A LAGOSTA | 18 OUT | TMF | 21H30



A LAGOSTA
Yorgos Lanthimos

 GR/ RU/ IE/ NL/ FR, 2015, 118’, M/16

FICHA TÉCNICA
Título original: The Lobster
Realização: Yorgos Lanthimos
Argumento: Yorgos Lanthimos e Efthymis Filippou
Montagem: Yorgos Mavropsaridis
Fotografia: Thimios Bakatakis
Interpretação: Jacqueline Abrahams, Roger Ashton-Griffiths, Jessica Barden, Olivia Colman, Colin Farrell, Rachel Weisz
Ano: 2015
Duração: 118’
Origem: Grécia/Irlanda/ Holanda/ Reino Unido/ França

FESTIVAIS E PRÉMIOS
Festival de Cannes - Prémio do Júri 
Estoril Film Festival - Grande Prémio
Óscares - nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro

 



CRÍTICAS

Lanthimos sabe usar a seu favor o elenco de luxo que reuniu para este seu primeiro filme em inglês, e permite ao espectador instalar-se no seu universo estranho e surreal.
[...] o absurdismo hiper-controlado e misteriosamente tocante de A Lagosta apanhou-nos de surpresa, em grande parte devido à lógica surreal, levada a um extremo de coerência, da sua distopia retro, que remete para a ficção científica pós-apocalíptica do cinema dos anos 1970 (algures entre À Beira do Fim e o THX-1138 de Lucas).
História de um homem normal entalado entre a espada e a parede num futuro orwelliano onde as relações sentimentais são rigidamente controladas, e da sua descoberta do amor como libertação e prisão em simultâneo, A Lagosta mexe-se sempre na corda bamba entre a tese e a antítese, entre a teoria e a prática. Mas Lanthimos sabe usar a seu favor o elenco de luxo que reuniu para este seu primeiro filme em inglês, e evita a rigidez programática da alegoria através da paciência com que permite ao espectador instalar-se no seu universo estranho e surreal. 
Jorge Mourinha, Público




A Lagosta é tão singular, bizarro e hilariante que, só de iniciar a escrita desta crítica, apetece-me ver o filme outra vez. Yorgos Lanthimos, o realizador grego com algumas das ideias mais originais do cinema contemporâneo (Canino ou Alps), estreia-se aqui em língua inglesa - o argumento é trabalhado em conjunto com Efthymis Filippou, o seu habitual colaborador, e há nos diálogos uma cadência muito própria que assenta na perfeição à surrealidade da sua premissa.
Numa sociedade distópica, as pessoas solteiras são obrigadas a ir para um hotel onde têm 45 dias para encontrar um parceiro. Caso contrário, serão transformadas num animal à sua escolha e soltos na natureza, onde servem de caça. David (o quase irreconhecível Colin Farrell, num dos seus melhores desempenhos dos últimos anos) quer ser uma lagosta, se chegar a isso.
Lanthimos é óptimo a usar o absurdo como espelho para o desespero e as compulsões humanas, e a convicção com que o faz, mostrando um controlo perfeito sobre o tom e as representações (é um universo onde até as emoções parecem ter sido proibidas), sustenta o magnífico humor negro e árido de A Lagosta.
Tiago R. Santos, sabado.pt/


Uma sátira grotesca com contornos fantásticos, uma distopia recheada de humor, que nos seduz e nos assusta. Um cineasta talentoso e inventivo.
Yorgos Lanthimosjá tinha mostrado o seu talento para criar e explorar construções sociais restritivas com os multi-premiados Canino, de 2009, e Alpeis, de 2011. Em A Lagosta, o realizador continua a trabalhar realidades paralelas à nossa, dominadas por leis absurdas, hipérboles dos elementos surreais da nossa vida em sociedade, construindo um universo esteticamente semelhante ao do espectador, mas recheando-o de regras bizarras que lhe conferem um tom mordaz, expondo alguns dos aspectos mais kafkianos da nossa própria existência.
Este filme fecha uma trilogia satírica de situações extremas, que em Canino se focava no núcleo familiar e em Alpeis no sentido básico de identidade e sentimentos adjacentes, dando agora relevo às imposições sociais feitas ao indivíduo relativamente à sua “necessidade” de companhia.
Embora o universo de A Lagosta esteja minado de uma violência que pode a todo o momento irromper, esta nunca domina a acção, graças ao balanço contínuo entre o hediondo e o absurdo, que é apresentado de forma inespressiva e matter of fact originando vários momentos cómicos. O elenco, especialmente Colin Farrell, Ben Whishaw e John C. Reilly, é essencial para o sucesso deste aspecto.
Yorgos Lanthimos consegue, com este seu primeiro filme falado em inglês, manter características que tornam a sua filmografia inventiva e singular, abrindo-a a um público mais abrangente, que, após A Lagosta, descobrirá com gosto as suas obras anteriores.
Diana Cipriano, Medeia Magazine, Maio/Junho 2016

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