Porque hoje é Natal- Do Céu Caiu uma Estrela- de Frank Capra


Do Céu Caiu Uma Estrela
It’s a Wonderful Life
RKO Radio Pictures
Liberty Films EUA 1946, 129m, drama
Realizador: Frank Capra
Argumento: Frances Goodrich, Albert Hackett, Jo Swerling e Frank Capra, baseado na história The Greatest Gift de Philip Van Doren Stern
Actores: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell, Henry Travers, Beulah Bondi, Frank Faylen, Ward Bond,
Um anjo evita que um homem se suicide e mostra-lhe como a vida da pequena cidade onde vive seria sem ele.
Do Céu Caiu uma Estrela é um excelente exemplo do cinema sentimental de Frank Capra. A forma simples e eficaz como transmite a mensagem universal de como um homem comum pode transformar (para melhor, claro) a vida dos que o rodeiam é perfeita e o grande charme do filme. Talvez a altura em que o filme estreou (pós-guerra) tenham contribuído para o seu fracasso, mas o acaso (mais uma vez) veio fazer justiça e trazer reconhecimento a uma das mais emblemáticas produções do cinema americano.
Só porque hoje é Natal , Do Céu Caiu Uma Estrela é um exemplo de como o cinema pode ser realmente extraordinário.
Revejam uma das obras primas de Frank Capra.


abraços a todos os que são nossos.

e abracinhos aos restantes.

Oliveira

Algumas biografias dão a data de 11 de Dezembro, outras a de 12, como a do nascimento de Manoel de Oliveira, em 1908, na cidade do Porto. Seja como for, para quem faz 99 anos, uma indecisão assim já deve estar olvidada, de insignificante. Muitos parabéns - que lhe seja tão excelente o tempo que resta como tem mostrado ser o que já passou.
(Imagens do filme Cristóvão Colombo - O Enigma, o mais recente de Manoel de Oliveira, que estreará em 11 de Janeiro de 2008. Na foto de cima, Isabel e Manoel de Oliveira; em baixo, Ricardo Trêpa e Leonor Baldaque. As mesmas personagens, de uma idade a outra.)

Charles Chaplin- documentário na rtp2





Charles Chaplin como você nunca viu antes o Artista, o Génio, a Mágica...

"CHAPLIN HOJE" é uma série coordenada por Serge Toubiana, director da Cinemateca Francesa que convida algumas personalidades para falar sobre um determinado filme. A inteligência da escolha faz com que cada uma daquelas personalidades apresente um dos filmes de Chaplin, evidenciando aquilo que acabou por afectar o seu próprio cinema e o modo como passaram a ver o mundo.Uma série de documentários que nos mostra muitas histórias de "bastidores" sobre os filmes de Chaplin, contando curiosidades sobre cada um deles.
Digamos que isto é que é realmente serviço público, uma homenagem a charlie chaplin a quando
da sua morte que faz 30 anos.
Uma série de documentários exibidos durante esta semana de na rtp2 , como sempre a rtp2 continua com a sua programação realmente de "luxo" , é isto que é realmente televisão, e podemos assim rever o génio e o talento deste grande cineasta,actor,....Charles Chaplin.
Obrigado rtp.
vejam que é sempre bom rever charlie chaplin.

Bravo Pedro!!


Mais uma merecidíssima distinção

Carnival of Souls - 1962



A MORTE CONVIDA PARA DANÇAR!

De Cult Movie a Filme de Arte, Carnival of Souls influenciou toda uma geração de realizadores, profundamente sugestionados por suas sequências arrepiantes.
Quase 30 anos se passaram, até que se pudesse avaliar com justiça uma das maiores obras desconhecidas do Cinema de Terror, então destinada a sessões de TV espremidas no horário da meia-noite ou salas europeias dedicadas aos “cults” mais herméticos.
Produzido por uma dupla de aventureiros do Kansas -o realizador de filmes educativos Herk Harvey e o obscuro argumentista John Clifford- Carnival of Souls teve o plot concebido pelo segundo, a partir de uma ideia do companheiro impressionado pela visita a Saltair, um parque aquático abandonado em Salt Lake City.
Aparentemente linear, a história parte de um acidente de carro do qual a ingénua organista de igreja Mary Henry –Candace Hilligoss- escapa (?), imiscuindo-se por uma sequência de acontecimentos bizarros derivados de suposta paranóia.
Mary escolhe uma pensão no interior para morar, onde encontra o atrapalhado conquistador John Linden –Sidney Berger, canastrão que rouba a cena.
Presa numa teia de delírios sucessivos, nos quais vê-se perseguida por uma estranha figura de pancake afeita a aparições em reflexos de vidros e espelhos, conta com a ajuda de um psiquiatra, mas logo percebe ser inútil qualquer tentativa de “cura.”
O final, incongruente para quem tem preguiça de pensar, encerra a obra com um fecho metafísico de múltiplas abordagens.
Entretanto, o que legou a Carnival of Souls seu status de obra-prima do género, foram certos aspectos técnicos amparados pela esplendida fotografia de Maurice Prather, cria da produtora Centron Corporation, pertencente ao próprio Harvey, que dá à fita requintes de um preto-e-branco associável a mestres da categoria de Sven Nykvist ou dos velhos Buñuel da fase mexicana.
Harvey não brincou em serviço: em apenas três dias, fez com que o projecto aproveitasse o embalo do entusiasmo reinante na jovem equipa, amarrando cada plano na base de improvisos decisivos para a evolução da obra: por si majestoso, o Saltair funciona como o ápice do pesadelo vivido por Mary, com sua horda de fantasmas de pancake bailando alucinadamente.
Peça importantíssima do filme, a banda-sonora incidental de órgão composta por Gene Moore, alia-se ao clima sinistro do argumento, uma tapeçaria musical que passa do religioso ao gótico com efeito aterrador, acompanhando o dilema da personagem.
Carnival of Souls ganhou celebridade em suas exibições esparsas e terminou influenciando cineastas que se afirmariam na década seguinte dos 1970, como George A. Romero e David Lynch, este pela sintaxe tortuosa da narrativa.
Mal comparado a episódios da celebrada série televisiva The Twilight Zone, o filme ganharia edições vistosas em DVD, para vingar-se do descaso sofrido durante anos no undeground. Inegavelmente uma gema para apreciação de todas as gerações de cinéfilos adeptas do Cinema de Terror.
Atenção!O plano do desdobramento de Mary Henry numa loja, é especialmente genial.
Por trás de sua cabeça o horizonte se desvanece, com efeito imitado inúmeras vezes em filmes de temática sobrenatural.
Realmente o cinema é fantástico, e descobrir filmes que estão há tanto tempo encerrados nos baús a ganhar teias e pó , é extremamente enriquecedor para nós cinéfilos,realizadores!!!
Existe um site o like television em que se pode ver online com excelente imagem e som e ecrãn completo toda uma colecção de filmes de culto , desde os de terror série b e ficção cientifica, até clássicos como os primeiros filmes de charlie chaplin entre muitas outras raridades cinematográficas.
Vi este Carnival of Souls hoje e fiquei realmente impressionado pelo filme em si, embora em alguns aspectos na representação de alguns actores , a coisa não tenha corrido muito bem , mas o que me impressionou mais foi a atmosfera do filme em si, e a protagonista do filme , fez-me lembrar um bocado de Catherine Deneuve no filme Repulsa de Roman Polansky, aquela sucessão de acontecimentos absurdos , hipnóticos,psicológicos, em Carnival of Souls a permissa é identica.
Fiquei impressionado com o filme , que fiz uma busca há procura de respostas e eis que elas aqui estão.
Um filme de baixo orçamento feito em duas semanas que infleunciou cineastas como romero ou lynch , um filme caracteristico do inicio de carreira de buñuel ou jean couteau , tem de ser mesmo objecto de culto.
Um grande filme de terror psicológico , um filme de culto a ver a descobrir ou redescobrir.
O cinema é realmente fantástico!!!!!!!Fascinante!!!!!
Carnival of Souls(1962)
Realização: Herk Harvey
Com: Candace Hilligoss, Frances Feist, Sidney Berger
Duração: 78 min.(p/b-eua)

dá-me música...

