A PAIXÃO DE VAN GOGH | 2 JUL | 22H | CLAUSTROS MUSEU MUNICIPAL FARO




A PAIXÃO DE VAN GOGH
Dorota Kobiela e Hugh Welchman
UK/ PL, 2017, 95’, M/ 14

FICHA TÉCNICA
Título Original: Loving Vincent
Realização: Dorota Kobiela e Hugh Welchman
Argumento: Dorota Kobiela, Hugh Welchman e Jacek Dehnel
Montagem: Dorota Kobiela e Justyna Wierszynska
Fotografia: Tristan Oliver e Lukasz Zal
Música: Clint Mansell
Interpretação: Douglas Booth (voz), Jerome Flynn (voz), Robert Gulaczyk (voz), Josh Burdett (voz), Holly Ear (voz), Robin Hodges (voz)
Origem: Reino Unido/ Polónia
Ano: 2017
Duração: 95’


FESTIVAIS E PRÉMIOS

Annecy International Animated Film Festival 2017 – Prémio Audience Award
Shanghai International Film Festival 2017 – Prémio Best Animation Film



 TRAILER


CRÍTICA

Esta animação levou cinco anos a fazer, foi inteiramente pintada à mão, dá vida aos quadros de Van Gogh e explora uma tese alternativa sobre a sua morte. Eurico de Barros dá-lhe quatro estrelas.
Van Gogh é um dos pintores favoritos do cinema. Já o vimos em filmes tão diversos como “A Vida Apaixonada de Van Gogh”, de Vincente Minnelli (1956), “Vincent”, de Paul Cox (1987), “Vincent & Theo”, de Robert Altman (1990), “Van Gogh”, de Maurice Pialat (1991), ou ainda interpretado por Martin Scorsese num dos episódios de “Sonhos de Akira Kurosawa”, do mestre japonês (1990). Mas nunca o tínhamos visto como em “A Paixão de Van Gogh”, a animação de longa-metragem do inglês Hugh Welchman e da polaca Dorota Kobiela, pintado a óleo e objecto de uma investigação de pendor policial sobre a sua própria morte. O filme não é mais uma biografia do pintor, abraçando a tese segundo a qual Van Gogh não se suicidou mas foi assassinado (talvez involuntariamente), expressa pelos seus biógrafos Steven Naifeh e Gregory White Smith num livro de 2011, “Van Gogh: The Life”.
Ao abordar esta hipótese heterodoxa sobre a morte do pintor, Welchman e Kobiela recorreram a um processo pouco convencional, que transformou “A Paixão de Van Gogh” na “primeira longa-metragem totalmente pintada do mundo”. Para animar o filme, que tem actores de carne e osso e usa também tecnologia digital, foram precisos 120 artistas, que pintaram à mão 65 mil fotogramas, usando a mesma técnica e o estilo de Van Gogh e transformando os quadros numa animação de hora e meia. A história, passada um ano depois da morte do pintor é, assim, contada através de dezenas de obras dele, protagonizada por pessoas com quem privou ou apenas retratou nesses mesmos quadros, e ambientada em locais onde viveu e que representou nas telas. Van Gogh aparece apenas em “flashbacks” monocromáticos e no final da fita, que além de contrariar a explicação geralmente aceite sobre a sua morte, recusa também o estereótipo popular do génio atormentado e suicida, o “pintor visionário e maluco ”. Este Van Gogh está mais próximo do interpretado por Jacques Dutronc na fita de Pialat do que do de Kirk Douglas na de Minnelli.
As características cinéticas da sua pintura, tal como o seu intenso e deslumbrante uso da cor, prestam-se muito bem a uma transposição para o universo cinematográfico, e da animação em especial, se bem que nos possamos perguntar se não teria sido mais prático e infinitamente menos penoso, e não poderia ter sido obtido um efeito semelhante, se os realizadores tivessem recorrido apenas à técnica do “rotoscoping”, como fez Richard Linklater nas suas animações “Waking Life” e “A Scanner Darkly” , ou Ari Folman em “A Valsa com Bashir”. Mas Welchman e Kobiela quiseram estar o mais próximo possível do espírito, da identidade estética e da autenticidade estilística dos quadros de Van Gogh e daí este exemplo consumado de “slow cinema”. “A Paixão de Van Gogh” demorou cinco anos a fazer. É um “tour de force” técnico e artístico, onde se combinam pintura tradicional, actores e computadores. 
 
O inquérito “detectivesco” sobre as circunstâncias da morte de Van Gogh levado a cabo por Armand Roulin, o filho do carteiro do artista, em Auvers-sur-Oise, é suficientemente plausível para nos absorver e atenuar a gradual diminuição do efeito de novidade, inevitável num filme de hora e meia, bem como um certo virtuosismo repetitivo que existe em “A Paixão de Van Gogh”, onde os actores foram escolhidos pela sua parecença com as figuras dos retratados nos quadros, e encontramos nomes como Douglas Booth, Saoirse Ronan, Helen McCrory ou o veterano John Sessions (Van Gogh é personificado pelo polaco Robert Gulaczyz). Mas não sejamos demasiadamente picuinhas com “A Paixão de Van Gogh”, porque tão cedo não veremos um filme como este. Tendo em conta a trabalheira que envolveu, talvez mesmo nunca mais.
Eurico de Barros, Observador 


CURTA-METRAGEM DE ABERTURA DA SESSÃO
STUART, Zepe ,PT, 2006, 11'


 Deambulações por uma Lisboa sórdida e abandonada a partir da obra gráfica de Stuart de Carvalhais.
 Técnica de Animação: Desenho sobre papel
 


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