O
GUIA DE IDEOLOGIA DO DEPRAVADO
Sophie Fiennes
Reino
Unido/ Irlanda, 2012, 134’, M/16
FICHA TÉCNICA
Título Original: Pervert's
Guide to Ideology
Realização: Sophie Fiennes
Argumento: Slavoj
Žižek
Montagem: Sophie Fiennes
Fotografia: Remko Schnorr
Música: Magnus Fiennes
Origem: Reino
Unido/ Irland
Ano: 2012
Duração: 134’
FESTIVAIS E PRÉMIOS
Doclisboa'13 - Sessão Especial
DECLARAÇÃO DA
REALIZADORA
“Quase imediatamente
depois da estreia de O GUIA DE CINEMA DO DEPRAVADO, o Slavoj sugeriu-me que
fizéssemos O GUIA DE IDEOLOGIA DO DEPRAVADO – e aqui está ele.
A ideologia é um tema
de enorme relevância na obra de Žižek. As suas raízes no pensamento psicanalítico
possibilitam uma nova compreensão de como o nosso mundo está estruturado. 2012
parece ser a altura absolutamente ideal para fazer este filme. Foi
entusiasmante e exigente para mim reunir estas ideias num filme. Através dos
exemplos que usamos, tão díspares como filmes, música, dados históricos e
acontecimentos actuais, a ideologia surge como uma moldura fantasiosa em
constante mutação que molda todas as sociedades.
Agradeço ao Slavoj a
sua generosidade, confiança e, claro, o seu fenomenal sentido de humor!”
Sophie Fiennes
O filósofo esloveno Slavoj Zizek volta a
colaborar com a cineasta inglesa Sophie Fiennes: "O Guia de Ideologia do
Depravado" propõe-se reflectir sobre os mecanismos ideológicos a partir de
cenas de filmes muito conhecidos.
O filósofo esloveno Slavoj Zizek é um genuíno cinéfilo — gosta de filmes; gosta de percorrê-los para além de qualquer dicotomia "bom/mau"; enfim, vê e pensa o cinema como componente viva de um aparato imenso onde se cruzam os valores sociais, os seus efeitos visíveis e também os seus recalcamentos.
Em 2006, desenvolvera uma primeira colaboração com a cineasta inglesa Sophie Fiennes (irmã do actor Ralph Fiennes), sob a designação "O Guia de Cinema do Depravado" (título original: "The Pervert's Guide to Cinema"). Agora, com "O Guia de Ideologia do Depravado" ("The Pervert's Guide to Ideology"), os dois propõem uma espécie de derivação argumentativa do filme anterior — trata-se de discutir o que é a ideologia, conservando sempre os filmes como fundamental matéria de reflexão.
Até
certo ponto, a mise en scène deste "Guias" funciona
a partir das matrizes tradicionais do documentário: Fiennes coloca a sua câmara
face a Zizek que, por sua vez, vai desenvolvendo as suas reflexões a partir de
extractos de filmes. Em todo o caso, há uma diferença, com tanto de irónico
como de pedagógico, que importa sublinhar: o protagonista aparece em cenários
que, muito explicitamente, copiam ambientes dos filmes citados [exemplo aqui em
cima: "Laranja Mecânica", de Stanley Kubrick].
Os
autores citados são muitos e muito variados, de John Carpenter (Eles
Vivem") a Martin Scorsese ("Taxi Driver"), passando por James
Cameron ("Titanic"). Sempre de acordo com uma lógica de ocupação:
Zizek aparece, por assim dizer, como figurante esquecido dos seus bastidores,
propondo-nos novas formas de entendimento das suas imagens, cenas e valores. Em
última instância, redescobrimos os filmes como etapas de um labor ideológico
que envolve todas as formas de percepção, consciente & inconsciente, do
mundo à nossa volta — e mesmo quando podemos não nos reconhecer nas argumentações
propostas, esta é sempre uma viagem empolgante.
João
Lopes,
rtp.pt/cinemax/
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