... em 5 de dezembro

Todas as canções de amor contam a mesma história: "Há muitas pessoas que te amam", "Não posso viver sem ti", "Desculpa, anjo". "As Canções de Amor", realizado por Christophe Honoré e com música composta por Alex Beaupain, conta também a mesma eterna história. As canções, interpretadas pelos próprios actores, desvendam, passo a passo, as emoções, segredos e desejos de um grupo de jovens parisienses.
cinecartaz.publico.pt










... em 12 de dezembro

E por falar de amor, eis O SABOR DA MELANCIA. Amor num duplo sentido: o de uma mulher toldada pela falta de água em Taiwan que está apaixonada por um actor porno; e o do espectador por este filme, que exige a entrega total. Não há mapa para navegar nas obras de Tsai Ming-Liang – entra-se nelas como no comboio-fantasma. Tentar redigir uma sinopse é tarefa possível, mas não adianta nada – a história é apenas um cabide para pendurar ideias, planos, obsessões. Existe sexo (mas ao contrário do que se dizia, não é explícito), existem números musicais que parecem saídos de um musical kitsch em Technicolor, existe uma obsessão por melancias. E existe uma cena inicial que nunca mais abandonará a cabeça de quem a viu: dois corpos a fazer amor e uma melancia – claro – de permeio. Não me perguntem se o filme é “bom” ou “mau”. Apenas posso garantir que é uma experiência irrepetível. E, no que toca ao cinema, isso já é um grande elogio.
João Miguel Tavares






... em 19 de dezembro

Ricardo (Filipe Duarte) é um travesti que perdeu o gosto pela vida depois da morte do namorado. É então confrontado com a alegria de viver de Vasco (Tomás Almeida), o seu sobrinho, um adolescente com Síndrome de Down, que conhece quando regressa à cidade natal que abandonou há anos. Realizado por Luís Filipe Rocha ("A Passagem da Noite", "Adeus, Pai"), "A Outra Margem" foi apresentado no Festival de Montreal onde Filipe Duarte e Tomás Almeida foram distinguidos ex-aequo com o prémio de melhor actor pelas suas interpretações comovedoras. Para o realizador, tratar estes temas que é uma forma de "Iluminar e exibir a humana normalidade dos ''anormais'' é confrontar os ''normais'' com a sua própria e íntima ''anormalidade''. É propor uma ponte de compreensão entre as duas margens".
cinecartaz.publico.pt

Clássicos do cinema de Terror


Viva a todos .
Há muito tempo que não aparecia por aqui, o tempo não é muito!
Isto é só uma breve visita !
Encontrei um site em que se pode ver televisão,cinema,etc...
O mais interessante na área do cinema é a categoria dos clássicos do cinema de terror.
Digamos uma "raridade"
Fica aqui o link directo para o canal clássicos do cinema de terror.
( os filmes são exibidos em tempo real e com uma qualidade excelente)
apreciem!
Abraços para todos e bons filmes!

Brasil em Portugal

(Lázaro Ramos no papel de André em O Homem que Copiava, Jorge Furtado, 2003)

O post anterior, do Audaci Jr., fez-me pensar (uma vez mais) na distância gigantesca entre os filmes e os espectadores. Aqui há quase um mês aconteceu em Lisboa a segunda edição da Mostra de Cinema Brasileiro em Portugal. É uma iniciativa da Fundação Luso-Brasileira e faz sentido que seja. O que sempre me surpreende é que, para se ver cinema brasileiro em Portugal, se tenha que organizar uma Mostra. Vou-me dando conta de que, apesar de uma língua comum, não é, de facto, simples nem fácil ver cinema do Brasil em salas de exibição portuguesas. Quem vive em Lisboa ou lá perto ainda pode - uma vez por ano desde há dois anos, note-se - ter a oportunidade de assistir ao que se vai realizando no Brasil. Mas um ser periférico como eu, por mais interesse que tenha no assunto, vê-se grego... E assim, se não for colmatando estas falhas com um DVDzinho aqui e ali, ou seja, nas salas, nicles!, quando ouço falar sobre Cinema Novo brasileiro, parece-me chinês...
(Matheus Nachtergaele no papel de Dunga em Amarelo Manga, Cláudio Assis, 2002)

"O dobro de cinco" será dez?

O nome de Lourenço Mutarelli está em alta. E fico feliz que muitas outras pessoas o encontrem, seja por meio das bandas desenhadas, literatura, cinema ou teatro.
Comecei a acompanhar seu trabalho justamente em O dobro de cinco (lançado em 1999 pela Devir), que está virando filme nas mãos do realizador Dennisson Ramalho, com Cacá Carvalho (conhecido pelo papel de Jamanta nas telenovelas de Sílvio de Abreu) como protagonista. O dobro... apresenta Diomedes, um detetive mequetrefe, com casamento falido e pouca grana. Ele vê uma oportunidade de se reerguer quando é contratado para encontrar um mágico outrora famoso, o Enigmo.
São quatro BDs que compõe a “trilogia do acidente”: O dobro de cinco, O rei do ponto e A soma de tudo (partes 1 e 2). Os últimos livros se desmembraram por consumir mais páginas e mais tempo de produção (geralmente um ano para cada). Mutarelli nos mostra uma história policial, mas com toda sua particularidade e estilo. Sua arte evolui a cada volume, com uma riqueza de detalhes impressionante (vide o detalhe do Monastério dos Jerônimos, em A soma de tudo – parte 1). Encantado por Portugal quando foi lançar O dobro de cinco no Festival de Amadora, nomeou Diomedes detetive intercontinental em A soma..., misturando mais mistério e magia de Lisboa, onde se passa parte da história.
Para o filme, que infelizmente está previsto para 2009 (!) no Brasil, será misturado mise-en-scène de atores, cenário de BD e efeitos visuais em 3D. “A princípio, seria uma animação, mas o Grampá (desenhista de produção) sugeriu mesclar com o action para ficar mais orgânico”, afirmou um dos produtores, Rodrigo Teixeira. Passando os olhos nas fotos de divulgação que circulam por ai, parece que vamos ter mais um ótimo filme baseado em Mutarelli.
Além de O dobro de cinco, foi adaptado para o cinema O cheiro do ralo (com Selton Mello), seu primeiro romance, e Nina (este com animações baseadas em seus desenhos), todos dirigidos por Heitor Dhalia.

e também extensão doclisboa

é bom, poder voltar a ter a extensão do doclisboa.

ainda mais com o palmarés português.

a margarida cardoso vai estar cá. e foi ela que ganhou o prémio mais importante na competição nacional!

não me admirou. é um filme fabuloso, maduro, inteligente.


