LOVELESS - SEM AMOR | 6 MAR | TEATRO DAS FIGURAS | 21H30



LOVELESS – SEM AMOR
Andrey Zvyagintsev
França/Rússia, 2017, 127’, M/14
 
FICHA TÉCNICA
Título Original - Nelyubov
Realização: Andrey Zvyagintsev
Argumento: Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin
Montagem: Anna Mass 
Fotografia: Mikhail Krichman Música: Evgueni Galperine e Sacha Galperine 
Interpretação: Maryana Spivak, Aleksey Rozin, Matvey Novikov
Origem: França/Rússia
Ano: 2017
Duração: 127’ 

FESTIVAIS E PRÉMIOS
Cannes 2017 - Prémio do Júri
Oscares 2018 – nomeado para melhor filme de língua estrangeira
 

TRAILER


CRÍTICAS
 
O realizador Andrey Zvyagintsev afirma-se a cada projecto como um dos mais interessantes autores contemporâneos, escreve o nosso crítico. Loveless- Sem Amor está nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro
Há um momento em que Boris e Zhenya, o casal de classe média que ainda partilha um apartamento onde discutem os dias que restam até ao desejado divórcio - ela já está numa relação com um homem mais velho e rico; ele tem uma namorada com quem espera um filho -, ouvem na rádio que uma profecia de um culto maia prevê o fim do mundo para os próximos dias. Nada de tão drástico acontece em Loveless - Sem Amor, este extraordinário filme de Andrey Zvyagintsev nomeado para Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, o mesmo que já tinha realizado Leviathan (uma obra-prima) e que se afirma a cada projecto como um dos mais interessantes autores contemporâneos. Mas talvez seja isso o mais assustador: o colapso da civilização não será espectacular nem explosivo; a nossa derrota estará marcada no rosto de Alyosha, o rapaz de 12 anos que se esconde na casa de banho enquanto ouve os gritos dos pais que não o desejam. A revelação do seu choro silencioso, num plano inesquecível, é imensamente perturbadora e assombra o resto do filme, manchando o futuro que os protagonistas acreditavam ser promissor.
Quando a criança desaparece, as buscas que se seguem servem apenas para demonstrar a falência das instituições e a destruição moral de quem não a protegeu. É um poderoso e devastador comentário sobre a Rússia (onde viver é, o próprio Zvyagintsev admite, como estar num campo de minas) que não oferece possibilidade de redenção, criando inúmeras sequências que ficam marcadas na pele como gelo que queima.
Tiago Santos, Sábado

  
O realismo austero de Andrey Zvyagintsev
Foi um dos grandes filmes do último Festival de Cannes: "Sem Amor", do russo Andrey Zvyagintsev, chega, finalmente, ao mercado português numa altura em que está na corrida para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Em termos mediáticos, um dos efeitos mais perniciosos da "temporada dos prémios" e, em particular, da corrida aos Oscars é o apagamento público de muitos filmes. Dir-se-ia que só se fala daqueles três ou quatro títulos ("melhores" ou "piores", não é isso que está em causa) que podem ganhar alguns dos prémios principais... Como se o cinema fosse um campeonato que reproduzisse as atribulações das competições futebolísticas.
"Sem Amor", um notável drama familiar assinado pelo russo Andrey Zvyagintsev, será, por certo, infelizmente, um dos filmes mais penalizados por tal conjuntura mediática. O que, importa sublinhar, é tanto mais absurdo quanto se trata de uma obra que... está nos Oscars! É o candidato nomeado, em representação da Rússia, na categoria de melhor filme estrangeiro!
Foi também, aliás, um dos grandes filmes da última edição de Cannes (onde recebeu o Prémio do Júri). Em cena está uma criança, de nome Alyosha (Matvey Novikov), cujos pais (Maryana Spivak e Alexey Rozin) estão a viver um agitado processo de divórcio — cada vez mais marcado pela violência emocional que domina o ambiente caseiro, um dia, Alyosha desaparece...
Um esquema policial? Sim, sem dúvida, embora apenas como discreto motor narrativo. Fiel a um realismo austero, Zvyagintsev é um cineasta das mais subtis nuances do comportamento humano, desse modo (re)valorizando um cinema de contrastadas emoções em que descobrimos as personagens divididas entre o seu papel social e as suas vivências privadas — daí que "Sem Amor", sendo um objecto eminentemente russo nas referências e lugares, seja também um filme de enorme apelo universal.
Isto sem esquecer que as singularidades do trabalho de Zvyagintsev (recordemos "Leviatã", lançado em 2014) passam sempre pelas suas qualidades de director de actores. É com eles, e através deles, que o cineasta expõe a filigrana dos sentimentos humanos, num jogo constante de evidências e ilusões, máscaras cínicas e verdades irrecusáveis — além do mais, no papel da mãe, Maryana Spivak foi este ano, de longe, a mais espantosa actriz que vimos na competição de Cannes.
João Lopes, rtp.pt/cinemax
 

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