PLUG AND PLAY
Michael
Frey, Suíça, 2013, 6'
Criaturas antropóides, com tomadas em vez de cabeças, preparam-se para
fazer estragos. Em vez de se abandonarem aos ditames do dedo erguido,
rapidamente se submetem a si mesmas. Mas os dedos também “dedilham” por aí.
Será amor?
O JOGO DA IMITAÇÃO
Morten Tyldum, 2014, EUA,
113’, M/12
FICHA
TÉCNICA
Título original: The Imitation Game
Realização: Morten Tyldum
Argumento:
Graham Moore, baseado no livro "Alan Turing: The Enigma", de Andrew
Hodges
Montagem: William Goldenberg
Fotografia: Oscar Faura
Música: Alexandre Desplat
Interpretação: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode
Origem:
GB/EUA,
Ano:
2014
Duração:
114’
PRÉMIOS
Oscar
para o Melhor Argumento
Adaptado
Nomeações para os Oscares 2015:
Melhor Actor - Benedict Cumberbatch
Melhor actriz secundária-Keira Knightley
Melhor filme
Melhor Realizador
Melhor Edição
Melhor banda sonora original
Production Design
Melhor Actor - Benedict Cumberbatch
Melhor actriz secundária-Keira Knightley
Melhor filme
Melhor Realizador
Melhor Edição
Melhor banda sonora original
Production Design
CRÍTICAS
Uma interpretação soberba de
Benedict Cumberbatch numa meditação sobre a diferença disfarçada de thriller de
guerra.
Pode parecer algo
“insensível” evocar a popular série de comédia A Teoria do Big Bang para falar de Alan Turing, matemático
inglês que lançou as bases dos computadores modernos e teve um papel fulcral na
decifração dos códigos militares alemães durante a II Guerra Mundial.
Não
é, por uma simples razão: a própria estratégia do argumentista Graham Moore e
do realizador Morten Tyldum em O
Jogo da Imitação é introduzir a personagem ao espectador (numa
cena notável que brinca com o conceito das “entrevistas de emprego”) como
um idiot savant que
parece existir numa realidade alternativa, um génio matemático incapaz de jogar
o jogo social. Esse início algo brusco e picaresco remete invariavelmente para
Sheldon Cooper, o físico imaturo da Teoria do Big Bang – e é essencial para estabelecer a
base do que se seguirá. O filme é a história da “aprendizagem” que Turing faz
da necessidade de se integrar na estrutura social de uma Inglaterra classista e
rígida, mas também a história de um homem condenado pela sua genialidade que acabou
por se suicidar em 1954 sem que a importância do seu trabalho fosse reconhecida
em vida.
O
Jogo da Imitação esconde essa dimensão trágica por trás
de uma narrativa clássica de thriller de
guerra, ligada à corrida contra o tempo da equipa de criptógrafos recrutada
pelo governo inglês para descodificar as comunicações militares alemãs. Por
trás desse problema matemático, é uma metáfora da própria humanidade de Turing
que se gere: o título refere-se ao célebre “teste de Turing” onde um pequeno
número de perguntas seria suficiente para identificar e diferenciar uma
inteligência humana de uma inteligência artificial. Mas esse “jogo da imitação”
é também o jogo da identificação e diferenciação da “normalidade” e do
“desvio”. Reflecte a tragédia de Turing como um visionário desfasado do seu
tempo, uma personalidade quase autista que, apesar dos seus melhores esforços,
nunca conseguiu integrar-se completamente na sociedade rígida da Inglaterra
pós-imperial. E o filme ganha-se precisamente na elegância com que Morten
Tyldum tece o seu retrato de Turing como prisioneiro do seu tempo histórico
mais do que como símbolo do que quer que seja.
Para isso contribui
sobremaneira a interpretação espantosa de Benedict Cumberbatch, que transforma
o cientista quase sem esforço de proto-Sheldon Cooper em figura trágica, que
transporta às costas um filme mais inteligente do que a aparência de “filme de
época britânico” daria a entender (e é uma produção americana dirigida por um
cineasta norueguês). E é a maneira certa de falar de Alan Turing: como uma
pessoa demasiado complexa para um mundo que não aceitava essa
complexidade.
Jorge
Mourinha, publico.pt/
[...] Aquilo que é especial
neste filme é que não é a típica história sobre a Segunda Guerra Mundial. Pelo
contrário, toda a acção de campo é praticamente ignorada, e o maior foco
encontra-se no trabalho de bastidores que permitiu que a
vitória dos Aliados fosse possível. São ilustradas todas as decisões difíceis e
todo o trabalho árduo que raramente é mencionado, quanto mais glorificado.
Para além disto, o
enredo toca em pontos essenciais acerca da incompreensão humana em relação à
diferença, sendo esta vista como uma fraqueza, e não como uma eventual fonte de
inovação e genialidade. Tudo o que de positivo possa surgir de alguém
considerado invulgar é visto como insuficiente, por muito brilhante que possa
ser, algo que aconteceu exatamente a Alan Turing. Outro aspecto muito positivo
é a forma como a homossexualidade de Turing está presente e é importante, mas
não se sobrepõe ao resto da sua identidade, não sendo de todo o foco da
história, de maneira a não retirar a principal relevância aos seus feitos
intelectuais.
A representação é fabulosa, especialmente da parte de
Benedict Cumberbatch, sendo este capaz de comover com a sua subtileza na
interpretação de Alan Turing. Todos os outros atores também representam de
forma cativante, fazendo com que o enredo seja ainda mais envolvente.
Alan Turing permitiu, com a sua mente, que muitas vidas
fossem poupadas, diminuindo a duração da guerra em dois anos. No entanto, ao
contrário do que seria esperado, chegou ao final da sua vida de forma
humilhante e indigna. “O Jogo da Imitação” é o reconhecimento que merecia ter
recebido há dezenas de anos atrás.
Sara Lopes, magazine-hd.com
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