Cinatrium

Dia 9, 21h30
AS OPERAÇÕES SAAL, de João Dias, 90´Portugal, 2007
Prémio Midas para melhor filme português presente no festival (distribuição e edição DVD)

Criado por iniciativa do arquitecto Nuno Portas enquanto Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo do I Governo Provisório, o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) foi um programa de assistência à construção de habitação promovida por Associações de Moradores que visava "apoiar as iniciativas de populações mal alojadas no sentido de colaborarem na reconversão dos próprios bairros investindo os próprios recursos latentes e eventualmente monetários". A Arquitectura Portuguesa do 25 de Abril é o SAAL - movimento ímpar na história do pensamento da arquitectura, que serviu de exemplo e de discussão para muitos outros projectos a nível internacional.

Dia 10, 15h30
& ETC, de Cláudia Clemente, 25´Portugal, 2007
Prémio Tobis para melhor filme português curta-metragem

Fundada em 1973, a "& etc" é uma pequena editora que se rege por parâmetros únicos: não tem fins lucrativos, não publica obras comerciais e aposta em autores desconhecidos. Tornou-se ao longo dos anos uma referência no panorama nacional, conhecida tanto pelo lado plástico/estético dos seus livros quadrados, como pela singularidade dos autores que publica, entre os quais João César Monteiro, Adília Lopes ou Alberto Pimenta. Dois responsáveis desta editora, Vitor Silva Tavares e Rui Caeiro, recordam neste filme alguns episódios passados ao longo das três décadas de aventuras literárias.

A CASA DO BARQUEIRO, de Jorge Murteira, 63´ Portugal, 2007
Prémio Sony para melhor primeira obra portuguesa
Prémio IPJ Escolas para melhor filme português

Paulino é o último barqueiro da Amieira do Tejo. Entre as duas margens do rio é ele quem assegura a ligação. Mas raros são os passageiros e a seu posto de trabalho será brevemente extinto pelo poder. Enquanto isso não acontece, Paulino faz da barraca sobre o rio a sua casa improvisada. Vive ao ar livre e só recolhe quando a chuva, o frio ou o vento apertam. Pede e resmunga uma nova casa em condições. Mas quem o ouve? No Inverno e no Outono, aguarda sozinho os clientes perto da fogueira sobre o vale do rio, atento à passagem dos comboios que raramente trazem fregueses. Na Primavera e no Verão, fica à mesa de sulipas, solitário, mas sempre disponível para partilhar um copo ou um petisco com um turista ocasional.

Dia 10, 21h30
ERA PRECISO FAZER AS COISAS, de Margarida Cardoso, 52´ Portugal, 2007
Grande Prémio Tobis para melhor filme português longa-metragem
Prémio Midas para melhor filme português presente no festival (distribuição e edição DVD)


Alguns dias de Outono durante os ensaios de “O Tio Vânia” de Tchékhov. Actores e encenador procuram o caminho para a construção de qualquer coisa em comum. As suas vozes interiores, as suas dúvidas, confundem-se com as das personagens que tentam alcançar. A casa, o tempo, a idade, a frustração. Não estaremos todos à procura de sentido?

Abi Feijó em Faro

O realizador Abi Feijó irá estar em Faro no próximo dia 22 de Outubro, pelas 16h30, para a apresentação de dois livros sobre o filme História Trágica com Final Feliz (2006), de Regina Pessoa, publicados recentemente pela Ciclope Filmes.
A apresentação terá lugar no Mercado Municipal de Faro no âmbito da mostra do curso de Design de Comunicação da Universidade do Algarve (UALg) intitulada “O Quê? Ao sabor da Ideia”.

De notar que a publicação Brinquedos Ópticos --feita a pensar nas actividades escolares em (pré)cinema-- inclui o dvd com o filme assim como flip books, taumatrópios, zoetrópios, etc. para recortar e montar. Irá existir uma banca com alguns exemplares à venda.

Foi assim, no subsolo

Sábado passado, na mina de sal-gema em Loulé, o CCF colaborou na mostra de cinema debaixo do chão (a convite da Casa da Cultura de Loulé e da Companhia União Fabril). Mais precisamente, a 230m. A sala ficou assim (e nem sequer era a mais ampla dos 37km de galerias...):
As três sessões que ainda terão lugar já estão esgotadas, mas pode ser que a iniciativa se repita.
(Lamento a fraca qualidade da foto, mas a luz lá em baixo não era a melhor, muito menos para uma leiga em fotografia, como sou.)

Verde e amarelo a preto e branco

(Pensa a Baleia em Vidas Sêcas, de Graciliano Ramos: "Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. ... O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.")

Durante o último mês tenho tentado preencher um vazio na retina dos meus olhos. Começava a ser um buraco demasiado largo e, no fim, arriscava cegar para tudo o que já vi. Não comecei por este, mas Vidas Sêcas, de Nelson Pereira dos Santos, é um dos filmes que com maior energia se fixou em mim. Por motivos diferentes e todos marcantes. O filme foi produzido por Luiz Carlos Barreto (LCB). Assim dito, para alguém que pouco ou nada sabia de cinema brasileiro até há, portanto, uns trinta dias, não significava nada. Mas se se quiser escolher um caminho para se adentrar na filmografia brasileira dos últimos quarenta anos, este nome levará a uma das estradas mais largas.
Além de produtor, neste filme LCB fez também a fotografia - foi como fotógrafo que começou e por aí foi também que me chamou a atenção antes de mais nada. Se não houvesse movimento naquelas imagens (em certas sequências, quase não há), o prazer que tirei de ver o filme seria idêntico ao que teria numa exposição da sua obra fotográfica, tenho a certeza. O realizador foi Nelson Pereira dos Santos, outro caminho amplo para o cinema brasileiro.
Não vejo os filmes só por ou para saber quem os fez, quem os imaginou (embora sabê-lo me ajude a homenageá-los, quando se trata de gente de olhar belo e cru). Neste, poderia não saber mais nada, deixar apenas que as imagens se fossem fixando, ajudadas pelo barulho das cigarras, contínuo e mecânico, pelo rugido seco, seco, do capim sem água por baixo dos pés mal calçados, ou do arfar da cachorra Baleia. Poderia esperar o muito tempo que se espera neste filme por alguma palavra rara (e como é estranho e bonito ver quase sem palavras um filme que se fez de um livro, cheio de tantas), esperar e amar a espera. No fim, a única coisa que me falhou compreender foi como é que, dum país que fala a mesma língua que eu, só agora começo a ver os filmes.

