Rui Simões, Portugal, 2014, 97', M/12
FICHA TÉCNICA
Realização
| Rui Simões
Direcção de Fotografia | Marta Pessoa
Som | Paulo Cerveira
Montagem | Márcia Costa
Direcção de Produção | Jacinta Barros
Produtores | Jacinta Barros E Rui Simões
Produção | Real Ficção
Direcção de Fotografia | Marta Pessoa
Som | Paulo Cerveira
Montagem | Márcia Costa
Direcção de Produção | Jacinta Barros
Produtores | Jacinta Barros E Rui Simões
Produção | Real Ficção
Origem
| Portugal
Ano
| 2014
Duração
| 97’
SINOPSE
Entre 1961 e 1974, 100.000 jovens portugueses
partiram para a guerra nas ex-colónias. No mesmo período, outros 100.000,
saíram de Portugal para não fazer essa mesma guerra.
Em relação aos que fizeram a guerra já muito
foi dito, escrito, filmado. Em relação aos outros, não existe nada, é uma
espécie de assunto tabu na nossa sociedade.
Que papel tiveram esses homens que “fugiram à
guerra” na construção do país que somos hoje? Que percursos fizeram? De que
forma resistiram?
Esta é a história que GUERRA OU PAZ pretende
contar: a dos jovens que se recusaram a participar numa guerra que não sentiam
como sua, sem pôr em questão o seu amor à Pátria. Se há a figura do Soldado
Desconhecido, este filme pretende retratar esse outro Homem Desconhecido que
recusou ser soldado.
TRAILER
CRÍTICA
Este era um filme que Rui Simões há muito
queria fazer. "Este é um assunto de que ninguém fala. Fala-se muitos dos
traumas de quem fez a guerra, e com razão, mas ninguém fala daqueles que não
quiseram fazer a guerra. Mas já era tempo de falar deles. E se algum cineasta o
pode fazer sou eu, porque eu sou testemunha viva da história."
Queria contar a história dos 100 mil jovens
desertores ou refractários. Os motivos porque decidiram fugir do país. Como o
fizeram. Como viveram no exílio - em Paris, Bruxelas, Frankfurt, noutras
cidades. Como voltaram. "A certa altura achei que devia dar a cara e
contar a minha história. Achei que me devia colocar em pé de igualdade com os
outros entrevistados. A minha história não é importante, não tem nada de
especial. Mas representa muitas histórias. Porque eu conheci em Paris e em
Bruxelas muitas pessoas iguais a mim."
Além da história de Rui Simões, que saiu de
Portugal em 1966 e regressou após o 25 de abril de 1974, o filme conta as
histórias do cartoonista Vasco (um dos primeiros a ir para Paris), do escritor
e professor universitário Manuel dos Santos Lima (que desertou do exército
português para criar o braço armado do MPLA), do historiador e arqueólogo
Cláudio Torres e a sua mulher Manuela (que deixaram Portugal num barco frágil,
numa aventura que quase dava um filme autónomo), do sociólogo João Freire (que
desertou da marinha), do músico Luís Cília (que continuou a sua carreira
musical em França), do jornalista António Setas (que cresceu dividido entre
Angola e Portugal), do escritor angolano Arlindo Barbeitos (para quem a guerra
era impossível: "Eu não queria lutar contra o meu próprio povo"), do
diretor do grupo de teatro Elinga, José Mena Abrantes. E ainda, à margem destas
todas, a história da jornalista Myriam Zaluar, que nasceu em França, onde os
pais estavam exilados, e que faz ponte para o presente e para as guerras que os
jovens têm de enfrentar nos dias de hoje.
Cada história é diferente. Há portugueses e
angolanos. Há refractários e desertores. Houve quem fizesse a guerra do outro
lado e quem nunca tenha pegado numa arma. Em todos a consciência de que esta era
"uma guerra injusta". Em todos uma consciência política. E também o
medo, de que não se fala, mas que existia, reconhece o realizador.
Rui Simões recorda como viu os amigos que
regressaram da guerra transformados. A falarem da morte. A mostrarem fotografias
com os seus troféus. "Eu não queria ficar assim. Eu não queria matar
ninguém. Claro que há medo. Medo não só das mazelas físicas mas medo de nos
transformarmos, de deixarmos de ser quem somos."
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