2007 e vencedor do Urso de Ouro no Festival Internacional de Berlim em 2008. Apesar do fantasma dos esquadrões da morte, José Padilha não demoniza o BOPE pelas suas tácticas. Num estilo pseudo-documental, ele aponta o dedo à má formação profissional dada no passado à força policial, expondo, no processo, a apatia de uns e a hipocrisia de uma classe alta que simultaneamente consome a droga vinda da favela e se insurge contra as injustiças sociais. Gostava de acreditar que o Brasil não está preso a este círculo de combate da violência com uma violência ainda maior. As consequências só podem ser devastadoras. Para todos.

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Dia 11
EU QUERO VER
, Joana Hadjithomas e Khalil Joreige, Líbano / França, 2008, 75’, M/6

A ideia aqui é surrealista: fazer algo como um documentário com a estrela francesa Catherine Deneuve e com o reconhecido actor/artista libanês Rabih Mroué, numa viagem desde Beirute até às ruínas do Sul do Líbano causadas pela investida israelita em 2006. O casal de realizadores Hadjithomas e Joreige, que já demonstraram as suas capacidades criativas com a ficção libanesa A Perfect Day de 2005, conseguiram
fazê-lo. E de forma brilhante. Estes co-realizadores politicamente activos desbravaram novo território na discussão da fusão documentário/ficção.
Howard Feinstein, Screen Daily


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Dia 19, 5ª FEIRA
CAOS CALMO
, Antonello Grimaldi, GB/Itália, 2008, 107’, M/16

Não é exactamente um filme de Nanni Moretti, apesar da sua presença no papel principal e da sua co-autoria no argumento, mas podia ser, porque é impossível não ver nele o Moretti que nos habituámos a ver em filmes anteriores. Porque, enfim, "Caos Calmo" é uma variação sobre o sublime "O Quarto do Filho" que se podia chamar "O Banco do Pai". Um melodrama elegante em tom levemente efabulatório, transportado pela interpretação soberba de um Moretti que revela ser actor de muitos mais recursos do que os seus próprios filmes muitas vezes lhe pedem.
Jorge Mourinha, Público


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Dia 25
O SILÊNCIO DE LORNA
, Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne, Alemanha/Bélgica/França/Itália, 2008105’, M/12

Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, que já foram os vencedores do Festival de Cannes em duas ocasiões, com "Rosetta" (1999) e "A Criança" (2005), ganharam o prémio de melhor argumento, este ano, no mesmo festival, com "O silêncio de Lorna". Os realizadores apostam muitas vezes num cinema quase neo-realista, retratando, desta feita, as migrações e as redes criminosas criadas a seu redor. "O silêncio de Lorna" traça o retrato de uma jovem mulher que tem os sonhos delapidados pela culpa e que se agarra a uma esperança longínqua. Simples, directo e muito humano é certo que "O Silêncio de Lorna" não deixará nenhum espectador indiferente.

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MARÇO

DIA 4
A ONDA
, Dennis Gansel, Alemanha, 2008, 101’, M/16

O fascismo e a contribuição de comportamentos individuais para o desastre colectivo são temas que o realizador Dennis Gansel já tinha abordado em ‘A Queda’ (2004). Em ‘A Onda’ (2008) também parte de acontecimentos reais. Num liceu em Palo Alto (Califórnia), nos anos 60, um professor, em vez de teorizar sobre a ditadura, criou na turma um microcosmos totalitário. Começou por construir um forte espírito de disciplina e grupo. Ao fim de poucos dias, já estava assustado com os resultados, que extravasavam o ‘laboratório’.
Joana Amaral Dias, correiodamanha.pt

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DIA 11
QUATRO NOITES COM ANNA
, Jerzy Skolimowski, França/Polónia, 2008, 87’, M/12

Um dia, ele desapareceu. Jerzy Skolimowski entrou no silêncio. E aí ficou durante 17 anos. Poeta desconcertante, cineasta desconcertado, deixou a
Polónia e assim perdeu o seu país natal, apagado pelas últimas convulsões do comunismo. Skolimowski entrega hoje QUATRO NOITES COM ANNA, um filme excepcional, soberbo, sobre a ilusão, o amor, o olhar, a loucura. Cada imagem, cada movimento de câmara, cada resposta é a expressão de uma
urgência, de uma necessidade, de uma mestria absolutas.
François Forestier, Le Nouvel Observateur

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DIA 18
VALSA COM BASHIR
, Ari Folman, Israel/ Alemanha/ França, 2008, 90’, M/16

Mal vão os filmes de imagem real quando é o cinema de animação que pega de frente temas que aquele não quer, já não sabe ou evita olhar olhos nos olhos. A Valsa com Bashir, do israelita Ari Folman, que fez sensação este ano no Festival de Cannes, é uma longa-metragem de animação mais “adulta”, “séria” e política do que muitos filmes de imagem real que por aí andam a querer mostrar serviço de preocupação com a realidade. Nos seus 90 minutos canónicos, A Valsa com Bashir consegue ser o veículo autobiográfico de um difícil processo de terapia, a denúncia política das arbitrariedades cometidas pelo Estado de Israel através da sua política belicista, e uma demonstração de que a animação não serve apenas para inventar bonecos simpáticos ou antropomorfizar bicharada digitalmente.
Sérgio Abranches, Timeout


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DIA 25
VENENO CURA
, Raquel Freire, Portugal, 2007, M/16, presença da realizadora

Três histórias de mulheres, presas em relações amorosas e em situações familiares extremas. À beirado inferno ou da redenção. A estrutura é fragmentária. Raquel Freire não conseguiu os laços unificadores para cerzir as histórias-limite de três mulheres a quem o corpo, a líbido e a vida conduziram a vertigens e a abismos. E, porque quis tocar as cordas últimas onde se enforcam os desesperos, não há que esperar uma fácil digestão para algo que, evidentemente, tem mais riscos que arrimos. Por isso, "Veneno Cura" não é um filme equilibrado - mas é um filme com verdade dentro. Quer dizer: eu acredito naquela gente (que actrizes, meu Deus!), acredito e comovo-me, mesmo quando vejo ritualizações de deboche que me parecem periclitantes. Digamos que o sangue que corre nas veias desta fita é quente e contagiante. E é sobretudo isso que devemos pedir a um filme.
Jorge Leitão Ramos, Expresso


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"Top Ten Time"

Stanley Fish revela os que, para si, são os dez melhores filmes de sempre. É a febre das passagens de ano.