(Se ampliarem a imagem, lá bem no centrinho está ela, a cachorra Baleia. A olhar para a gente.)

e há ainda cinema na mina de sal gema

a começar dia 29 de setembro com o seguinte programa:

Dia 29 Setembro
CABINE TELEFÓNICA, Joel Schumacher, EUA, 2002, 81’

Dia 6 Outubro
SALA DE PÂNICO, de David Fincher, EUA, 2002, 112’

Dia 13 Outubro
UNDERGROUND – ERA UMA VEZ UM PAÍS, de Emir Kusturica, Sérvia, 1995, 167’

Dia 20 Outubro
A NOITE DOS MORTOS VIVOS, de George Romero, EUA, 1968, 96’

Projecção de 4 filmes divididos em 4 matinés numa das galerias da mina a 230 metros de profundidade, sob a temática da “clausura”. A exibição dos filmes será inteiramente gratuita, mas limitada a um total de 40 inscrições por sessão.

Para formalizar a sua inscrição deverá contactar a Casa da Cultura de Loulé através da morada de e-mail ccloule@iol.pt indicando a sessão pretendida, o nome e o contacto telefónico; a falta de qualquer destes itens poderá inviabilizar a inscrição.

Todas as sessões decorrem aos Sábados e todos os espectadores terão que estar junto às instalações da Mina de Sal Gema (Rua Quinta de Betunes) às 15 horas.


a organização é dos nossos colegas da casa da cultura de loulé (como se vê) e nossa (quanto ao ciclo) e tem, naturalmente, a colaboração da cuf.

cinema nos subterrâneos nunca tinhamos dado!! o ccf é assim: leva-nos às alturas até debaixo de terra...

we're back! (actualizado no dia 17)

como se nota pela musiquinha ao lado!

cheios de força por essa galáxia adiante!

a ver se encontramos algures nela o subsídio da câmara que nos permitirá sobreviver!

no entrementes, arranjamos óptima programação muuuuuuuito baratinha!

(oh inclemência!, oh martírio!)

se repararem, são 9 sessões entre dias 19 e 3 de outubro e só uma é paga. ah gente generosa que somos nós, hein???

(facto que ciclo-ciclo nosso é só um mini-um, os outros dois são colaborações)


SETEMBRO 2007

CICLO PARA SEMPRE

Cinatrium, Sala 2

Dia 19, 18h, entrada livre
CENAS DA VIDA CONJUGAL, Ingmar Bergman, Suécia, 1973, 167’

Dia 19, 22h, entrada livre
SARABAND, Ingmar Bergman, Suécia, 2005, 120’

Dia 26, 22h, ENTRADA PAGA QUE SOMOS UNS EXPLORADORES
PROFISSÃO: REPÓRTER, Michelangelo Antonioni, Itália, 1975, 126’



CICLO SERRALVES - CINEMA CONTEMPORÂNEO

Teatro Lethes, 22h, entrada livre

Dia 22
KITSUNE (O ESPÍRITO DA RAPOSA), João Penalva, 2001, projecção de vídeo, cor, som, 55'28'' - em duas versões (português e inglês), num total de 2 horas de sessão (aprox.)

Dia 23
A STUDY OF THE RELATIONSHIP BETWEEN INNER AND OUTERSPACE, David Lamelas, 1969, 16mm, p/b, som, 24'
WAVELENGHT, Michael Snow , 1967, 16 mm, cor, som óptico, 45'
SPIRAL JETTY, Robert Smithson, 1970, 16mm, cor, som, 35
'

Organização: Museu de Serralves / Câmara Municipal de Faro


CICLO SEMANA DO MAR

Cinatrium, entrada livre

Dia 27, 18h45
A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS, Isabel Coixet, Espanha, 2005, 115'

Dia 29, 18h45
O VELHO E O MAR, Alexander Petrov, Rússia, 1999, 22', animação
PRAIA DA LOTA, Sofia Trincão e Óscar Clemente, Portugal/Espanha, 2001, 30', documentário, com a presença da realizadora

Dia 30, 16h
O PIRATA DAS CARAÍBAS: A MALDIÇÃO DE BLACK PEARL, Gore Verbinski, EUA, 2003, 143’

Dia 1, 18h45
MARIA DO MAR, Leitão de Barros, Portugal, 1930, 70’ filme mudo musicado

Organização: Universidade do Algarve

(tanta trabalheira pro site, tanta trabalheira pra barrinha ao lado! oh inclemência, oh martírio!!)


ah! e ainda sendo que

estamos também a colaborar com a câmara municipal de são brás (continuamos, melhor dizendo) nas sessões de cinema que eles promovem, também com entrada grátis, no cine-teatro local, aos domingos pelas 16h30.

Começa amanhã, dia 16, o ciclo Irmãos Marx, com Animal Crackers, por Breton (foi ele, não foi Mirian?) considerado um primor do cinema surrealista. Imperdível! Veja a programação aqui.

Toca a acordar! (Ou, onde é que andamos?)


Louis Skorecki, entrevistado na Les Inrockuptibles, responde assim a uma pergunta que, desde logo, pede que se discuta:

- Pourquoi les films sont de moins en moins bons selon toi ?
- Les cinéastes font les films que les gens attendent d’eux. Donc si les films sont mauvais c’est que les cinéphiles sont mauvais. Ça c’est un truc que j’ai mis quarante ans à pouvoir dire sous une forme aussi simple. Je le crois profondément : les films sont mauvais si les spectateurs sont mauvais. Je me souviens d’une projection d’un film de ce type qui a fait un film un peu à la mode sur deux junkies, c’était adapté de Selby… Darren Aronofsky ! J’avais vu ça au MK2 Quai de seine. Dans la salle, il y avait cinquante couples et c’était cinquante fois le même. Comment veux-tu faire un bon film après ça ! C’est très facile de voir des films aujourd’hui. Autour de moi, il y a des gens qui ont à peu près le même salaire, qui disent ne pas acheter le câble parce que c’est cher. Mais ils vont voir des nouveautés au cinéma, mangent au restaurant, généralement des trucs dégueulasses. Ce sont ces gens qui font que les films sont mauvais. Moi je vois de moins en moins de films au cinéma, j’en vois un ou deux ou trois par an. Et je ne me force pas à ne pas en voir. Mais même chez moi, je ne regarde pas de DVD. A la télé je préfère le direct, la téléréalité, les séries aussi. Même si les séries m’intéressent aussi moins qu’avant, ça reste quand même plus vivant que le cinéma.

Da poesia de Fellini

(ontem me chegou pelo correio um livro do qual ainda não consegui me separar. É de um escritor brasileiro chamado Mario Quintana (1906-1994). Ele tece comentários um pouco sobre tudo em seu Caderno H: livro de poesia? de crônicas? de aforismos? De tudo, talvez. E nele encontrei este texto sobre Fellini e não resisti a transcrevê-lo num post.)

"Sei de pessoas que julgaram artificial o 8 1/2, de Fellini, essa obra-prima do barroquismo. Elas é que devem ser artificiais, porque nossa alma é assim como ali está, com suas idades sucessivas convivendo, o acontecido e o imaginado tendo ambos o mesmo poder traumático e o mesmo pé de realidade. Parece-te que estou a falar de poesia?
(...) Na poesia há muito já acontecia assim, como na montagem de imagens aparentemente heteróclitas e anacrônicas de Salomé de Apollinaire e que, no entanto, serviam para formar a atmosfera dançante, luxuosa, versátil e aérea daquele poema. E foi preciso quase cem anos para que o cinema, como no 8 1/2 de Fellini, se integrasse também na poesia. Em resumo: não o desprezo da lógica, mas a aceitação da lógica imagista - e que, como todo modernismo, é tão velho como o mundo, porque usa apenas a linguagem dos sonhos e das histórias de fadas."

