programação de Março!

CICLO A VERDADE DA MENTIRA

IPJ – 21H30

Dia 7
I'm still Here

Casey Affleck

EUA, 2010, 107’, M/16

É o filme mais polémico do ano e está a gerar reacções viscerais por todo o lado . Um dia Joaquin Phoenix enlouqueceu. Contava com duas nomeações aos Óscares quando disse ao mundo que queria deixar a sua carreira de actor para dar início à sua vida de rapper. Pouco depois apareceu no talk show de David Letterman. Com milhões a ver o programa, o actor surgiu barbudo, desleixado e com ar de quem não estava totalmente consciente. Pensou-se que seria mais uma típica história de uma estrela caída em desgraça. Uma ideia que ganhava outra força se pensarmos que River Phoenix, o irmão e também actor, morrera aos 23 anos com uma overdose. A carreira de rapper não pegou e de repente começamos a ouvir falar de um documentário que o cunhado do actor, Casey Affleck, andava a realizar.
Quando o filme começou a ser exibido surgiu a dúvida: seria documentário ou ficção? Será que Casey Affleck tinha filmado uma obra muito pessoal, porque invasiva, sobre a decadência de Joaquin? Ou afinal tinha sido tudo encenado?
Pedro Pina

Dia 14
Tu Que Vives

Roy Andersson

Suécia/ Alemanha/ França/ Dinamarca/ Noruega/ Japão, 2007, 95´, M/12

57 pequenos episódios tragicómicos sobre o dia-a-dia dos homens e mulheres nas cidades e nos países da Terra: os seus desejos e ambições, as suas misérias e desgostos, as suas grandezas e a sua mesquinhez... Uma comédia seca e existencialista realizada pelo cineasta de culto sueco Roy Andersson ("Songs from the Second Floor"), considerado um dos segredos mais bem guardados do cinema contemporâneo. Combinando a precisão maníaca do Tati da era "Playtime" com o absurdo levado às últimas consequências, o cinema de Andersson compõe-se de curtos sketches secos, de um humor negro quase desesperado, agrupados não por uma (inexistente) sequência narrativa mas por uma lógica sensorial. Mais trabalhado que o anterior filme, construído com um requinte visual e formal meticuloso à volta de personagens que contam os seus sonhos aos espectadores, "Tu Que Vives" revela ao público português um talento absolutamente único que se recusa a encaixar em qualquer gaveta onde se queira arrumá-lo.
Jorge Mourinha

Dia 21
O Mágico*

Sylvain Chomet

Reino Unido/ França, 2010, 80’, M/6

A partir de um guião original de Tati, o autor de "Belleville Rendez-vous" animou uma pequena elegia melancólica sobre o tempo que passa. Poesia em movimento. Tati sem ser Tati, Chomet sem ser Chomet, amalgamando elementos de ambos (e também da banda-desenhada clássica, com um perfume da "linha clara" franco-belga) para construir uma pequena elegia melancólica sobre um tempo perdido para nunca mais voltar. O filme é, cena a cena, visualmente espantoso, com panorâmicas de estarrecer e a colher do universo de Tati uma atenção inusitada aos detalhes, aos pequenos nadas do dia-a-dia, além de uma quase total ausência de diálogos, substituídos, na maioria das vezes, por expressões ininteligíveis. Mais ainda: há na relação entre as duas personagens centrais uma ternura, uma riqueza e uma complexidade não verbalizadas que deixam a perder a vista a maior parte do cinema que por aí vemos. Ou seja, pura magia cinematográfica.
Luís Salvado

*Sessões para escolas às 10h30 e 14h30

Dia 28
Dos Homens e dos Deuses

Xavier Beauvois

França, 2010, 120’, M/12

Com base em factos reais, o filme vencedor, em 2010, do Grande Prémio do Júri em Cannes é, acima de tudo, uma reconciliação entre a fé católica e a islâmica e uma recusa absoluta de qualquer forma de fundamentalismo. A história, que culmina no assassinato de sete monges na Argélia dos anos 90, é um belíssimo hino espiritual e profundamente humanista.
As personagens são o maior segredo do filme. Consagrados à vida monástica, os monges de Beauvois manter-se-ão fiéis a uma forma de resistência que os condena a ficar - e vão até ao fim do sacrifício. Até que aquele receio de morrer se transforme numa certeza pacificadora, fraternal, que se sabe pronta para o que vai receber. Nesta transformação está a profissão de fé de um filme torturado, controverso, que desafia a nossa consciência.
Francisco Ferreira


CICLO BEAUTIFUL IÑÁRRITU

SEDE - 21H30 - ENTRADA LIVRE


Uma revisitação da obra do mexicano Alejandro González Iñárritu a propósito do seu recente Biutiful – a qualidade dos três primeiros filmes devia-se aos argumentos de Guillermo Arriaga ou Iñarritu vale por si mesmo?



Dia 9
Amor Cão

México, 2000, 147’, M/12

Nomeado para Oscar na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira . Prémios: Canal +, Hugo de Ouro para Melhor Filme e e Hugo de Prata para Melhor(es) Actor(es) em Chicago, Melhor Filme e Melhor Realização nos festivais de Edimburgo, Flandres, Havana, Tóquio e Fantasporto.

Dia 16
21 Gramas

EUA, 2003, 124’, M/16

O maior prodígio do filme é precisamente esse: apesar da montagem dar mais pulos do que um gafanhoto, no final o espectador tem diante de si uma história com sentido e bem engendrada. Um dos filmes mais intelectualmente estimulantes dos últimos tempos. E dizer isto já não é dizer pouco.

Dia 23
Babel

EUA/ México, 2006, 142’, M/12

Quatro histórias, quatro países, seis idiomas, centenas de actores (e não actores). Com tudo isso lidou Iñárritu para completar a sua “trilogia da dor”. Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal são os nomes mais conhecidos do grande elenco de um filme feito a partir das entranhas, duríssimo mas cheio de esperança.
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2 comentários:

Anónimo disse...

Inarritu vale claramente por si mesmo...
Já o Arriaga é um grande contador de histórias (entenda-se argumentista, além dos 3 do inarritu, o argumento dos três enterros de malaquiades também é genial, não vi o bufalo da noite, apenas li portanto não posso opinar sobre esse)...mas falha rotundamente como realizador (o burning plain é mediocre na melhor das hipoteses).
O que impressiona no Inarritu não é aquilo que filma, mas sim como o filma.

Sonat disse...

Uau que programação excelente... tenho andado a tentar ver o "I'm still here", do qual já ouvi imenso falar, mas não o encontro.