Get me a ticket to...

Moscovo, Paris, Londres, Turim, Tânger, Madrid, Nova Iorque, what the heck!... Desde que possa sentar-me num cinema, de frente para um écran gigantesco, e veja filmes de acção como este, tanto se me dá. The Bourne Ultimatum tem apenas dois defeitos, e nem sequer são narrativos. Há ali um bocadinho em que descamba para o lamechas, quando o tipinho, depois de descobrir que é matador a soldo, e tal, confronta outro que o vinha assassinar, com o esperado "já pensaste bem no que nos transformaram?" Bullshit, era escusado. O outro é a cena final, dentro de água, mas não adianto. Está mal, full stop. De resto, venham mais quatrocentos e quinze ultimatos, saltos de janelas com vidros partidos, tiros de carros em andamento, apartamentos destruídos pelos polícias, mesas de café insuspeitas e gares perfeitas, cheias e anonimáveis, mortos por inabilidade e inanidades afins. Muitos, muitos mais filmes noir do nosso tempo, sem fito ou intuito, só rostos perdidos nos cenários urbanos. Perdidos por dentro.

Ensinar com técnicas de imagem animada (prendinha para todos os professores)

Trata-se de um Guia acessível na internet, ainda em língua inglesa, feito para professores, de modo a permitir a exploração e apropriação das especificidades tecnológicas e comunicativas das técnicas de imagem animada e a sua utilização na sala de aula.
Está disponível em Guia e tem sete partes: ‘Welcome’, ‘Start’, ‘How to teach’, ‘Make a movie’, ‘Technical set-up’, ‘Techniques e ‘History’.
O professor poderá encontrar informações para, passo a passo, ensinar usando a metodologia necessária à produção de um filme de animação com a ajuda de computadores e câmaras vídeo: como criar uma história, como estruturar um guião, como animar usando técnicas diferentes e como fazer a edição final. Existem instruções para a instalação do equipamento mínimo necessário, escolher as aplicações informáticas mais adequadas entre as disponíveis (em 'open source', isto é, grátis na internet ou de raiz no seu computador) e como gravar e usar uma banda sonora. Poderá consultar, ainda, uma introdução breve à História da Animação. Encontrará, sobretudo, exemplos de planificações de processos pedagógicos elaboradas sobre a exploração destes aspectos.
Este Guia é o resultado de um trabalho de investigação realizado - entre Outubro de 2005 e Agosto de 2007 - por um grupo de especialistas europeus provenientes das seguintes instituições: The University of the West of England, Bristol (Reino Unido); Ciclope Filmes, Porto (Portugal); 9Zeros, Barcelona (Espanha); Kinobuss, Tallinn, (Estónia); School of Education, University of Aarhus, Copenhagen (Dinamarca); e coordenado pelo Animation Workshop, CVU Midt-Vest (Dinamarca).
O projecto foi financiado pela Comunidade Europeia através do programa Leonardo Da Vinci.

Esta imagem faz parte do pequeno filme que resultou do 2º teste do Guia, efectuado em Outubro de 2006, com a Professora Maria José Ramalho e as 20 crianças que, com ela, frequentaram o 1º ano do 1º ciclo do ensino básico da Escola do Alto de Rodes, em Faro, assistidas pela aluna Inês Mendes da Escola Superior de Educação.

Raridades

Há uns dias atrás, um amigo enviou-me o endereço url de um site onde poderiam ser vistos vídeos raros: www.bibi.vlog.br/
Explorei-o e descobri um filme que só vi uma vez e há muitos, muitos anos: L'Idée (1930-32, 26') de Berthold Bartosch (www.bibi.vlog.br/archive/2007/06/lidee.html ).

Trata-se de uma média metragem realizada com técnicas de animação e o tema é iluminista: o da liberdade de expressão como valor supremo e frágil, personificado na figurinha de uma mulher nua: a Ideia.
Consta que foi o primeiro filme a usar um instrumento musical electrónico na sua banda sonora: o Ondes Martenot.
Bartosch, nascido checo e falante de alemão austríaco, realizou-a em Paris sobre xilogravuras do belga Frans Masereel, publicadas em livro com o mesmo título do filme e prefácio de Herman Hesse. Com excepção dos conceitos gráficos e música (de Arthur Honegger), tudo no filme pertence a Bartosch: movimento, iluminação, conceitos de espaço e técnicas de animação. O autor usou camadas sobrepostas de vidro (até 4), iluminadas por debaixo, nas quais dispôs silhuetas recortadas em cartão e papel translúcido. A junção e articulação das partes que compõem as silhuetas foi realizada com sabão (no fim da vida, Bartosch comentava a Claire Parker, mulher de Alexeieff, outro realizador importante, que com sabão se podia fazer quase tudo!). O sabão também foi usado para produzir o halo de luz que se vê nas imagens. Esta é a técnica para os grafismos a negro. Para os grafismos a branco a técnica usada foi a da sobre-exposição (até 18 passagens). Esta também foi usada nos casos de multidões a passar transversalmente em relação ao plano da imagem.
Bartosch fez parte da equipa que trabalhou com Lotte Reiniger em dois dos seus filmes: O Ornamento do Coração Enamorado (1919) e As Aventuras do Príncipe Ahmed (1923-26, 81' a 18i/seg) a primeira longa-metragem de que há memória.

Que saiba, apenas existe à venda uma versão VHS deste filme em www.moviemail-online.co.uk/

(imagem disponível em MovieMail)




Algumas destas informações constam em Russett, R., Starr, C. (1976). Experimental Animation, Origins of a New Art. New York: Da Capo Press, Inc., pp.83-89.

Este site não tem só animações. Convido-vos a explorá-lo.
Marina Estela Graça

Festival Internacional de Vídeo do Algarve 2007-Premiados


FESTIVAL INTERNACIONAL DE VÍDEO DO ALGARVE 2007
VISIONAMENTO DOS FILMES SELECCIONADOS
AUDITÓRIO DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE SILVES 16 JUNHO 2007
Foi no passado dia 16 de junho de 2007 que decorreu a exibiçaõ e entrega dos prémios aos filmes seleccionados pelo Racal Clube de Silves que organiza este festival internacional de vídeo do algarve.
Aqui fica a lista dos premiados:
"Almas de uma terra"-Realização: Vitor Salvador-Portugal- (tema livre) 17m - 1ºlugar ex-aquo- Troféu Governo civil de Faro+Medalha Psa ouro+câmara de vídeo
"Entre a rocha e o mar"-Realização:Ana Filipa-Portugal-(documentário) 20m- 1ºlugar troféu governo civil de faro+prémio aluno de uma escola secundária+máquina fotográfica digital
"Do outro lado da linha"-Realização:Vitor Salvador-Portugal(tema livre) 17m-2ºlugar troféu governo civil de faro+medalha psa prata
"A Sombra"-Realização:Vitor S.Moreira da Costa-Portugal(ficção) 6m-3ºlugar troféu gverno civil de faro+medalha psa bronze+prémio juventude+máquina fotográfica digital
"The Packet"-Realização:Anthony Agius-Malta(tema livre) 8m -4ºlugar ex-aequo-menção honrosa
"Assalto"-Realização:Rui Canizes-Portugal(ficção) 13m- 4º lugar ex-aequo - menção honrosa
"Urbano"-Realização: Hernâni Duarte Maria (livre-experimental) 3m - 5º lugar ex-aequo-menção honrosa
" Desiste! " -Realização: Hernâni Duarte Maria(ficção) 5m- 5ºlugar ex-aequo -menção honrosa
"LUV"-Realização:Hernâni Duarte Maria(ficção)8m- 5ºlugaro ex-aequo-menção honrosa
É de louvar a iniciativa do racal clube abrindo os horizontes da 7ª arte aos novos talentos nacionais e incutir a nivel regional a paixão pelo cinema.Da parte que me toca estarei sempre atento e se estiver realmente com uma nova curta metragem participarei.Hernâni Duarte Maria (realizador)

Oiço vozes...

(Foto: Olivier Roller)

Em conversa com o Hugo Ramos Alves, compararam-se João César Monteiro e Luiz Pacheco. De estilo próximo, incorrigíveis e sem serem para corrigir, cáusticos e maravilhados com o poder da sua acidez, ambos foram (o Pacheco está vivo, não me entendam mal) enraivecidos, lindos, a bardamerdar tudo e todos, centrados apenas nas suas dores de viver. Ambos fizeram (não me entendam mal, o dos livros ainda vive) das quotidianas mazelas de terra e ar, de corpo e espírito, obra visível, partilhada, oferecida. Serão sempre, os dois, marginais (porque sim!) e encantatórios. Mas têm uma diferença inultrapassável. Não que os traga de compita, nem que a algum deles isso desse grande abalo. Mas, chegando às vozes, não há como a do Monteiro, que lhe está assim como aqueles olhos (e, do lado contrário, o Pacheco tem garrafais lentes para uma voz de igual modo garrafal), clara, lenta, direita ao ouvido sem precisar de ajustes. Se calhar é por isso que, quando vejo os filmes em que Monteiro entra como actor penso que todas as coisas, incluindo as feias, são as mais belas do mundo. Ler Pacheco, pelo contrário, faz-me canalizar a boa raiva. Eu contra ninguém, que é como mais gosto.


"PRAIA DE MONTE GORDO"

De Sofia Trincão e Óscar Clemente; betacam / 30' / 2006 / Portugal / Espanha

Para quem não viu, vale a pena lembrar que este filme vai ser transmitido Domingo, dia 26, cerca das 20.45 (depois dos Simpsons) no Programa Bombordo da RTP2 (se esta não se arrepender nem mudar de ideias) e, já agora, referir que o mesmo já participou em vários festivais internacionais de cinema, tendo ganho quatro prémios diferentes, com destaque para o Prémio do Público no último Documenta Madrid.
“Praia de Monte Gordo” é o segundo documentário da série de cinco, intitulada “BARCOS DO ALGARVE – UM LITORAL EM MUDANÇA”. O primeiro foi o “PRAIA DA LOTA 1989-2000” que foi também exibido no Programa Bombordo da RTP 2 e participou em alguns festivais internacionais.
Este documentário, de Sofia Trincão e Óscar Clemente, rodado entre 2005 e 2006, foi produzido pela ADRIP - Associação de Defesa do Património Natural e Cultural de Cacela, em conjunto com Labalanza PC, produtora de audiovisuais de Sevilha e teve o apoio a Câmara Municipal de Vila Real de Stº António e o patrocínio do “ Hotel Baía de Monte Gordo” , “ Dunamar Hotel Apartamentos” e “Restaurante O Tapas”. Que eu saiba, não teve quaisquer apoios das entidades cinematográficas nacionais oficiais (e outras coisas acabadas em ais) com tal desígnio.

Curiosidades (II)

Também o Luís Miguel Oliveira incita à listagem, sugerindo que o tema seja actores [ou actrizes] com as performances mais impressionantes. Ide, ide :)

Curiosidades

Lauro António criou um blogue onde convida a expor as escolhas fílmicas (limitadas a dez) de cada um. Está aqui. Não é uma ideia muito original, mas entretém sempre.

cineclubando com o carteiro de pablo neruda

um admirável filme banal, by the way.

(estava farta de não ter ali música original composta para um filme)

faça sugestões sobre filmes a exibir no CCF nesta caixa de comentários. quer?

Filmes de estreia comercial. Recentes (menos de 3 anos).
De preferência, que não tenham 'passado' nas salas comerciais de cinema de Faro.
E que nós não tenhamos já exibido, claro.
Que tal?

O divertido (o nostálgico) absurdo

No início de Moulin Rouge, de Baz Luhrman, há um plano sobre a cidade de Paris. É vertiginoso, panorâmico e em travelling bruto. Mostra a cidade (em "1900") estendida, alargada desde a torre Eiffel até um dos portões do Inferno de Montmartre. É uma imagem digitalizada, uma Paris irreal feita de postais antigos e placas gráficas do século XXI. Entre estes dois tempos, numa das inúmeras "idades médias" do cinema, Paris foi vista ainda noutro esplendor - o da cárie de Les Halles, na câmara alucinada de Marco Ferreri, num filme em que até o título é um delírio, Non Toccare la Dama Bianca. Dois ventres esburacados no centro da cidade, lado a lado, estão abertos aos olhos de banqueiros oitocentistas e de sociólogos de t-shirts universitárias, em digestão problemática das ossadas dos anos 60 e 70 do século XX (Confuso? Nem por sombras!...). Estes ventres maravilharam um espírito reguila o suficiente para dizer em voz (e caixa de produtora) bem alta "isto agora era a terra dos filmes e a gente brincava aqui aos índios e aos cowboys, sim?". Louco, sem nenhum adulto por perto que lhe dissesse "Ganhe juízo!", Ferreri chamou os amigos para brincar. Tudo louco. And yet... A maneira dedicada como responderam ao seu repto (que diz da amizade, da disponibilidade, mas também de uma época menos calculista, talvez, ainda pré-SIDA e pré- todos os moralismos e guias de carreira fílmica que se haveriam de seguir - daí a nostalgia) esses outros putos de rua (Mastroianni, Deneuve, Piccoli, Noiret, Tognazzi, Cuny, Reggiani, Bettoia, Villaggio,...) demonstra como levaram a sério a brincadeira. Mastroianni, por exemplo, é desde o início um dos pilares que resgatam Non Toccare... do rótulo indiferente de filme datado, de desvario colectivo. Pouco mais, aliás, no filme o consegue - essa teimosia de ocupar um lugar vago com a ideia de uma brincadeira; e a panorâmica final da cidade, desde o fundo das duas crateras de Les Halles, até ao fim, em que quase toda a Paris, poeirenta e castanha, feia e sem photoshop, já coube na câmara de Ferreri.

Mortes

Já muito se escreveu aqui sobre as mortes de Bergman e Antonioni e não pretendo acrescentar mais nada sobre isso. Quero apenas escrever duas linhas para assinalar a morte mais discreta de Edward Yang, cineasta de Taiwan, realizador dos admiráveis A Bright Summer Day (1991) e Yi-Yi (2000). Edward Yang morreu no dia 29 de Junho aos 59 anos.

Yi-Yi (2000)- Edward Yang

Águas Mil


A minha ausência da blogosfera deveu-se à rodagem do filme Águas Mil, segunda longa metragem de Ivo Ferreira. A rodagem durou 6 semanas e meia e decorreu no Alentejo, em Espanha na zona de Almeria, em Vila Real de Santo António, na Costa da Caparica e em Lisboa. São actores Gonçalo Waddington, Joana Seixas, Lídia Franco, Adelaide João, Cândido Ferreira e Hugo Tourita. A estreia está prevista para Abril de 2008.


há muito muito tempo...

... era este blog uma criança
que brincava no baloiço e ao pião...

um comentador - F. - disponibilizou em ficheiro partilhado pelo rapidshare a musiquinha ao lado, por sua vez sugerida por outro comentador - Miguel - a propósito de um post de um residente nesta casa - Rf.

(isto parece linguagem criptada)

bato no peito em acto de contrição, só ontem me lembrei. e tinha sido há um mês...

ali ao lado, Kool Thing dos Sonic Youth, freneticamente dançado em Simple Men de Hal Hartley.

(e tudo isto a propósito de Godard, veja-se como são as coisas por aqui)

irresistível dizer que...



... o temos na nossa dvdteca. mas nunca o exibimos. fá-lo-emos, com certeza. assim que estiver disponível no circuito comercial onde agora estreou. até porque esta versão de Torre Bela, uma das múltiplas montagens que Thomas Harlan dela fez, tem mais 20 minutos do que a que o Público lançou em dvd há uns anos atrás.

enfim, boas notícias.

foto encontrada aqui

Alpha Dog

Título Original: Alpha Dog
Tempo de Duração: 117 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: http://www.alphadogmovie.com/
Distribuição: Universal Pictures / Imagem Filmes
Direção: Nick Cassavetes
Roteiro: Nick Cassavetes
Produção: Sidney Kimmel e Chuck Pacheco
Música: Aaron Zigman
Fotografia: Robert Fraisse
Direção de Arte: Alan Petherick
Edição: Alan Heim

Meio desavisada, saira de casa para ver uma comédia com a Pfeiffer, acabei entrando para ver o filme do filho do John Cassavetes. E saí rendida. Sem nada ter de genial ou grandioso, mesmo em termos de estrutura, tem o toque do pai na direção de actores: seguro, mas quase como se ali não estivesse. Tem também os planos que se deixam ficar no rosto das personagens e que, sem serem claustrofóbicos, re-dimensionam o seu papel no ecrã. Tornando-os gigantes para, logo de seguida, esmagá-los como se nada fosse. Estão ali desarmados, a dizer coisas, a fazer coisas que, aparentemente, não tem qualquer consequência. Poderia estar a acontecer ali, na mesa ao lado da nossa enquanto estamos a espera que o garçon nos venha servir. Nenhum diálogo tem a profundidade necessária para que possamos levá-los a sério. A princípio parece um emaranhado de clichés e esteriótipos. Mas depois, já completamente tomados pelo filme, o menor fragmento de discurso se torna algo maior: participa da trama que, invariavelmente, nos conduz ao fim já prometido pela forma como começa o filme. Já sabemos o que nos espera. E é mentira. Nada do que a estrutura do filme indicia, nenhum aviso que ela possa nos dar, prepara-nos para o final, prepara-nos para o monólogo de uma Stone envelhecida entre a lucidez e o desespero: se Deus tem um plano para mim, que desça agora e me venha mostrar. E parece que ele não tem. Nem para ela nem para nenhum de nós. É um filme duro. Hopeless. Mas necessário e corrosivo qb.

roubando, por uma boa causa (e não é roubo, está identificada a fonte)

João Lopes em Sound + Vision - A imprensa de todo o mundo reflectiu sobre o desaparecimento de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni, dando particular ênfase aos seus efeitos sobre o trabalho de outros cineastas e o cinema em geral. Aqui ficam algumas pistas para artigos que, da notícia ao testemunho pessoal, nos dão conta do génio multifacetado de dois mestres: (clique para continuar a ler)

juke box - antonioni - música - arquivos

Ok. Já está. Jerry Garcia evocando Antonioni em 'cineclubando', e o Bach "Bergman" foi acrescentado ao 'arquivo musical'.

Tudo perfeitinho.

:-(

[:-( por estas entradas terem sido pelos motivos que foram]

Já agora: sabem que é Thomas Newman? Não?

Eu também não sabia até ter ido verificar a ficha técnica de 'O Bom Alemão'. É o compositor da banda sonora. E é o responsável por quase-quase-quase ter conseguido arruinar um filme inteiro.

Isto a propósito, claro está, de música de filmes, de música para cinema. De como bergman ou antonioni (e... e.... e.... e....) a sabiam escolher e introduzir, e outros tontos, como soderbergh, NÃO!

(grrrrrrrr)

Finalmente, tonta também eu: indicando locais do nosso site onde bergman se encontra e não fazendo o mesmo para antonioni?!?

para filmes exibidos por nós, clicar aqui, e escrever Antonioni no Campo "Realizador" (mesmo assim, a lista está incompleta)

já agora, livros de e/ou sobre que temos na nossa biblioteca (escrever Antonioni no campo "Nome do Realizador")

e, por último (também uma lista incompleta), os filmes que temos em vhs/dvd (de novo, escrever Antonioni no campo "Realizador")


[explicação extra: estas listas estão incompletas porque a actualização das bases de dados é um serviço que pagamos à parte ao nosso webmaster, e dinheiro é algo que - DEFINITIVAMENTE!! - não abunda por estas bandas]

As Irmãs de Gion” e “O Conto dos Crisântemos Tardios”, de Misoguchi

Foi editada recentemente uma caixa com dois filmes de Kenji Misoguchi: “As Irmãs de Gion” e “O Conto dos Crisântemos Tardios”, respectivamente de 1936 e 1939. Antes, tinha saído uma outra caixa com dois outros filmes do mesmo realizador, “A Espada de Bijomaru” e “Cinco Mulheres em torno de Utumaro” todos eles distribuídos pela Prisvideo (apesar de estes virem sem extras, não posso deixar de me congratular pela existência do DVD). Relativamente aos dois primeiros, poderia destacar as questões de enquadramento, os travellings, as panorâmicas. Há ainda algumas coincidências, como o facto de os dois filmes terminarem com duas personagens vítimas de acidente ou de uma doença fatal. Muito haverá a dizer sobre a condição da ‘mulher misoguchiana’.

No entanto, o que me prendeu mais a atenção, sobretudo nestes dois filmes, foi o questionar das tradições. No primeiro caso, a mana Ukemichi, a gueixa contestatária insurge-se contra a submissão da mana Omocha. O filme termina com a sublime declaração: “Porque é que existem gueixas neste mundo? Têm mesmo de existir? Isso está errado. Está completamente errado. Eu queria… Eu queria que elas nunca tivessem existido!” Estamos em 1936, no Japão…

No outro filme, Kikunosuke o aprendiz de actor de kabuki, filho de um actor famoso, aproxima-se demais de Otoku, uma criada (ama do irmão). Pelo facto de ser sincera quanto ao talento do jovem patrão, mas, sobretudo, por ser vista com ele, sozinhos em casa, foi despedida: “Há rumores e isso é mau. Por isso estás despedida” diz-lhe a dona da casa. Contra a vontade do pai e arriscando a sua carreira, Kikunosuke vai viver com Otoku, sujeitando-se a inúmeras dificuldades. Feito em 1939, o filme retrata a sociedade japonesa do final do século XIX, em Tóquio.

Mizoguchi põe em questão os valores tradicionais, numa época conturbada, em vésperas de uma guerra em que o Japão sairia com muitas feridas. Quando me foquei nestas declarações, não pude deixar de reparar como esta mensagem não podia ser mais actual.
Porque é que as coisas têm que ser assim?! Há que ter cuidado com os rumores…

Mundo Cão


Os MUNDO CAO são um projecto rock (dito de forma abrangente e descomplexada sem a procura de rotulos tao em voga hoje em dia). A imagem e o reconhecimento dos musicos junto dos mais atentos observadores do mundo da musica portuguesa e ja um capital inalienavel. As cara conhecidas da sociedade juntam-se as caras reconhecidas por um publico fiel a... boa musica...
Pedro Laginha colaborara ja com os Mao Morta de Miguel Pedro, no clip de "Cao da Morte" e posteriormente em alguns temas do ultimo album dos mesmos ("Gumes" com Adolfo Luxuria Canibal, e coros em "Estilo" e "Vertigem"). Dessas, muito positivas, colaboracoes, sobressai a disposicao de se fazer "algo mais"...O esboço dos Mundo Cao nascia muito provavelmente por esta altura...

Mundo Cão é um projecto que reúne um conjunto de elementos bem conhecidos do panorama musical português e não só.
Pedro Laginha, mais conhecido como actor, é o vocalista da banda; Miguel Pedro é um dos membros fundadores dos Mão Morta e baterista dos Mundo Cão; Vasco Vaz, companheiro de Miguel nos Mão Morta e guitarrista; Budda foi guitarrista dos Big Fat Mamma e por fim o elemento menos conhecido, Duarte Nuno no baixo.
Mundo Cão é uma banda de Rock cantada em português, sem procurar qualquer tipo de rótulos.
Apreciem e desfrutem deixo-vos aqui o link para o videoclip http://br.youtube.com/watch?v=ajDUGUqq_Go
Quem quiser adquirir o albúm digam algo , já o tenho!!!!
Bom rock e em português!!!!

IMAGO FILM FESTIVAL- CLIX MICROMOVIES


Encontra-se online a competição de curtas metragens englobadas no festival imago film festival.
Passem pelo site e apreciem alguns novos valores do futuro cinema português.
tenho duas curtas experimentais a concurso Walking e Urbano.

Explosão de confusões


(Blow-Up)

Ontem, no Jornal da 2:, a evocação de Antonioni (creio que escrita e lida por Rui Lagartinho, mas a minha memória é traiçoeira) foi ilustrada por imagens de três filmes: enquanto falava sobre L'Avventura, lá se via a Monica Vitti; Jeanne Moreau e Marcello Mastroianni conversavam sob as palavras do locutor acerca de La Notte. Mas, ao dizer Blow-Up, o écran mostrou a explosão silenciosa do final de Zabriskie Point e, sobre este, nem uma palavra; à explosão seguiu-se um bocadinho da sequência da partida de ténis, essa sim, do Blow-Up. Fiquei sem saber se o locutor saberia que o que blows up na cena mostrada não é do filme com explosão no título. Mas fiquei com a certeza de que quem não conhecesse a obra de Antonioni e visse aquele "apontamento de reportagem" ficaria a pensar que a casa a explodir é de um filme chamado Blow-Up. E isso não está muito bem. Vão lá ver o finalzinho do filme, para acabar com as dúvidas (e limpar olhos e ouvidos, se bem que para tal terão de fingir que não está lá o "So Young" de Roy Orbison*).

*Ao que parece, terá sido a produtora que incluiu o tema, à revelia do realizador, já depois de Antonioni ter entregue o filme termindao: "I didn't know anything about that song," says [Harrison] Hall, "until I went to one of the first actual public showings of the film, at a theater in Westwood in Los Angeles. At the end of the movie, we had the explosion music, which I thought was quite effective. Then, all of a sudden, there was a freeze frame - I went 'What the Hell?' - and this droning sound [began coming out] of the speakers. I love Roy Orbison. But my God, it's a horrible song." (Daqui.)

(Zabriskie Point)

O Silêncio.

Quantas vezes e de quantas maneiras quis escrever sobre coisas que vi de Antonioni? Quantas vezes escrevi pedaços de coisas sobre sensações que vi sentir por Antonioni? Lembro-me, com certeza, de memória, de frases escritas, de dois textos-ideia diferentes e de mais uma carta/novela sobre uma ida ao cinema com uma amiga italiana em Lisboa – Profissão Repórter.

Textos que nunca acabei por tanto neles querer dizer e encontrar coisas que ilustrassem e sublinhassem o que os filmes e os escritos de Antonioni evocaram.

Lembro-me de, uma noite, em Milão, certa vez, ter-me dado a ver La Notte Gabriele Basilico, um homem de olhar imenso que guarda com fulgorosa serenidade a vida dos lugares que fotografa. Vimos o filme, embalados pela conversa à volta de Antonioni e saímos, na noite, à sua procura em dois edifícios de tijolo, estilo "liberty" numa zona no centro. Foi como poder dar a mão a um actor nos bastidores de um teatro no final de uma representação. A luz dessa noite fez aumentar o encanto do passeio e toda a Milão pareceu entrar nesse profundo silêncio que envolve os filmes de Antonioni, um silêncio que é também espaço suspenso, um silêncio que Antonioni iluminou descobrindo mil faces. O silêncio do momento de um eclipse (L'Eclisse), o silêncio contido de uma explosão (Zabriskie Point), o silêncio de um vulto escondido nos sais de prata de uma fotografia (Blow Up).

Mas o mais material dos silêncios, que fez construir a passagem para um lugar estranho, fora do filme e fora do espaço da sala de cinema foi o silêncio das vozes altas, crú e demorado, ensurdecedor, dos gritos dos estudantes numa assembleia para uma manifestação em Zabriskie Point e dos ecos dos gritos romanos dos correctores de bolsa, alternados com o som abafado do interior de uma cabine telefónica, em L'Eclisse. Foi esse o som que sempre me marcou nos seus filmes, o som do vazio dos movimentos frenéticos de uma coisa indistinta – de uma moltitudine de pessoas e barulho, transformadas em paisagem distante e silêncio.

(por que é que sinto tal buraco no meio do peito?)

«Nem Harriet Andersson, nem Liv Ullmann, nem Bibi Anderson, nem Erland Josephson - nem ninguém - vão voltar a receber telefonemas de duas horas. Há uma espécie de família que perdeu a sua espécie de patriarca.»
Luís Miguel Oliveira, Público, 31.07.2007





EIA!!! (melhor que o pretexto tivesse sido outro, mas...)

até já estamos no Público!!





e o seu a seu dono: FOI ESCRITO PELA ANA SOARES!

(dia 30)